domingo, agosto 16, 2020

Sindicato alemão defende semana de quatro dias para evitar destruição de emprego

Um dos maiores sindicatos alemães, o IG Metall, prepara-se para apoiar o modelo da semana de quatro dias. Jörg Hofmann, líder do sindicato, admite que esta é uma forma de salvar empregos, numa altura em que os impactos económicos da pandemia colocam em risco inúmeras empresas. "A semana de quatro dias poderá ajudar a manter os empregos na indústria em vez de os destruir". É com este argumento que o líder do IG Metall, Jorg Hofmann, admite, numa entrevista publicada este sábado no Süddeutsche Zeitung e citada pela agência Reuters, apoiar a transição do país para um novo modelo de organização do trabalho, a semana de quatro dias. O líder daquele que é um dos maiores sindicatos alemão, agregando mais de dois milhões de profissionais das indústrias ligadas à metalurgia e eletricidade, admite que a redução da semana de trabalho permitiria manter o emprego, sobretudo em sectores onde ele está fortemente ameaçado, como o a indústria automóvel.

No segundo trimestre do ano, a pandemia provocou uma contração de 10,7% na economia alemã. Em termos homólogos a quebra é superior a 11,7%, numa altura em que as contas oficiais do país apontam para que mais de 300 mil empregos nos sectores da metalúrgia e eletricidade estejam ameaçadas como consequência da crise económica gerada pela pandemia. A acrescentar a este risco está também a mudança estrutural que tem vindo a acontecer na indústria automóvel. A aposta cada vez maior na produção de veículos elétricos deverá acrescentar a esta estatística um número considerável de desempregados.
Um cenário que leva Hofmann a referir a redução da semana de trabalho como uma solução para a manutenção destes empregos. Contudo, alerta, isso não deve conduzir a cortes proporcionais nos salários, já que dessa forma os trabalhadores não poderão trabalhar menos horas. É preciso, diz, encontrar soluções de consenso. Até porque as empresas, defende o sindicalista, têm vantagem em optar pela redução de horário em vez do lay-off, uma vez que, além de conseguirem reter um maior número de trabalhadores qualificados, reduzem custos redundantes.
Jörg Hofman destaca ainda a necessidade do Governo alemão prorrogar os apoios à redução de horário concedidos às empresas como forma de combate à pandemia. A redução de horário é uma forma de apoio que permite às empresas, em momentos de crise económica, colocar os trabalhadores em horário reduzido por um período máximo de 21 meses, para manter empregos e salários. Durante a pandemia, esse período foi alargado para 24 meses. O líder sindical reforça a importância de alargar este prazo. Há muito que a semana de quatro horas é um tema aliciante para os especialistas em gestão. Os argumentos a favor e contra dividem os especialistas no que aos impactos na economia e no emprego dizem respeito, também em Portugal. Mas é a primeira vez que o assunto é colocado em cima da mesa na era covid-19 (Expresso, texto da jornalista Catia Mateus)

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