terça-feira, agosto 11, 2020

CDS: “Chicão” chamou os ‘sábios’, mas nunca os reuniu

Líder do CDS disposto a convocar reuniões para agosto. Mas também só se juntou duas vezes com deputados do partido. Francisco Rodrigues dos Santos anunciou, em meados de junho, um grupo para o CDS preparar um “programa de emergência social” de resposta à crise provocada pela pandemia, mas o líder centrista ainda não sentiu urgência para se reunir presencialmente com os oito ‘sábios’ onde se incluem figuras de referência do CDS como Luís Nobre Guedes, António Pires de Lima ou António Lobo Xavier. Apesar de ser período de férias, o Expresso sabe que o presidente do partido tenciona contactar os elementos do chamado Grupo para a Recuperação Económica e Social de Portugal (GRESP) para pôr o plano em andamento e começar as reuniões ainda em agosto. O calendário é apertado, até porque o PSD apresentará o seu plano estratégico em setembro, mas, como ironiza um membro do GRESP, “o país não está em estado de emergência...”

A agenda intensa do presidente do CDS no Norte — percorreu mais de 50 concelhos num mês — não lhe deu margem. Mas desde que anunciou a existência do grupo, Francisco Rodrigues dos Santos encontrou-se individualmente com os membros, a quem foram pedidos contributos para propostas do partido, sobretudo a Sandra Strecht na área da educação, a Paula Guimarães e Paula Morais no sector social ou a António Galvão Lucas em questões de segurança.
As reuniões com o grupo parlamentar, que é constituído em exclusivo por cinco elementos da oposição interna, também escassearam: “Chicão” só reu­niu uma vez com Cecília Meireles e outra com o líder parlamentar que lhe sucedeu, Telmo Correia, nas vésperas da apresentação do orçamento suplementar. Mesmo sem reuniões formais, que devem passar a mensais depois da rentreé, para o líder do CDS não há falta de articulação, diz uma fonte da direção, pois vai mantendo contacto com os deputados e respeita o papel “institucional” do presidente da bancada.
ENCOSTO A MARCELO E A RIO
Mesmo sob a ameaça de António Lobo Xavier, que disse que sairia do CDS se o partido não apoiasse Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Rodrigues dos Santos continuou a desafiar o Presidente: por exemplo, para dizer se representa o centro-esquerda ou ou centro-direita; ou, numa entrevista à “Visão”, avisar que “o apoio do CDS não está em saldos”. A estratégia de afrontar Marcelo nesta fase, explica ao Expresso uma fonte da direção, tem a ver não só com o facto de haver “núcleos internos que não defendem essa solução”, mas também para não parecer que o líder está a ceder à “chantagem” de Lobo Xavier.
André Ventura é que “Chicão” não apoiará, clarificou na mesma entrevista, onde fez questão de marcar a diferença para Rui Rio: as possibilidades atuais de uma aliança com o Chega são “nulas” e a estratégia é de criar uma parede à direita e manter Ventura a uma distância higiénica. Mas esta semana Pedro Borges de Lemos, um ultraconservador que tentou criar uma tendência interna, saltou o muro para o Chega, depois de ter estado na manifestação de Ventura no passado fim de semana. “O senhor Lemos não representava nada nem ninguém”, reagiu a direção (Expresso, texto do jornalista VÍTOR MATOS)

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