Popularidade dos dois líderes políticos caiu a pique neste mês. Mas, enquanto o presidente se aguenta com um saldo positivo de 37 pontos, o primeiro-ministro fica-se por apenas seis, revela sondagem da Aximage. É um verdadeiro cartão amarelo o que é mostrado, este mês, a Marcelo Rebelo de Sousa. Mas é ainda pior para António Costa, que se aproxima do vermelho. De acordo com o barómetro da Aximage para o JN, DN e TSF, a popularidade dos dois líderes cai a pique e o primeiro-ministro tem agora escassos seis pontos de saldo positivo (diferença entre avaliações positivas e negativas). Este mês, a queda do presidente foi mais acentuada, mas o facto de partir de um patamar muito elevado permite-lhe manter um generoso saldo positivo de 37 pontos.
O último mês e meio foi crítico na avaliação dos portugueses aos dois
políticos (mas também para os que estão na Oposição). A sondagem não faz
perguntas sobre as razões para a desilusão dos portugueses, mas o calendário dá
pistas suficientes. Se, no início de junho, o Governo ainda mostrava surpresa
com o alerta britânico para a variante delta, um mês e meio depois o país está
em plena quarta vaga da pandemia.
Ao contrário de crises anteriores, faltou sintonia entre Costa e Marcelo. As divergências foram públicas, com o presidente a pedir uma abordagem menos "fundamentalista" e a recusar o regresso ao estado de emergência; e o primeiro-ministro a manter a rigidez de critérios, mas a ser atingido, mesmo assim, com os estilhaços da desconfiança que foram chegando do Reino Unido, Espanha, Alemanha e França.
SENIORES MUITO CRÍTICOS
O resultado final, para ambos, é uma queda sem precedentes, em todos os
parâmetros, desde julho do ano passado (altura em que se iniciou esta série de
barómetros). No caso do primeiro-ministro, a queda já se iniciara em maio,
acumulando uma perda de 18 pontos nas avaliações positivas (são agora 41%) e
uma subida de 16 pontos nas negativas (35%). O desgaste do seu Governo e a
recorrente discussão sobre a necessidade de fazer uma remodelação (ver texto ao
lado) ajudará a explicar o momento negativo.
A quebra reflete-se em todos os segmentos da amostra, mas há alguns que
se destacam. Até abril, os mais velhos foram sempre uma das âncoras da
popularidade do primeiro-ministro. Desde então, regista-se uma deserção em
massa dos seniores, ao ponto de serem agora os mais descontentes: na população
com 65 ou mais anos, o saldo de Costa é agora negativo. Em termos regionais, o
primeiro-ministro já só tem o benefício da dúvida em Lisboa e no Centro. Na
região Norte, no Porto e no Sul, o saldo também já é negativo. Na geografia
partidária, o saldo positivo limita-se agora aos eleitores dos partidos à
Esquerda.
PATAMAR ERA ELEVADO
A situação do presidente da República é diferente: caiu mais do que o
primeiro-ministro este mês, mas partia de um patamar muito superior e continua,
por isso, a ter uma popularidade sem paralelo. Perdeu 15 pontos de maio para
julho nas avaliações positivas (tem agora 55%) e subiu oito nas negativas
(18%), o que resulta num saldo positivo de 37 pontos (quase igual ao de julho
do ano passado, no arranque dos barómetros).
Marcelo também foi castigado pelos mais velhos (baixa 29 pontos nas
avaliações positivas), mas há uma diferença fundamental em relação a Costa:
entre os inquiridos com 65 anos ou mais, o presidente ainda tem um saldo
positivo de 41 pontos. A exemplo do primeiro-ministro, os piores resultados são
nas regiões Norte e Sul e no Porto, mas com saldo positivo. Na geografia
partidária, continuam a ser os socialistas os mais generosos (apesar da
quebra), mas passa a ter saldo negativo entre quem vota CDU e Chega.
Números
73%
Cresce a percentagem dos que pedem mais exigência do presidente sobre o
Governo, com mais cinco pontos do que em maio. Esta exigência é maioritária em
todos os segmentos, incluindo os socialistas (51%).
51%
Sem surpresa, Marcelo continua a liderar no "jogo" da
confiança, ainda que perca um ponto relativamente a maio. Costa sobe dois para
14%. A maior diferença continua a ser no eleitorado PSD, com vantagem para
Marcelo (76%) (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
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