sábado, agosto 15, 2020

MP investiga possível financiamento de campanha de Passos Coelho em 2015 pela Odebrecht


O trabalho do responsável de campanha do PSD em 2011 e 2015, o brasileiro André Gustavo, está a ser investigado por eventuais pagamentos da parte da Odebrecht e associados à barragem de Baixo Sabor, em Bragança. O Ministério Público está a investigar o modo de financiamento da campanha eleitoral às legislativas de 2015 do PSD, liderado à altura por Pedro Passos Coelho, noticia a Sábado. A investigação decorre já desde 2017, mas foi esta semana anexada ao caso EDP. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) recebeu documentação vinda das entidades brasileiras que apontam para pagamentos da construtora Odebrecht, envolvida no processo Lava Jato, ao principal responsável publicitário da campanha, o brasileiro André Gustavo. O publicitário, que geriu a comunicação das campanhas social-democratas de 2011 e 2015, acabou por ser detido em 2017 por suspeitas de intermediação dos subornos da construtora a, por exemplo, Aldemir Bendine, o antigo presidente do Banco do Brasil e da Petrobras. Nesse mesmo ano, o DCIAP pediu a colaboração das autoridades brasileiras, que haviam apreendido nos escritórios da construtora brasileira uma folha de cálculo com o registo dos vários subornos pagos em dinheiro na sede da empresa. No documento, um dos nomes de código, “Príncipe” (cuja identidade permanece desconhecida), tinha associado uma anotação referente à barragem de Baixo Sabor, no distrito de Bragança.

Fernando Migliaccio, o antigo responsável pelo departamento de subornos da Odebrecht, confirmou as entregas referentes ao projeto no norte de Portugal e identificou André Gustavo como a pessoa que “visitou a sede da Odebrecht em São Paulo especificamente para cobrar o pagamento dos valores relativos” às obras em território português, cita a Sábado. Analisando depois a contabilidade da empresa publicitária de André Gustavo, os investigadores brasileiros concluíram ser possível “identificar que os pagamentos faturados ‘por dentro’ pela Arcos Propaganda [a empresa de Gustavo] para o PSD e para a coligação Portugal à Frente totalizaram 868 mil euros e foram feitos no mesmo período e em valores muito semelhantes aos repasses em espécie feitos ‘por fora’” pela Odebrecht.
Assim, e ressalvando a natureza “indiciária” das provas, o Ministério Público brasileiro comunicou ao DCIAP a possibilidade dos pagamentos descritos como referentes à obra da barragem de Baixo Sabor fossem, na realidade, para o financiamento da campanha de Pedro Passos Coelho e do PSD de 2015. André Gustavo, no entanto, garante a legalidade dos serviços prestados em Portugal (Jornal Económico,texto do jornalista João Barros)

Sem comentários: