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quinta-feira, dezembro 19, 2013

Reportagem SIC: "Tráfico de Pessoas - Os Novos Escravos"



Um trabalho de investigação que revela uma realidade difícil de imaginar. O Tráfico de Pessoas é uma grave violação dos Direitos Humanos. Um crime que movimenta milhões e ao qual nenhum país está imune. As pessoas são mercadoria, compradas e vendidas. Uma promessa de trabalho trouxe Flávia para Portugal. Veio do Brasil, com um filho pequeno e confiança na oferta de uma amiga. Mas a realidade era outra. Em Lisboa, foi obrigada a prostituir-se, dia e noite, clientes sem fim. Maria é portuguesa, mas nem a capital conhece. Esteve nove anos trancada, forçada a trabalhar no campo, entre Portugal e Espanha, sem receber nada além de maus-tratos. Christina foi vendida pela mãe quando tinha 11 anos. A infância gasta nas ruas da Roménia. Aos 13 anos, o explorador vendeu-a para Itália. No Brasil, em Goiânia, uma operação policial varre o bairro dos motéis, conhecido local de angariação de vítimas. O Tráfico de Seres Humanos é o último abismo do crime organizado. Os números apontam para 27 milhões de vítimas no mundo. O comércio de pessoas rende cerca de 23 mil milhões de euros - a seguir às drogas e às armas, é o maior negócio ilícito. Filmado em Portugal, no Brasil e na Roménia, este documentário mergulha na problemática do tráfico de pessoas. Um crime global, ao qual Portugal não escapa ileso. “Os Novos Escravos” é um trabalho realizado pela SIC, com o apoio da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
Jornalista: Ana Sofia Fonseca
Repórter de imagem: Paulo Cepa (veja aqui o vídeo com este programa)

terça-feira, novembro 20, 2012

SIC: Maria Calado, uma militar em Cabul

Há 20 anos os quartéis eram uma instituição masculina. Hoje as mulheres já participam em missões no estrangeiroSou pequenina e quando entrei para a Escola Pratica de Artilharia, em Vendas Novas, ainda não havia muitos números para mulheres, os tamanhos eram todos enormes, fiquei 3 dias à espera do 35 de botas. Aos meus 10, 12 anos, as pessoas perguntavam-me: então o que vais ser quando fores grande? Eu vou ser tropa! Vivo em Constância que é uma vila poema e que tem a junção de dois rios, o Zêzere e o Tejo , e que me matam as saudades do mar porque eu sou de Setúbal. Mas aquela vila dá-me a qualidade de vida que eu quis para o meu filho. O Rafael tem 7 anos e é uma criança divina, extrovertido, meiguinho, doce e tem vivido esta experiência da mãe fora durante 6 meses de uma forma que muitos adultos não vivem. Cheguei a Cabul a 11 de Abril deste ano, a um quartel que não tinha o aspecto dos quartéis que eu conhecia. Aqui são contentores, rodeados de muros, não se vê o exterior , só as montanhas e dá a sensação de que estamos dentro de uma cratera. A certas alturas senti algum medo, nunca sabemos o que pode acontecer, a história do Afeganistão dá-nos um bocadinho mais de receio. Sou 1º sargento, faço o controle do dinheiro, confirmo os pagamentos, sou a tesoureira do 4º Contingente português na ISAF, a Missão da NATO de manutenção de paz no Afeganistão.  Há 20 anos não era assim, mas acho importante que as mulheres participem tal como os homens. Porque é que esta seria uma oportunidade só dada aos homens? Os militares têm esse desejo de ir ver como é lá fora e eu também queria. Para muitos também há a motivação monetária, uma lufada de ar fresco em momentos difíceis.  Todos os dias falo com o meu filho pelo skipe porque é muito difícil estar longe dele, as saudades são imensas. Eu quero saber como vai a escola dele, ele conta os dias para eu voltar. Mal vi Cabul, tive pena de não conseguir conversar com uma mulher afegã, perceber como é que é viver sob uma burqa. Fiz amigos para a vida, a Carolina, enfermeira, com quem partilhei quarto nestes últimos seis meses. A nível profissional esta missão é a realização de um sonho que eu tinha há muito tempo. Agora estamos todos ansiosos, vamos regressar, é o aproximar de casa, o bater do coração, os suores frios. Vou sentir de novo o cheiro do meu filho, é inexplicável" (SIC)
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terça-feira, outubro 16, 2012

