quinta-feira, julho 01, 2021

Da Alpha à Delta: por que preocupam as novas variantes e como reagem às vacinas?

 

Existem milhares de variantes do vírus Sars-CoV-2, mas só algumas se destacam por serem mais contagiosas, provocarem a forma mais grave da doença ou tornarem menos eficazes as vacinas existentes. Os vírus sofrem mutações constantemente e este novo coronavírus não é exceção. Embora a maioria das alterações genéticas seja inofensiva, algumas podem tornar o vírus mais eficaz a infectar células ou a evitar os anticorpos. Estas variantes ‘mais inteligentes” podem ganhar a corrida a outras estripes, tornando-se predominantes entre o número total de infeções.

Há quatro variantes consideradas pelas autoridades de saúde como preocupantes e todas elas estão presentes em Portugal. São elas a Alfa, a Beta, a Gama e a Delta. Esta última tornou-se no maior foco de preocupação no mundo, especialmente na Europa. Portugal está a ser um dos países mais fustigados. A Delta propagou-se a quase 100 países desde que foi detetada pela primeira vez na Índia em outubro do ano passado.

O que é uma variante?

Os vírus sofrem alterações genéticas que podem criar variantes. Algumas mutações enfraquecem o vírus; outras podem gerar mais resistência que facilita a sua propagação.

Quais são as variantes mais preocupantes?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) classificaram quatro variantes do novo coronavírus como “variantes de preocupação”:

Alpha – detetada em setembro de 2020 no Reino Unido, e por isso, conhecida como variante inglesa, era a variante dominante no Reino Unido e após o Natal de 2020 tornou-se dominante em Portugal, tendo levado ao pior período da pandemia vivido no país. Tornou-se dominante também na Europa, mas agora começa a perder terreno para a variante Delta.

Beta – Detetada em maio de 2020, na África do Sul. Foi detetada em pelo menos 120 países, incluindo Portugal.

Gama – Detetada pela primeira vez na cidade de Manaus, no Brasil, em Dezembro de 2020, esta variante contribuiu para um aumento de casos no país e a situações dramáticas de falta de oxigénio para assistir todos os doentes. Foi detetada em pelo menos 72 países, incluindo Portugal.

Delta – Detetada na Índia em outubro de 2020, é também chamada de “variante indiana”. É agora a variante que mais causa preocupação no mundo. Estima-se que seja 55% mais transmissível do que a Alpha. E este dado faz com que caminhe para ser a variante dominante. A OMS estima que na Europa seja responsável pela maioria dos casos já em agosto.

Outros estudo demonstraram que a Delta tem alguma resistência às vacinas e que aumenta o risco de reinfecção em pessoas recuperadas de covid-19 infetadas com outra variante.

Como as variantes reagem às vacinas?

Todas as quatro variantes preocupantes têm múltiplas mutações que afetam a proteína de espícula, que se liga às células humanas. Isto levanta questões sobre se as pessoas que desenvolveram anticorpos para a estirpe original – seja através de uma vacina ou por se terem recuperado da doença – conseguirão lutar contra as novas variantes.

Sobre a Delta, dados da Public Health England indicam que as vacinas são menos eficazes na prevenção de doençascom sintomas em comparação com a Alpha, especialmente se só tiver havido uma dose.

Eis o que se sabe sobre a eficácia da vacinação, com base em vários estudos:

Eficácia média das vacinas contra a doença com sintomas

Alpha – 49% após uma dose e 89% após duas doses

Delta – 35% após uma dose e 79% após duas doses

Vacina da Pfizer:

Proteção para hospitalização de 94% após uma dose e 96% após duas doses

Vacina da AstraZeneca:

Proteção para hospitalização de 71% após uma dose e 92% após duas doses

Não há ainda dados suficientes sobre as restantes vacinas disponíveis (Multinews)

Sem comentários: