Nesta sondagem da Católica, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, é apontado pelos entrevistados como o pior ministro e o que deve ser substituído numa remodelação governativa. Nesta sondagem da Católica, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, é apontado pelos entrevistados como o pior ministro e o que deve ser substituído numa remodelação governativa. Reuters
É cada vez mais expressiva a percentagem de portugueses que exige a
remodelação do executivo, com destaque para a avaliação particularmente
negativa do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. Ainda assim, a
sondagem da Universidade Católica para a RTP revela que a maioria avalia como
"razoável" o desempenho do Governo face à pandemia e acredita que o
executivo irá durar até ao fim da presente legislatura. As repostas dos
inquiridos demonstram ainda que a popularidade do presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, se mantém neste início de segundo mandato. O líder da
oposição, Rui Rio, tem tido um desempenho também avaliado como “razoável” por
grande parte dos inquiridos, mas ainda assim o PSD é o partido com quem os
portugueses querem que o PS procure negociar primeiro, de forma a conseguir
aprovar o próximo Orçamento do Estado no Parlamento.
Desde maio que são ainda mais os portugueses a exigirem uma remodelação do Governo. No total, 71 por cento dos inquiridos entende que o primeiro-ministro António Costa deve substituir alguns dos membros do executivo. Em maio, eram 51 por cento dos inquiridos a apontar para esta necessidade de fazer alterações no Governo. Se em maio de 2021, 31 por cento dos inquiridos não viam razões que justificassem remodelações governamentais, esse número é atualmente de apenas 17 por cento.
Nesta hipotética renovação que é cada vez mais unânime para os
portugueses, surge à cabeça o nome do ministro da Administração Interna,
Eduardo Cabrita. Na sondagem, tinha resposta aberta a questão que foi colocada
sobre este tópico e eventuais substituições, pelo que os inquiridos podiam
referir vários ministros ou ministras a quem apontariam a porta de saída.
Eduardo Cabrita aparece em 40 por cento das respostas, quando surgia
apenas em 19 por cento há dois meses. De seguida, a ministra mais mencionada
pelos inquiridos é a ministra da Saúde, Marta Temido (10 por cento) e ainda a
ministra da Justiça, Francisca Van Dunem (5 por cento) e o ministro da
Educação, Tiago Brandão Rodrigues (5 por cento).
Numa avaliação pormenorizada por parte dos inquiridos aos vários membros
do Governo, a ministra da Saúde surge destacada como a “melhor” ministra do
executivo por 24 por cento dos entrevistados, seguida de João Leão, ministro das
Finanças (5 por cento), e ainda Pedro Siza Vieira, ministro da Economia (4 por
cento).
Tendo em conta não só as várias polémicas e controvérsias recentes, mas
também as respostas dos inquiridos acerca das prioridades em futuras
remodelações governativas, não é de admirar que o ministro Eduardo Cabrita seja
considerado pelos portugueses como o pior ministro do Governo de António Costa
(34 por cento dos inquiridos), seguido de Marta Temido (seis por cento) e da
ministra da Saúde, Francisca Van Dunem (três por cento).
Apesar da aversão a alguns membros de Governo e da mais evidente
exigência de remodelação, a esmagadora maioria dos portugueses (88 por cento)
considera, ainda assim, que o executivo irá cumprir o mandato até ao fim.
Apenas oito por cento dos inquiridos acreditam que o Governo irá cair antes do
fim da legislatura.
De facto, ao olhar para a forma como o executivo tem enfrentado a
pandemia, 52 por cento dos inquiridos consideram que o desempenho da equipa
governativa tem sido “razoável”. No entanto, há 29 por cento a avaliar como
"mau" ou "muito mau" do executivo. Outros 16 por cento
consideram que a prestação do Governo em situação pandémica tem sido
"boa" ou "muito boa".
Pessimismo reina, avaliação “razoável” da oposição
Na sondagem da Universidade Católica para a RTP, há um dado que traduz o
forte pessimismo dos portugueses desde a situação de pandemia. Dos inquiridos,
58 por cento consideram que o país está pior do que estava há precisamente um ano.
“A resposta maioritária é inequívoca e mostra uma perceção geral muito
negativa”, lê-se no documento com as conclusões deste inquérito.
Dos restantes inquiridos, apenas 12 por cento refere que o país está
melhor do que há um ano e 28 por cento responde que as perspetivas são iguais
desde então.
Sobre a aprovação do próximo Orçamento do Estado, em que o Governo
necessita, para além do apoio dos deputados do PS, da abstenção ou apoio de
outro dos principais partidos, os inquiridos consideram que é com o PSD que se
devem encetar as negociações (33 por cento).
Em segundo lugar, o partido mais mencionado foi a CDU (30 por cento) e
depois o Bloco de Esquerda (26 por cento). Tratando-se de uma pergunta de
resposta múltipla, muitos dos inquiridos responderam mais do que um partido,
tendo sido “particularmente relevante” o número de respostas que incluíam dois
ex-parceiros da Geringonça, CDU e Bloco de Esquerda.
Na avaliação feita a Rui Rio, os inquiridos consideram que o líder da
oposição tem tido um desempenho “razoável” (48 por cento), mas um total de 32
por cento acreditam que o presidente do PSD tem tido uma atuação “má” ou “muito
má”. Apenas 11 por cento respondem que o desempenho de Rio é “bom” ou “muito
bom”.
PR mantêm níveis de popularidade
Finalmente, em relação ao presidente da República, a maioria dos
portugueses considera que o desempenho de Marcelo Rebelo de Sousa “está igual”
(57 por cento) em relação ao primeiro mandato. Há ainda 23 por cento dos
inquiridos que respondem que a atuação do PR “está pior agora”, neste início de
segundo mandato e outros 17 por cento respondem que “está melhor”, atualmente.
No entanto, a sondagem propõe a leitura destes novos dados à luz de
outros resultados obtidos anteriormente.
“Tendo em atenção os resultados da sondagem de maio (onde o PR tinha
15,7 de média numa escala de 0 a 20 e 95% de avaliações positivas), não podemos
destes resultados de julho inferir que 23% dão nota negativa à sua atuação”,
sublinha o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Católica.
De facto, uma percentagem de inquiridos acha que o desempenho é pior
neste momento. “Mas como o ponto de partida era muito elevado, estar pior não
significa necessariamente estar mau ou negativo”, assinalam os responsáveis do
estudo.
Numa avaliação de mais longo prazo, a Universidade Católica recorda os
dados recolhidos em novembro de 2016, quando tinham passado alguns meses desde
o início do primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, e conclui que o presidente
da República “mantém os elevadíssimos níveis de popularidade e reconhecimento”
neste arranque do segundo mandato, tendo por base os dados de maio de 2021.
O PR iniciou em março último o segundo mandato após ter vencido as
eleições presidenciais de janeiro. Em maio de 2021, uma outra sondagem da
Católica versava sobre a atuação do chefe de Estado em relação ao Governo, com
54 por cento a achar que Marcelo foi “suficientemente exigente”, mas 34 por
cento a apontar que o presidente fora “pouco exigente” com o executivo no
poder.
Nesta sondagem de há dois meses, 47 por cento dizia esperar o mesmo nível de exigência por parte do presidente da República nos próximos cinco anos, mas um número muito semelhante de inquiridos (46 por cento) esperava que Marcelo Rebelo de Sousa fosse mais rigoroso com o Governo no segundo mandato. Esta é a terceira parte da sondagem da Católica publicada por ocasião do debate sobre o Estado da Nação, marcado para a próxima quarta-feira no parlamento. Outros resultados deste inquérito foram divulgados pela RTP nos últimos dias.
Ficha Técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP – Universidade Católica
Portuguesa para a RTP entre os dias 9 e 15 de julho de 2021. O universo alvo é
composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram
selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também
ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por
telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e
demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1202 inquéritos válidos,
sendo 46% dos inquiridos mulheres, 29% da região Norte, 19% do Centro, 37% da
A.M. de Lisboa, 8% do Alentejo, 3% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores.
Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a
distribuição da população por sexo, escalões etários, escolaridade e região com
base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE. A taxa de resposta
foi de 34%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1202
inquiridos é de 2,8%, com um nível de confiança de 95% (RTP, texto da
jornalista Andreia Martins e gráficos de Sara Piteira)
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