quinta-feira, agosto 13, 2020

Nota: o problema é de falta de votos não de coligações (I)

Já uma vez escrevi e repito: o problema do PSD e do CDS na RAM - e basta que olhem para os números oficiais - não tem nada a ver com coligações ou outros malabarismos, mas sim com a falta de votos. E se em vez de recuperarem esses votos perdidos, as desilusões causadas ao longo dos anos junto dos eleitores, a falta de percepção para as mudanças que paulatinamente se vão fazendo no universo de eleitores, com uma crescente nova forma de estar e de pensar na sociedade e perante os problemas e as propostas partidárias, então não serão as coligações, tenha o "truque" eleitoral a dimensão que tiver, que vão disfarçar a realidade e compensar as perdas.
Acresce que tenho receio, muito receio mesmo, que a irresponsabilidade do PSD-M e do CDSM alimente projectos mais radicais, particularmente à direita, que os eleitores dos dois partidos, sobretudo do PSD-M, se revoltem, se distanciem e optem pelo envolvimento em projectos eleitorais de cidadania - candidaturas de cidadãos - tal como aconteceu em 2017, criando problemas acrescidos aos partidos tradicionais, sejam eles da esquerda ou da direita.
Finalmente temo que muitos autarcas do PSD-M - o único autarca do CDS na RAM já se manifestou contra coligações tal como a vereadora do CDS da Ponta do Sol, que duvido que alguma vez ganhe seja o que for, em termos eleitorais, também já se posicionou contra coligações com o PSD-M.
Neste quadro, não entendo o que vai o PSD-M negociar em vez de definir prioridades pré-eleitorais nos concelhos mais importantes e onde dificilmente terão sucesso separados, o que não garante que o tenham se concorrerem juntos - casos do Funchal, Machico, Santra Cruz (Porto Moniz o CDS não tem expressão eleitoral alguma) - deixando cada um concorrendo nos demais concelhos para mostrar  o que cada um dos partidos vale e do que é capaz? Negociar mais uma vez sob pressão? Mais uma vez cedendo tudo a ambições pessoais de poder e aos interesses de uma casta elitista sedenta de poder? Não façam isso. Pagarão muito caro. A crise vem a caminho, as dificuldades estão já na nossa rota. Não brinquem com coisas sérias, não brinquem com as pessoas.
A esquerda sabe o que se passa e está sedenta de uma crise numa coligação que nao pode fazer figuras tristes de misturar o poder regional com a realidade autárquica, comportando-se como se fossem os donos da liberdade de pessoas, de decisões, de vontades, de consciências livres de cada cidadão. Desculpem mas se assim for, então a coligação não merece estar no poder por que não tem classe, nem sabedoria para garantir aos madeirenses que as prioridades são enormes e nada tem a ver com jogos partidários idiotas nos bastidores das mediocridade, tudo por causa de uma pretensa partilha de poder e, mais do que isso, para esconder fragilidades eleitorais indisfarçáveis e crescentes. E se uma coligação não tem classe nem sabe estar no poder e assumir as suas responsabilidades, sem provocar crises patéticas nestes tempos de incerteza e de sacrifícios inevitavelmente a caminho,  então essa coligação - criada num determinado contexto e para uma determinada finalidade - tem que ser apeada porque não sabe estar nem merece estar no poder.
Repito: que o PSD-M e o CDS-M façam coligações nos concelhos onde são oposição - e mesmo assim duvido da eficácia delas - e deixem nos demais concelhos as estruturas partidárias locais fazerem separadamente o seu trabalho. Vão impor coligações que não são desejadas? Então, se assim for, é chegado o tempo para que os militantes, até os mais fundamentalistas, deixarem PSD-M e CDS-M a falar sozinhos e apadrinharem o nascimento de projectos eleitorais de cidadãos, que sejam sérios e sejam apoiados pelas pessoas, como aconteceu na Ribeira Brava - São Vicente foi diferente quando se procuram causas e explicações para essas cisões (LFM)

Sem comentários: