sexta-feira, julho 23, 2021

Sondagem: socialistas abanam mas não caem, com o PSD a 12 pontos

 

Rui Rio foi o líder partidário que recuperou mais terreno, este mês, no barómetro da Aximage.A intenção de voto para as legislativas e a avaliação dos líderes partidários. PS resiste (37,6%) à queda abrupta de António Costa na avaliação dos portugueses. PSD regista pequena recuperação (25,2%). BE (7,8%) e Chega (7,7%) estão a par. Liberais (5,5%) ultrapassam CDU (4,8%). PAN a crescer (4,6%) e CDS irrelevante (0.9%). Se houvesse hoje eleições legislativas, o PS seria o claro vencedor, com 37,6%, de acordo com a mais recente sondagem da Aximage para o JN, o DN e a TSF. Apesar da queda de pouco mais de um ponto relativamente a maio, ficaria 12 pontos acima do PSD, que, depois de bater no fundo, recupera para os 25,2%. Mas há outras novidades: o BE (7,8%) está quase a par do Chega (7,7%); enquanto o Iniciativa Liberal (5,5%) ultrapassa a CDU (4,8%), que já tem o PAN a morder-lhe os calcanhares (4,6%). O CDS regressa à irrelevância (0,9%).

A capacidade de resistência eleitoral dos socialistas é invulgar. Sobretudo se tivermos em conta o que está a acontecer à popularidade de António Costa: na avaliação enquanto líder do partido, volta a perder muito terreno (ver texto ao lado); e na pele de primeiro-ministro acumula, nos últimos dois meses e meio, uma perda de 18 pontos nas avaliações positivas e uma subida de 16 pontos nas negativas (como divulgámos na edição deste domingo).

Seniores castigam Costa, não o PS

Apesar da quebra contínua desde maio, o líder socialista mantém um saldo positivo (diferença entre avaliações positivas e negativas), ao contrário de Rui Rio, o que talvez ajude a explicar que a relação de forças entre os dois principais partidos continue a ser mais favorável ao PS do que em 2019 (a diferença foi então de oito pontos, hoje seria de 12).

Quando se analisam os diferentes segmentos da amostra, percebe-se que os socialistas estão ancorados nos eleitores mais velhos. Os mesmos que, este mês, arrasaram a prestação de António Costa enquanto primeiro-ministro (foi o único escalão etário em que teve um saldo negativo), resistem a abandonar o PS: é o único escalão acima da média na projeção de voto para os socialistas (47,9%). Um paradoxo que pode não resistir por muito tempo.

PS igual nas vagas da pandemia

Quando Portugal se prepara para atingir o pico da quarta vaga da pandemia, o PS regressa à projeção que conseguiu nos barómetros de fevereiro (pico da terceira vaga) e novembro (pico da segunda vaga). E continua, portanto, um ponto percentual acima do que conseguiu nas legislativas.

Mas o ambiente parlamentar que sairia destas eleições virtuais não seria exatamente o mesmo: há diferenças à Esquerda (que no seu conjunto vale agora 50 pontos, menos dois do que em 2019), mas sobretudo à Direita (que soma 39 pontos, mais cinco do que nas últimas eleições).

Analisando os resultados da Direita clássica, os sociais-democratas estão mais frágeis (dois pontos e meio abaixo das legislativas) e o CDS de Francisco Rodrigues dos Santos está em risco de desaparecer (menos três pontos do que em 2019). Ao contrário, os dois novos partidos à Direita estão muito mais fortes, apesar de algumas oscilações. Radicais e liberais somam agora mais de 13 pontos (foram dois e meio nas eleições, com um único deputado para cada um).

Chega é o que mais cresce

O Chega mostra consistência no apoio e é o partido que mais cresce desde as legislativas (tem sido sempre assim a cada vaga do barómetro). Este mês volta a aproximar-se do terceiro lugar (fica a uma escassa décima do Bloco), conseguindo uma implantação razoável em quase todo o território nacional (a região do Porto volta a ser o terreno mais difícil).

O Iniciativa Liberal, por sua vez, ultrapassa a CDU e está próximo do máximo que conseguiu nesta série de barómetros (5,7% em fevereiro), sem acusar a controvérsia com o arraial de Santo António, em Lisboa. Teria hoje mais quatro pontos do que em 2019 e resultados significativos nas grandes zonas urbanas, com o Porto em particular destaque.

Fragilidades mais à Esquerda

Ao contrário do que se passa à Direita do PSD, à Esquerda do PS os sinais são de fragilidade. Bloquistas e comunistas valem agora juntos pouco mais de 12 pontos (há dois anos, na última ida às urnas, somavam quase 16). O BE partiu de um degrau mais acima e assim se mantém. Há mais razões para alarme na CDU, que baixa pela primeira vez do patamar dos cinco pontos, ainda que mostre capacidade de resistência nas duas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde há mais deputados para eleger.

Os comunistas, que foram este mês ultrapassados pelos liberais, estão também sob ameaça do PAN, que volta a subir, poucas semanas depois de escolher Inês Sousa Real para porta-voz (substituiu o histórico André Silva). O Pessoas-Animais-Natureza está mais forte do que nas legislativas de 2019, também com Lisboa e Porto como os locais mais prometedores para eleger deputados, mas ainda longe da força necessária para chegar a um Governo, como prometeu a sua nova líder.

Confiança para primeiro-ministro

Costa a descer...

António Costa volta a perder pontos no "jogo" da confiança para primeiro-ministro. São sete desde maio e dez desde abril, ficando agora nos 45%. Ganha entre os socialistas (com 92%), mas também entre os eleitores do BE, CDU e PAN. No que diz respeito à geografia, é em Lisboa que consegue o melhor resultado (51%).

... e Rio a subir

Rui Rio está agora nos 28%, batendo o seu recorde (25% em setembro do ano passado). Subiu quatro pontos este mês, mas acumula mais dez pontos desde março. O melhor resultado é entre os que votam PSD (57%), mas lidera também entre os eleitores do Chega e do Iniciativa Liberal. Em termos regionais, é a Norte que a confiança é maior (34%).

Números

41%

O PS é o partido em que o pendor feminino é mais importante: são mais sete pontos que nos homens. O Chega é o mais masculino: tem 12,6%, mais nove pontos que nas mulheres

30,8%

Este mês, quem lidera na região do Porto é o PSD de Rui Rio, com 2,6 pontos de vantagem sobre o PS. Em terceiro está o Bloco (11,2%) e em quarto os liberais (7%).

93,6%

O Chega é o partido com o eleitorado menos flutuante: segura quase todos os que votaram em 2019. O segundo partido com amarras mais sólidas é o PS (89,2%)  (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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