Com um rácio superior a €29 mil por habitante, o Corvo é o município português que mais fundos europeus já viu aprovados pelo Portugal 2020 em termos per capita. Segundo a Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C), esta ilha açoriana nem captou muitas verbas face à concorrência: €13,5 milhões desde o arranque do quadro comunitário, em 2014. Mas o Instituto Nacional de Estatística (INE) diz que este é o menos populoso dos 308 municípios portugueses, com apenas 464 habitantes em 2019.
QUEM GANHA MAIS E MENOS?
Agora que o Portal Mais Transparência divulgou a distribuição dos fundos europeus do Portugal 2020 por município (ver ranking na página ao lado), é possível dividir os milhões da AD&C pelos habitantes contabilizados pelo INE para identificar que municípios beneficiam de maior e menor intensidade de apoios comunitários em termos per capita.
A média nacional dá cerca de €2400 de
fundos europeus aprovados por português até 31 de março de 2021. Mas esta média
esconde o contraste entre os €29 mil por habitante no Corvo e os menos de €200
por residente em Odivelas, um dos municípios mais populosos da Área
Metropolitana de Lisboa (AML) e do país, que viu aprovados apenas €25 milhões
para 162 mil pessoas.
Porque está integrado na região mais
desenvolvida do país — no seu conjunto, a AML tem um PIB per capita superior à
média da União Europeia —, este e outros concelhos da Grande Lisboa e da
península de Setúbal têm acesso a menos fundos e a menores taxas de
cofinanciamento comunitário.
O Portal Mais Transparência já permite
saber quem recebe mais e menos fundos por município
O ranking dos 13 municípios com uma
intensidade de apoio superior a €6 mil de fundos europeus per capita é dominado
por pequenos municípios das regiões autónomas e do continente com menos de 10
mil habitantes. Este é um divisor tão baixo que facilmente eleva o rácio dos
fundos aprovados por munícipe.
Surpreendente é o facto de o Porto — o
quarto município mais populoso do país — ter conseguido chegar ao 9º lugar
entre 308 municípios. Para obter um rácio próximo dos €6500 por portuense, teve
de captar mais de €1,4 mil milhões do Portugal 2020 para dividir pelos seus 217
mil habitantes (ver texto ao lado).
Em causa estão milhares de projetos, desde
a expansão do metro do Porto a vários hotéis, passando pelos apoios às
empresas, à investigação, à formação ou à contratação, além de emblemáticas
obras municipais, como a reabilitação do mercado do Bolhão ou o Terminal
Intermodal de Campanhã.
O segundo destaque vai para Évora. Este
município de 52 mil habitantes conseguiu captar €334 milhões de fundos
europeus, graças à construção do novo hospital e aos avultados investimentos do
cluster aeronáutico que está a consolidar no Alentejo Central.
Atenção também ao contributo da fileira do
papel para Vila Velha de Ródão; ou do porto de Sines para o Alentejo Litoral;
ou ainda dos apoios à reposição da atividade empresarial em Pedrógão Grande
após os incêndios florestais de 2017. O empresário Mário Ferreira também mete
Mesão Frio no ranking com os seus cruzeiros no Douro.
Já o ranking dos 13 municípios com uma
intensidade de apoio inferior a €500 de fundos europeus per capita é dominado
por ambas as margens do Tejo da AML.
No seu conjunto, os 18 municípios da região
mais rica do país captaram €1,9 mil milhões para €2,9 milhões habitantes. Quase
metade desse dinheiro ficou na capital, Lisboa (Expresso, texto da jornalista
JOANA NUNES MATEUS)
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