Rui Rio foi o líder partidário que recuperou mais terreno, este mês, no barómetro da Aximage.A intenção de voto para as legislativas e a avaliação dos líderes partidários. PS resiste (37,6%) à queda abrupta de António Costa na avaliação dos portugueses. PSD regista pequena recuperação (25,2%). BE (7,8%) e Chega (7,7%) estão a par. Liberais (5,5%) ultrapassam CDU (4,8%). PAN a crescer (4,6%) e CDS irrelevante (0.9%). Se houvesse hoje eleições legislativas, o PS seria o claro vencedor, com 37,6%, de acordo com a mais recente sondagem da Aximage para o JN, o DN e a TSF. Apesar da queda de pouco mais de um ponto relativamente a maio, ficaria 12 pontos acima do PSD, que, depois de bater no fundo, recupera para os 25,2%. Mas há outras novidades: o BE (7,8%) está quase a par do Chega (7,7%); enquanto o Iniciativa Liberal (5,5%) ultrapassa a CDU (4,8%), que já tem o PAN a morder-lhe os calcanhares (4,6%). O CDS regressa à irrelevância (0,9%).
A capacidade de resistência eleitoral dos socialistas é invulgar. Sobretudo se tivermos em conta o que está a acontecer à popularidade de António Costa: na avaliação enquanto líder do partido, volta a perder muito terreno (ver texto ao lado); e na pele de primeiro-ministro acumula, nos últimos dois meses e meio, uma perda de 18 pontos nas avaliações positivas e uma subida de 16 pontos nas negativas (como divulgámos na edição deste domingo).
Seniores castigam Costa, não o PS
Apesar da quebra contínua desde maio, o líder socialista mantém um saldo
positivo (diferença entre avaliações positivas e negativas), ao contrário de
Rui Rio, o que talvez ajude a explicar que a relação de forças entre os dois principais
partidos continue a ser mais favorável ao PS do que em 2019 (a diferença foi
então de oito pontos, hoje seria de 12).
Quando se analisam os diferentes segmentos da amostra, percebe-se que os
socialistas estão ancorados nos eleitores mais velhos. Os mesmos que, este mês,
arrasaram a prestação de António Costa enquanto primeiro-ministro (foi o único
escalão etário em que teve um saldo negativo), resistem a abandonar o PS: é o
único escalão acima da média na projeção de voto para os socialistas (47,9%).
Um paradoxo que pode não resistir por muito tempo.
PS igual nas vagas da pandemia
Quando Portugal se prepara para atingir o pico da quarta vaga da
pandemia, o PS regressa à projeção que conseguiu nos barómetros de fevereiro
(pico da terceira vaga) e novembro (pico da segunda vaga). E continua,
portanto, um ponto percentual acima do que conseguiu nas legislativas.
Mas o ambiente parlamentar que sairia destas eleições virtuais não seria
exatamente o mesmo: há diferenças à Esquerda (que no seu conjunto vale agora 50
pontos, menos dois do que em 2019), mas sobretudo à Direita (que soma 39
pontos, mais cinco do que nas últimas eleições).
Analisando os resultados da Direita clássica, os sociais-democratas
estão mais frágeis (dois pontos e meio abaixo das legislativas) e o CDS de
Francisco Rodrigues dos Santos está em risco de desaparecer (menos três pontos
do que em 2019). Ao contrário, os dois novos partidos à Direita estão muito
mais fortes, apesar de algumas oscilações. Radicais e liberais somam agora mais
de 13 pontos (foram dois e meio nas eleições, com um único deputado para cada
um).
Chega é o que mais cresce
O Chega mostra consistência no apoio e é o partido que mais cresce desde
as legislativas (tem sido sempre assim a cada vaga do barómetro). Este mês
volta a aproximar-se do terceiro lugar (fica a uma escassa décima do Bloco),
conseguindo uma implantação razoável em quase todo o território nacional (a
região do Porto volta a ser o terreno mais difícil).
O Iniciativa Liberal, por sua vez, ultrapassa a CDU e está próximo do
máximo que conseguiu nesta série de barómetros (5,7% em fevereiro), sem acusar
a controvérsia com o arraial de Santo António, em Lisboa. Teria hoje mais
quatro pontos do que em 2019 e resultados significativos nas grandes zonas
urbanas, com o Porto em particular destaque.
Fragilidades mais à Esquerda
Ao contrário do que se passa à Direita do PSD, à Esquerda do PS os sinais
são de fragilidade. Bloquistas e comunistas valem agora juntos pouco mais de 12
pontos (há dois anos, na última ida às urnas, somavam quase 16). O BE partiu de
um degrau mais acima e assim se mantém. Há mais razões para alarme na CDU, que
baixa pela primeira vez do patamar dos cinco pontos, ainda que mostre
capacidade de resistência nas duas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e
Porto, onde há mais deputados para eleger.
Os comunistas, que foram este mês ultrapassados pelos liberais, estão
também sob ameaça do PAN, que volta a subir, poucas semanas depois de escolher
Inês Sousa Real para porta-voz (substituiu o histórico André Silva). O
Pessoas-Animais-Natureza está mais forte do que nas legislativas de 2019,
também com Lisboa e Porto como os locais mais prometedores para eleger
deputados, mas ainda longe da força necessária para chegar a um Governo, como
prometeu a sua nova líder.
Confiança para primeiro-ministro
Costa a descer...
António Costa volta a perder pontos no "jogo" da confiança
para primeiro-ministro. São sete desde maio e dez desde abril, ficando agora
nos 45%. Ganha entre os socialistas (com 92%), mas também entre os eleitores do
BE, CDU e PAN. No que diz respeito à geografia, é em Lisboa que consegue o
melhor resultado (51%).
... e Rio a subir
Rui Rio está agora nos 28%, batendo o seu recorde (25% em setembro do
ano passado). Subiu quatro pontos este mês, mas acumula mais dez pontos desde
março. O melhor resultado é entre os que votam PSD (57%), mas lidera também
entre os eleitores do Chega e do Iniciativa Liberal. Em termos regionais, é a
Norte que a confiança é maior (34%).
Números
41%
O PS é o partido em que o pendor feminino é mais importante: são mais
sete pontos que nos homens. O Chega é o mais masculino: tem 12,6%, mais nove
pontos que nas mulheres
30,8%
Este mês, quem lidera na região do Porto é o PSD de Rui Rio, com 2,6
pontos de vantagem sobre o PS. Em terceiro está o Bloco (11,2%) e em quarto os
liberais (7%).
93,6%
O Chega é o partido com o eleitorado menos flutuante: segura quase todos
os que votaram em 2019. O segundo partido com amarras mais sólidas é o PS
(89,2%) (Jornal de
Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
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