O trabalho do
responsável de campanha do PSD em 2011 e 2015, o brasileiro André Gustavo, está
a ser investigado por eventuais pagamentos da parte da Odebrecht e associados à
barragem de Baixo Sabor, em Bragança. O Ministério
Público está a investigar o modo de financiamento da campanha eleitoral às
legislativas de 2015 do PSD, liderado à altura por Pedro Passos Coelho, noticia
a Sábado. A investigação decorre já desde 2017, mas foi esta semana anexada ao
caso EDP. O Departamento
Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) recebeu documentação vinda das
entidades brasileiras que apontam para pagamentos da construtora Odebrecht,
envolvida no processo Lava Jato, ao principal responsável publicitário da
campanha, o brasileiro André Gustavo. O publicitário, que geriu a comunicação
das campanhas social-democratas de 2011 e 2015, acabou por ser detido em 2017
por suspeitas de intermediação dos subornos da construtora a, por exemplo,
Aldemir Bendine, o antigo presidente do Banco do Brasil e da Petrobras. Nesse mesmo ano, o
DCIAP pediu a colaboração das autoridades brasileiras, que haviam apreendido
nos escritórios da construtora brasileira uma folha de cálculo com o registo
dos vários subornos pagos em dinheiro na sede da empresa. No documento, um dos
nomes de código, “Príncipe” (cuja identidade permanece desconhecida), tinha
associado uma anotação referente à barragem de Baixo Sabor, no distrito de
Bragança.
Fernando
Migliaccio, o antigo responsável pelo departamento de subornos da Odebrecht,
confirmou as entregas referentes ao projeto no norte de Portugal e identificou
André Gustavo como a pessoa que “visitou a sede da Odebrecht em São Paulo
especificamente para cobrar o pagamento dos valores relativos” às obras em
território português, cita a Sábado. Analisando depois
a contabilidade da empresa publicitária de André Gustavo, os investigadores
brasileiros concluíram ser possível “identificar que os pagamentos faturados
‘por dentro’ pela Arcos Propaganda [a empresa de Gustavo] para o PSD e para a
coligação Portugal à Frente totalizaram 868 mil euros e foram feitos no mesmo
período e em valores muito semelhantes aos repasses em espécie feitos ‘por
fora’” pela Odebrecht.
Assim, e
ressalvando a natureza “indiciária” das provas, o Ministério Público brasileiro
comunicou ao DCIAP a possibilidade dos pagamentos descritos como referentes à
obra da barragem de Baixo Sabor fossem, na realidade, para o financiamento da
campanha de Pedro Passos Coelho e do PSD de 2015. André Gustavo, no entanto,
garante a legalidade dos serviços prestados em Portugal (Jornal Económico,texto do jornalista João Barros)
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