Mais de 70% dos
jovens estudantes ou trabalhadores-estudantes foram afetados negativamente pela
pandemia, alertou hoje a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que
aponta o “efeito devastador” da pandemia na educação, formação e trabalho da
juventude. Num inquérito
sobre os impactos do novo coronavírus sobre o emprego, educação, direitos e
saúde mental, a agência das Nações Unidas assinala que 65% de mais de 12.605
jovens entre os 18 e os 34 anos inquiridos online relataram ter aprendido menos
com o fim das aulas presenciais. No inquérito,
conduzido entre 21 de abril e 21 de maio, metade responderam ainda que ter
aulas à distância iria atrasar os seus estudos e nove por cento afirmaram
recear uma reprovação. Um em cada seis
estudantes trabalhadores ficaram sem emprego durante o confinamento imposto
pela covid-19 e 38% afirmam sentir incerteza sobre o seu futuro, uma vez que
muitos trabalham em setores especialmente afetados, como serviços ou vendas. Dos que não
perderam o emprego, 42% tiveram cortes no vencimento, assinala a OIT, que
afirma que a crise pós-covid-19 vai “criar mais obstáculos no mercado laboral e
aumentar o período de transição da escola para o emprego”.
Tudo isto tem
impacto na saúde mental e no estudo: Estima-se que é possível que 50% dos
inquiridos estejam sujeitos a depressão ou ansiedade e que é provável que 17%
estejam mesmo afetados. O impacto da
pandemia na educação dos jovens é superior nos países de rendimentos mais
baixos por causa de terem menos acesso à Internet, menos computadores e casas
mais pequenas. Enquanto 65% dos
jovens em países com rendimentos mais altos tiveram acesso a aulas por vídeo,
isso aconteceu com apenas 18% dos inquiridos que vivem em países mais pobres.
O director-geral
da OIT, Guy Ryder, afirmou que a pandemia está causar “vários choques” na vida
dos jovens: “não só destrói empregos e perspetivas de emprego como perturba a
educação e formação e tem impactos sérios no bem-estar mental”.
“Não podemos
deixar que isto aconteça”, defendeu, na véspera do Dia Mundial da Juventude,
que se assinala na quarta-feira. A OIT advoga a
reintegração no mercado laboral dos jovens que perderam o seu trabalho ou que
estão em regime de ‘lay-off’ e perderam rendimento, bem como apoio psicológico
e acesso a benefícios sociais.
Durante a
pandemia, um quarto dos jovens inquiridos foi fazer voluntariado, demonstrando
“a sua energia para se mobilizarem e fazerem ouvir a sua voz na luta contra a
crise”, salienta a OIT.
Exigem-se
“resposta políticas urgentes e em grande escala para proteger uma geração
inteira de jovens cujas perspetivas de emprego podem ficar permanentemente
afetadas pela crise”.
A pandemia de
covid-19 já provocou mais de 736 mil mortos e infetou mais de 20,1 milhões de
pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência
francesa AFP. Em Portugal,
morreram 1.761 pessoas das 52.945 confirmadas como infetadas, de acordo com o
boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde. A doença é
transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan,
uma cidade do centro da China. Depois de a Europa
ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente
americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes (ED)
Sem comentários:
Enviar um comentário