As esperanças de uma recuperação em forma de V, como previsto no início da pandemia pelas principais agências internacionais, incluindo o FMI, foram dissipadas pela pandemia de covid-19. Agora, tudo aponta para uma crise que será longa e profunda – e algumas das maiores empresas do mundo já começam a fazer contas, avança o jornal espanhol ‘Expansión‘. Mais de 75% dos executivos de topo da lista “Fortune 500”, que inclui os maiores conglomerados empresariais do mundo, não acreditam que a actividade económica regresse aos níveis pré-pandemia até 2022, de acordo com as conclusões de um relatório da empresa de consultoria Oliver Wyman. As listas globais da Fortune incluem gigantes como o Walmart americano, com um volume de negócios de mais de 440.000 milhões de euros por ano; a Sinopec da China, State Grid e CNP, com receitas de 345.000, 325.000 e 322.000 milhões de euros, respectivamente; a Shell holandesa, com um volume de negócios de quase 300.000 milhões de euros, ou a Volkswagen da Alemanha, com cerca de 239.000 milhões.
Num contexto em que o pessimismo se espalha pelo mundo empresarial, Oliver Wyman adverte que o segundo semestre do ano será ainda mais volátil do que o primeiro, e que a maioria das empresas “continuarão a estar sujeitas a restrições significativas”.
Com a oferta e, sobretudo, a procura sob o “dominío” da pandemia – que de acordo com as previsões do Banco Mundial irá causar uma contracção de 5,2% do PIB mundial este ano – a receita principal das grandes empresas é “apertar cada vez mais o cinto” para tentarem resistir às suas investidas.
Gestão de custos
O relatório observa ainda que 90% das 50 maiores multinacionais empreenderam ou anunciaram cortes nas despesas desde o início da pandemia, numa tendência que ameaça tornar-se mais pronunciada. “É provável que durante o terceiro trimestre do ano mais empresas sigam o exemplo, à medida que as previsões da procura global se agravam”, estima Oliver Wyman.
Neste cenário de forte declínio da actividade económica, a gestão de custos tornou-se uma prioridade para a maioria dos CEO’s das grandes multinacionais, que foram empurrados para “uma realidade que implica cortes para que a sua empresa sobreviva”.
Contudo, o consultor adverte que, apesar da tentação de procurar refúgio num corte abrupto nas despesas, qualquer movimento nesta direcção deve ser bem planeado, porque “as empresas que ganham numa crise tendem a adoptar uma abordagem mais consciente e a concentrar-se na reestruturação da sua base de custos para que os lucros sejam sustentáveis”, explica.
De acordo com a análise de Oliver Wyman, enquanto mais de 81% dos inquiridos disseram que a sua empresa tinha uma abordagem clara e bem planeada do seu programa de cálculo de custos, apenas 35% consideraram-na bem sucedida.
A “prescrição” da empresa de consultoria norte-americana para abordar eficazmente o assunto inclui a atribuição dos recursos e ferramentas necessários para o fazer; fornecer informação consistente e transparente sobre programas de custos; alinhar os incentivos individuais com os objectivos globais da empresa; e envolver todos os níveis da empresa no objectivo de redução de custos. Um processo que, segundo a firma, tem de ser empreendido agora, antes que a situação se agrave (Executive Digest texto da jornalista Mara Tribuna)
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