Reportagem SIC: Momentos de Mudança - "Duarte - Nascimento"

"Uma das maiores mudanças que pode acontecer na vida de alguém: o nascimento de um filho. O primeiro episódio da série documental procura perceber por que nascem em Portugal cada vez menos crianças e cada vez mais tarde. Passaram 16 horas desde o momento em que os meus pais entraram no hospital. São 23h36 e o meu choro avisa que já nasci. Num instante, a vida deles começa a mudar para sempre. Muito mais do que Andreia e Nelson, para mim, hoje nasceram também como mãe e pai. Eles são um jovem casal de cerca de 30 anos a viverem na zona de Lisboa. E refletem as mudanças que aconteceram no nosso país no campo da natalidade. Em primeiro lugar foram pais bem mais tarde do que acontecia há 20 anos. “Porquê só agora?! Foi quando deu”, perguntam e respondem com um sorriso.
CADA VEZ MENOS… CADA VEZ MAIS TARDE
A verdade é que entre 1992 e 2012 a natalidade foi um dos indicadores sociais que mais se alterou. Decresceu de 11,5‰ em 1992 para 9,5‰ em 2010. Nos últimos 20 anos o número de nascimentos não parou de diminuir – à exceção do ano 2000 onde se regista um pico de 11,7‰ (segundo dados da PORDATA). Os portugueses têm filhos cada vez mais tarde. Em 1992 uma mulher tinha o primeiro filho aos 25 anos (em média).
20 anos depois a maternidade é adiada para lá dos 29 anos. A minha mãe teve o primeiro filho – eu mesmo, um bocadinho mais tarde, aos 33 anos. O prolongamento dos estudos, a entrada tardia no mercado de trabalho e consequente adiamento de uma estabilidade financeira estão entre as causas apontadas para o adiamento da parentalidade. Entre estes, o motivo económico é muitas vezes apontado como uma das principais razões para a diminuição do número de nascimentos. Mas os meus pais dizem que não foi por isso que só agora nasci.,Garantem até que estão a ser pais na altura certa. E que esta foi uma forma de contrariarem o momento que o país vive. Bem diferente da estabilidade dos anos 90. A minha mãe é arquiteta a recibos verdes e não tem um emprego estável. O meu pai é programador informático com contrato há cerca de 8 anos. Representam centenas de jovens casais em que pelo menos um dos membros vive na precariedade laboral.
Com a redução dos apoios à natalidade e com a depressão económica sempre a pairar, a pergunta impõe-se: Será Portugal um bom país para se nascer?A verdade é que ainda agora cheguei e já herdei uma dívida de quase 19 mil euros! Isto é, a dívida direta do Estado português per capita é cinco vezes maior do que há 20 anos. Vivem-se tempos bem diferentes daqueles vividos pelos meus pais e sobretudo pelos meus avós. Ainda assim eles decidiram atirar para trás "a insegurança do «como vai ser?», do ficar à espera das «condições ideais» que tarde ou nunca chegariam”. Se ficassem à espera dessas “condições ideais”, dizem, se calhar eu nunca teria nascido. Ah! Chamo-me Duarte!
Jornalistas: Cândida Pinto e João Nuno Assunção
Diretor de Fotografia: Jorge Pelicano
Edição de imagem: Marco Carrasqueira
Produção:João Nuno Assunção e Jorge Pelicano
Assistente de Produção: Inês Rueff
Grafismo: Alexandre Ferrada
Colorista: José Dias
Pós-produção áudio: Edgar Keats
Coordenação: Cândida Pinto
Diretor de Informação: Alcides Vieira"(SIC)
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Reportagem SIC: Momentos de Mudança - "Vítor e o fecho da fábrica"

Como é que o tecido empresarial enfrenta uma depressão económica inimaginável há 20 anos, em 1992? Olha para o relógio mais do que uma vez mas parece esquecer-se das horas. O nervosismo fá-lo andar para frente e para trás antes de enfrentar as funcionárias. Vai tomar uma das decisões mais difíceis da vida dele. Há mais de um ano que a pequena confeção de Vítor Rita vivia no fio da navalha. Mas o tempo da instabilidade começara muito antes. Na altura em que as encomendas começaram a decrescer ao mesmo ritmo em que diminuía a capacidade de competir com os gigantes do têxtil mundial. A globalização e em particular a entrada da China no mercado europeu quase ‘ridicularizou’ os preços praticados pelos pequenos produtores. Como Vítor. A crise económica foi a estocada final na microempresa de 10 funcionários. “O que nós facturávamos já não era suficiente para as despesas que íamos tendo no dia-a-dia”, conta Vítor Rita.
Chegou quarta-feira, 7 de Março de 2012. O dia mais difícil. A decisão está tomada há 15 dias. Vítor vai ser obrigado a fechar a fábrica que o pai ergueu. O encerramento vai deixar no desemprego dez pessoas. Nove funcionárias e ele próprio, o patrão.“Vítor - Fecho da fábrica” mostra um encerramento por dentro e reflete o cenário económico português. Estendido há mais de 20 anos sobre uma frágil rede de PME’s e esticado até aos limites tem sido o primeiro a ceder ao peso da crise“O que é que a minha história diz? É o espelho do país aquilo que está a acontecer”, conclui Vítor. Sem trabalho e com uma família a cargo “Momentos de Mudança” acompanha o desenrolar da história de Vítor com um final surpreendente.
Jornalistas: Cândida Pinto. João Nuno Assunção
Imagem: Jorge Pelicano
Edição de imagem: Marco Carrasqueira
Produção:João Nuno Assunção e Jorge Pelicano
Assistente de Produção: Inês Rueff
Grafismo: Alexandre Ferrada
Colorista: José Dias
Pós-produção áudio: Edgar Keats
Coordenação: Cândida Pinto
Diretor de Informação: Alcides Vieira" (SIC)
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terça-feira, fevereiro 01, 2011

Reportagem SIC: Ao Sol da Meia-Noite

"Chegámos a Havoysund - muito perto do Cabo Norte, na Noruega - numa noite de chuva forte. Era Dezembro e a viagem de barco fez-se a partir de Tromso, a mais de três horas de estrada. Para chegar à ilha, o melhor é usar-se a embarcação que percorre a costa norueguesa, pelos fiordes do Atlântico Norte.Não sei como distinguir noite e dia num local onde não existe sol. O mês de Natal exibe melhor as casas da vila, porque é prática comum a decoração de janelas, com luzes e velas acesas. Uma noite bem dormida antecipou uma manhã escura e com os caminhos e casas já cobertos de neve. Em Havoysund vivem 14 portugueses. Rapidamente a família Cardoso acolheu a SIC e abriu as portas de casa para mostrar como se vive num país que não deixa ver o sol durante vários meses. Os pais Cardoso já são avós, mas não quer dizer que sejam velhos. Há poucos anos, arriscaram a ida para um país diferente, com uma cultura distinta da portuguesa, com um modo de vida ao contrário daquele que levavam em Massamá. Trocaram as longas filas matinais pela vila que alberga pouco mais de 1000 habitantes. Gonçalo, o mais novo de dois irmãos, vai para a escola de trenó, quado é Inverno; de bicicleta, quando é Verão. O Verão é também diferente do que conhecemos em Portugal. Não há praia, em Havoysund, mas antes temperaturas que poucas vezes ultrapassam os 10º centígrados. O sol demora-se no céu 24, sobre 24 horas. Subir ao topo da vila e ficar com o Ártico à frente, com um astro a brilhar mesmo quando é meia-noite é um momento único. Os Cardoso deitam-se quando o sol vai alto, porque o relógio indica que já é noite. E os ponteiros contam quando o dia seguinte manda ir trabalhar. Pai e mãe, mas também o filho mais velho, trabalham nas duas fábricas de peixe que sustentam a economia da localidade. Dali saem toneladas, para todos os sítios do mundo. O bacalhau da Noruega passa muitas vezes pelas mãos dos portugueses, antes de cruzar a Europa e assentar numa loja em território nacional. Como viver num local onde o frio é praticamente eterno? Como saber se é noite, quando o sol brilha no céu? Como passar o dia com a escuridão à janela? A Grande Reportagem "Ao Sol da Meia-Noite" ajuda a responder a esta e a tantas perguntas, próprias de quem não imagina que há outra vida muito acima do Equador.
Jornalista: Graça Costa Pereira
Imagem: Rui do Ó
Edição: João Ricardo Santos
"(SIC)
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segunda-feira, outubro 25, 2010

SIC: uma excelente Grande Reportagem ("A Explicação da Infância")

"A Explicação da Infância" mostra-lhe o mundo pelos olhos de quatro crianças.Maria Inês Macedo, Jaime Pereira, Laura Raposo e José Pedro Costa têm entre 6 e 8 anos e conduzem os repórteres da SIC pelo quotidiano da infância. Falam das dúvidas e das certezas, dos altos e baixos da vida, de Deus, da morte, do amor, de birras, de fadas, de dinheiro, de sonhos e pesadelos. A Grande Reportagem SIC é uma visita guiada à infância e foi emitida domingo, logo após o Jornal da Noite.Um trabalho da jornalista Miriam Alves com imagem de Vitor Quental.
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segunda-feira, julho 13, 2009

SIC: "Procuro a minha mãe"

No passado fim-de-semana a SIC emitiu, no programa "Perdidos e Achados" mais uma história envolvendo a Madeira: "Aos nove anos, Cláudia Maceira descobriu que era adoptada. Foram os amigos da escola primária que levantaram as dúvidas que a mãe adoptiva nunca quis esclarecer. Quando atingiu a maioridade, Cláudia começou à procura das suas raízes. Há dois meses viu a reportagem do Perdidos e Achados sobre a história de Adriana, uma bebé madeirense desaparecida há 30 anos, e acreditou que poderia ser a chave do mistério.Ainda criança, Cláudia começou a fazer perguntas. Queria saber quem era a mãe biológica, se tinha irmãos, se tinha família. Maria de Lurdes, a mãe adoptiva, disse-lhe apenas que tinha três semanas quando lhe foi entregue pela madrinha, uma enfermeira, com quem nunca mais teve contacto. Foi com estas dúvidas que Cláudia cresceu. Fez-se mulher, casou e teve três filhos. Vive no Algarve, em Albufeira, e é cozinheira no Zoomarine. Mas as mazelas da infância ficaram sempre. Há dois meses, o "Perdidos e Achados" recuperou o caso de Adriana, uma bebé desaparecida. Tinha sido transferida do Funchal para o Hospital de Santa Marta, em Lisboa, e teria morrido no bloco operatório. Os pais, que não tinham sido autorizados a acompanhar a filha, descobriram, 20 anos depois, que não existia nenhuma certidão de óbito e que a bebé nem sequer tinha sido enterrada. Cláudia viu o programa e decidiu pedir ajuda…desta vez à SIC. Acreditou que podia ser ela a bebé desaparecida. A mãe adoptiva continuava a remeter-se ao silêncio e só havia uma hipótese para se dissipar as dúvidas: recorrer ao teste de ADN, um exame de investigação biológica que permite certezas quanto à paternidade. Cláudia dirigiu-se ao Instituto de Medicina Legal de Faro; Maria Gorete, mãe da bebé desaparecida, fez a análise no Funchal. O Perdidos e Achados desta semana mostra se Cláudia era mesmo a resposta para o misterioso desaparecimento de Adriana. A ficha técnica deste programa é a seguinte:
Jornalista: Ana Paula Félix
Imagem: Vítor Caldas
Edição: João Nunes
Produção: Eduarda Batalheiro; Diana Matias
Coordenação: Sofia Pinto Coelho
Direcção: Alcides Vieira
". A reportagem emitida sábado passado - "desde os 9 anos que Cláudia Maceira tenta saber quem é a mãe biológica" - pode ser vista aqui.
A questão é que esta reportagem surgiu na sequência de uma outra, intitulada "Sem Rasto", emitida também na SIC e na mesma rubrica, em Maio passado - "
Maria Gorete nunca chegou a saber o que aconteceu à filha, Adriana" - e que pode ser vista
aqui. A história desta segunda reportagem da SIC é a seguinte: "Adriana Silva tinha dois meses quando foi transferida do Funchal para Lisboa por causa de um problema cardíaco. Viajou só com uma enfermeira, mas o hospital nunca enviou informações à família. Durante 20 anos, os pais pensaram que a filha tinha morrido até que descobriram que não havia certidão de óbito. Pediram ajuda ao programa "Casos de Polícia" que há dez anos investigou o caso.Adriana nasceu no Funchal a 15 de Janeiro de 1977. Dois meses depois foi então transferida para o Hospital de Santa Marta, em Lisboa, para uma operação ao coração. Acompanhar a criança era impossível para um casal que na altura vivia com 20 euros por mês. Quase seis meses depois, uma carta informa que Adriana não tinha sobrevivido à operação. Mas o corpo nunca chegou à Madeira e não houve mais notícias do hospital. A família conformou-se com a morte de Adriana e foi esta a verdade que a mãe aceitou até 1998. Na altura, Maria Gorete teve de ir à Conservatória do Registo Civil de Câmara de Lobos buscar um documento para um filho. Foi então informada que não havia nenhum óbito registado em nome de Adriana. Há dez anos, a SIC procurou descobrir o que afinal tinha acontecido à criança: troca de identidade? Rapto? Morte? Interesse científico? Foi nesta incerteza que terminou a reportagem de 1999. O Perdidos e Achados desta semana retoma as pontas deste mistério".

quinta-feira, julho 02, 2009

SIC recordou a tragédia do Arieiro

À espera de justiça. Assim se chemou a reportragem da SIC incluída no espaço "perdidos e Achados" que há dias recordou o percurso entre a Fajã da Nogueira e o Pico do Areeiro que viria a ser fatal para três jovens: "Em Outubro de 1997, 67 jovens de vários pontos da Madeira tentaram a sorte num concurso público para candidatos a guardas florestais. O objectivo era percorrer mais de oito quilómetros entre a Fajã da Nogueira e o Pico do Areeiro, no mínimo tempo possível, para garantir lugar nas 16 vagas existentes. O mau tempo e a falta de condições existentes acabaram por dar um desfecho inesperado a este dia. O resultado foram três mortos e 21 feridos. Foi Gonçalo Pereira que terá pedido que levassem roupa leve, calções e t-shirt porque o trajecto ia ser longo. O Sr. Gonçalo, como todos o tratam, era o responsável pelo percurso e pela prova. O braço direito de Rocha da Silva, director Regional de Florestas. Encontraram-se perto das 8 da manhã no Funchal para cerca das 10h00 darem o início ao percurso. Foi dada a partida e os jovens começaram a prova com alguns chuviscos. Logo no início começaram a perder-se. Com o passar do tempo, as condições meteorológicas agravaram-se. Os candidatos, quase todos de calções e t-shirt, começaram a sentir frio, cansaço e fome. A sinalização do percurso revelou-se deficiente e difícil de detectar no meio do nevoeiro. A agravar o cenário havia apenas três guardas para todo o percurso, sem equipamento de contacto para uma eventualidade. O Pico do Areeiro, o final da prova, era o único local com acesso automóvel. Nesse local estava, desde as 13h00, uma única ambulância preparada para tratar eventuais ferimentos ligeiros. Na corrida contra o tempo estavam Miguel e o melhor amigo, Miguel Ivo. Os dois do Garajau, os dois com pouco mais de 18 anos, ambos tentavam a sorte em nome de um futuro melhor e de empregos estáveis. Mas Miguel começou perceber cedo que o dia podia não correr bem. Duas horas após o início da partida começou a sentir os primeiros sinais de hipotermia. O tempo tinha agravado, entretanto, e a chuva, como contou, parecia alfinetes. Não se via mais de 1 metro e meio. Miguel acabou por dizer ao melhor amigo que precisava de parar para descansar e pediu-lhe que continuasse para não esfriar. Foi a últimas vez que se viram. O alerta às autoridades só aconteceu depois das 17h30, depois da confirmação da primeira morte dada pelo hospital do Funchal. Os meios foram accionados pela Protecção Civil. Gonçalo Pereira, o coordenador do concurso, nunca pediu ajuda e garantiu que tudo estava controlado quando questionado, por telefone, pelo Director Regional de Florestas, que se encontrava num casamento no Funchal. Gonçalo Pereira foi condenado a um ano e meio de prisão com pena suspensa. O director regional das Florestas, Rocha da Silva, foi sujeito a uma multa de três mil euros e mantém-se no mesmo cargo. Doze anos depois da subida ao Pico do Areeiro, o Perdidos e Achados regressou à Madeira e foi refazer o percurso. Ouvimos sobreviventes, socorristas, a protecção civil. Ouvimos as memórias daquele dia fatídico e foram-nos recusados os pedidos de entrevistas aos responsáveis da prova. A verdade é que passados estes 12 anos há ainda quem não tenha desistido de pedir que seja feita Justiça".
Jornalista: Bárbara Alves da Costa
Imagem: Vítor Quental
Montagem: João Nunes
Produção: Eduarda Batalheiro; Diana Matias
Coordenação: Sofia Pinto Coelho
Direcção: Alcides Vieira
Veja a reportagem da SIC, aqui