Quando leio nos jornais notícias passadas deliberadamente para eles pela
"rede", com objectivos claros exploratórios, interrogo-me sobre se
afinal a incompetência política, onde ela não pode nem deve existir, pelos
vistos continua a prevalecer depois de 5 anos de poder, ou a ideia é mesmo
criar um problema ao GRM (e ao PSD-M), em 2021, sabendo-se, gostem ou não de
ouvir, que o actual Vice-Presidente foi responsável por estancar uma imagem em
degradação quase diária do executivo antes da remodelação feita em devido
tempo. Não fora isso e a hecatombe eleitoral teria sido tremenda. Agora querem
encostar o homem? Meu Deus, com tantas lições para aprender e rectificar com
tudo o que de absurdo e incompetente se passou nas autárquicas de 2017 e
continuam a cometer asneiras, pior do que isso, fazendo tudo nas costas das bases do
PSD-M a quem, depois pedem o voto? Com que autoridade? Acabem com essas
notícias anedóticas que deliberadamente plantam nos meios de comunicação social,
e por favor concentrem-se no essencial, na governação.
Repito, ou é uma encomenda
e se o for é absurda, ou então isto quer dizer que afinal, passados
estes últimos anos, fica a certeza de que continua a existir muita
incompetência política onde não se admite que ela exista. Desde quando se
queima um vice-presidente de um Governo Regional, fundamental nesse executivo
claramente preso por arames (salvo se é o próprio a pretender sair, o que não
deixa de colocar imediatamente outras questões políticas bem mais complexas...)?
Falo de um VP cuja influência na mudança de imagem do GRM empossado em 2015, foi determinante para
o 22 de Setembro, e quanto a isso não tenham quaisquer dúvidas. A solução, no
início daquela que é a mais complicada, complexa, incerta e ainda rodeada de
imensas incógnitas, é lançarem Calado numa disputa autárquica que vai exigir do
PSD-M, mais do que esta roleta de nomes e de auto-promoções (não me parece ser
este um caso desses em concreto), muita unidade, muita mobilização, um repensar
da estratégia política mais adequada a cada caso de forma descentralizada e
autónoma, de recuperação da vertente popular do PSD-M, de contacto permanente
com as pessoas, ouvindo-as e respeitando as suas opiniões, e não andarmos a
reboque de exibicionismos ou de roletas de candidatos encomendados pelas
elites?
Será que já se
esqueceram de tudo o que aconteceu nas autárquicas de 2017? Já fizeram bem as análises
comparativas aos resultados eleitorais para perceberem os sinais que foram dados
por essas eleições? Já esqueceram os erros políticos cometidos na Ponta do Sol,
em Santana, no Porto Moniz, em Machico, etc, que nada têm a ver apenas com as
pessoas candidatadas pelos social-democratas, nalguns casos em concreto e de
todos conhecidos, mas com o processo (escolha de candidaturas) de decisão
desenvolvido à revelia das estruturas do PSD-M em cada caso, ignorando os
sinais dados pelos militantes social-democratas?
Se há alturas em
que Pedro Calado tem que continuar no GRM, e valorizo apenas as questões
políticas e a capacidade de negociação dos protagonistas políticos e a
confiança que transmitem às pessoas – não falo do absurdo (verdade ainda não
contada) de promessas negociadas até mesmo antes de eleições, para que o poder
fosse garantido, realidade que colidiu com alguns erros de análise da minha
autoria que assentaram em pressupostos factuais e indesmentíveis, mas que não
contavam com o chamado reverso da medalha, o lado mais obscuro da política subterrânea
e numa sucessão de factos que não imaginei pudessem ocorrer.
Sem Calado o GRM –
e ainda por cima teria de se envolver num combate eleitoral que não será nada fácil
e que em meu entender não justifica esta originalidade política - ficará mais
fraco, mais vulnerável e será olhado com maior desconfiança. Lembram-se do que
acontecia antes da remodelação?
Sobre as
autárquicas de 2021, a seu tempo elas ocuparão o espaço próprio na agenda
política e mediática, mesmo que se perceba – e de que maneira... - que já anda
algum nervosismo miudinho por aí, apontado para a cadeira autárquica do
Funchal. Mas afinal as prioridades do PSD resumem-se ao Funchal? E a
recuperação das outras banhadas autárquicas em 2017, quase todas elas por culpa
própria? E quem foi que disse que, mesmo com Paulo Cafôfo fora da corrida no Funchal
- ele ganhou as autárquicas de 2013 e de 2017 – que uma candidatura previsível de Miguel Gouveia,
que era o numero dois de Cafôfo, é uma candidatura fragilizada, mesmo contando
com alguns problemas que aos poucos começam a surgir na cidade e a indiciar
alguns sinais de degradação que obrigarão a edilidade socialista funchalense
a precaver-se? Duvido dessa fragilidade. Embora em cenários diferentes, já fizeram
uma apreciação pragmática aos resultados eleitorais no Funchal, e noutros concelhos,
freguesia a freguesia, eleição a eleição, para retirarem as conclusões que
recomendo sejam retiradas? E não misturem, por favor, resultados de eleições
regionais com eleições autárquicas porque estas são fortemente personalizadas e
nas quais os candidatos que encabeçam as diferentes candidaturas são peças fundamentais
nos desfechos eleitorais. O PSD-M é oposição em 8 das 11 Câmaras Municipais (ou 7, se retirarem São Vicente desta equação), bem distante do domínio eleitoral de outros tempos. Há que começar do zero, e começar do zero é fazer uma inventariação séria do que foi feito nas freguesias e nos concelhos onde perderam as eleições preparando assim o terreno para o combate eleitoral de 2021, sensivelmente daqui a dois anos! Tempo mais do que suficiente para fazerem o trabalho de casa que admito não tenha sido feito em 2013 e 2017 de forma devida (LFM)
Sem comentários:
Enviar um comentário