terça-feira, janeiro 07, 2020

Nota: Calado na CMF? Será que já ninguém pensa política?

Quando leio nos jornais notícias passadas deliberadamente para eles pela "rede", com objectivos claros exploratórios, interrogo-me sobre se afinal a incompetência política, onde ela não pode nem deve existir, pelos vistos continua a prevalecer depois de 5 anos de poder, ou a ideia é mesmo criar um problema ao GRM (e ao PSD-M), em 2021, sabendo-se, gostem ou não de ouvir, que o actual Vice-Presidente foi responsável por estancar uma imagem em degradação quase diária do executivo antes da remodelação feita em devido tempo. Não fora isso e a hecatombe eleitoral teria sido tremenda. Agora querem encostar o homem? Meu Deus, com tantas lições para aprender e rectificar com tudo o que de absurdo e incompetente se passou nas autárquicas de 2017 e continuam a cometer asneiras, pior do que isso, fazendo tudo nas costas das bases do PSD-M a quem, depois pedem o voto? Com que autoridade? Acabem com essas notícias anedóticas que deliberadamente plantam nos meios de comunicação social, e por favor concentrem-se no essencial, na governação.
Repito, ou é uma encomenda e se o for é absurda, ou então isto quer dizer que afinal, passados estes últimos anos, fica a certeza de que continua a existir muita incompetência política onde não se admite que ela exista. Desde quando se queima um vice-presidente de um Governo Regional, fundamental nesse executivo claramente preso por arames (salvo se é o próprio a pretender sair, o que não deixa de colocar imediatamente outras questões políticas bem mais complexas...)?
Falo de um VP cuja influência na mudança de imagem do GRM empossado em 2015, foi determinante para o 22 de Setembro, e quanto a isso não tenham quaisquer dúvidas. A solução, no início daquela que é a mais complicada, complexa, incerta e ainda rodeada de imensas incógnitas, é lançarem Calado numa disputa autárquica que vai exigir do PSD-M, mais do que esta roleta de nomes e de auto-promoções (não me parece ser este um caso desses em concreto), muita unidade, muita mobilização, um repensar da estratégia política mais adequada a cada caso de forma descentralizada e autónoma, de recuperação da vertente popular do PSD-M, de contacto permanente com as pessoas, ouvindo-as e respeitando as suas opiniões, e não andarmos a reboque de exibicionismos ou de roletas de candidatos encomendados pelas elites?
Será que já se esqueceram de tudo o que aconteceu nas autárquicas de 2017? Já fizeram bem as análises comparativas aos resultados eleitorais para perceberem os sinais que foram dados por essas eleições? Já esqueceram os erros políticos cometidos na Ponta do Sol, em Santana, no Porto Moniz, em Machico, etc, que nada têm a ver apenas com as pessoas candidatadas pelos social-democratas, nalguns casos em concreto e de todos conhecidos, mas com o processo (escolha de candidaturas) de decisão desenvolvido à revelia das estruturas do PSD-M em cada caso, ignorando os sinais dados pelos militantes social-democratas?
Se há alturas em que Pedro Calado tem que continuar no GRM, e valorizo apenas as questões políticas e a capacidade de negociação dos protagonistas políticos e a confiança que transmitem às pessoas – não falo do absurdo (verdade ainda não contada) de promessas negociadas até mesmo antes de eleições, para que o poder fosse garantido, realidade que colidiu com alguns erros de análise da minha autoria que assentaram em pressupostos factuais e indesmentíveis, mas que não contavam com o chamado reverso da medalha, o lado mais obscuro da política subterrânea e numa sucessão de factos que não imaginei pudessem ocorrer.
Sem Calado o GRM – e ainda por cima teria de se envolver num combate eleitoral que não será nada fácil e que em meu entender não justifica esta originalidade política - ficará mais fraco, mais vulnerável e será olhado com maior desconfiança. Lembram-se do que acontecia antes da remodelação?
Sobre as autárquicas de 2021, a seu tempo elas ocuparão o espaço próprio na agenda política e mediática, mesmo que se perceba – e de que maneira... - que já anda algum nervosismo miudinho por aí, apontado para a cadeira autárquica do Funchal. Mas afinal as prioridades do PSD resumem-se ao Funchal? E a recuperação das outras banhadas autárquicas em 2017, quase todas elas por culpa própria? E quem foi que disse que, mesmo com Paulo Cafôfo fora da corrida no Funchal - ele ganhou as autárquicas de 2013 e de 2017 –  que uma candidatura previsível de Miguel Gouveia, que era o numero dois de Cafôfo, é uma candidatura fragilizada, mesmo contando com alguns problemas que aos poucos começam a surgir na cidade e a indiciar alguns sinais de degradação que obrigarão a edilidade socialista funchalense a precaver-se? Duvido dessa fragilidade. Embora em cenários diferentes, já fizeram uma apreciação pragmática aos resultados eleitorais no Funchal, e noutros concelhos, freguesia a freguesia, eleição a eleição, para retirarem as conclusões que recomendo sejam retiradas? E não misturem, por favor, resultados de eleições regionais com eleições autárquicas porque estas são fortemente personalizadas e nas quais os candidatos que encabeçam as diferentes candidaturas são peças fundamentais nos desfechos eleitorais. O PSD-M é oposição em 8 das 11 Câmaras Municipais (ou 7, se retirarem São Vicente desta equação), bem distante do domínio eleitoral de outros tempos. Há que começar do zero, e começar do zero é fazer uma inventariação séria do que foi feito nas freguesias e nos concelhos onde perderam as eleições preparando assim o terreno para o combate eleitoral de 2021, sensivelmente daqui a dois anos! Tempo mais do que suficiente para fazerem o trabalho de casa que admito não tenha sido feito em 2013 e 2017 de forma devida (LFM)

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