O ex-primeiro-ministro e antigo líder do PSD, Pedro Passos Coelho, dirigiu hoje um "voto público" ao PSD e ao CDS de "afirmação" e "união" para que os dois partidos possam fazer as "ações reformistas importantes" que o país precisa. O apelo não podia ser mais claro: PSD e CDS devem trabalhar juntos para alcançar uma maioria de direita que permita conquistar o poder e fazer as reformas de que Portugal precisa. "Isso está perfeitamente ao nosso alcance e o país precisa disso, e nós precisamos disso. É o voto que aqui quero deixar. Que o exemplo da Barca possa ser inspirador para os nossos partidos, e em particular para o meu, que é o PSD", afirmou Passos Coelho. O ex-governante, que falava durante a tomada de posse dos novos órgãos da concelhia de Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, terminou um discurso de quase 40 minutos, formulando um voto público aos dois partidos, em particular, ao seu. "Que possa encontrar o seu caminho, certamente de afirmação e de união, porque as pessoas têm de se saber unir. Se andarem em desavenças é mais difícil chegar a algum lado. Não estou a dizer que é impossível, mas é mais difícil", referiu.
Lisboa-Porto de avião, mas só hoje
O Expresso sabe que
Pedro Passos Coelho fez questão de se deslocar até Ponte da Barca para cumprir
uma promessa feita aos que conseguiram recuperar a autarquia em 2017, colocando
as divergências de lado em nome de um projeto comum. O
ex-primeiro-ministro foi de avião até ao Porto e depois seguiu até Viana do
Castelo. Antes da sessão com militantes, teve um almoço fechado à comunicação
social com os dirigentes locais e só depois fez uso da palavra. A presença de Pedro
Passos Coelhos e a natureza da sua intervenção não passaram despercebidas no
interior do partido e rapidamente começaram a circular fotografias e relatos do
momento. No entanto, para o antigo líder social-democrata, foi apenas uma
exceção e daí não deve ser retirada qualquer segunda leitura.
Exige-se responsabilidade, diz Passos
Em Ponte da Barca,
Passos Coelho lembrou que os dois partidos fecharam "ciclos
políticos" e que novos se abriram. "No PSD houve eleições há pouco
tempo e haverá um congresso daqui a 15 dias para coroar essa eleição. O CDS fez
hoje o seu congresso. Podemos dizer que aqueles que estiveram, no Governo,
juntos no passado com essas responsabilidades fecharam um ciclo, em definitivo,
e abriram outro. Ainda para mais com pessoas e dirigentes que não tiveram nada
a ver nem com esse Governo, nem com outros passados, destes partido",
especificou. Passos Coelho apelou
para que "as pessoas se unam, a pensar no serviço que podem prestar aos
outros". "Se puserem um bocadinho de lado as questões que foram
acumulando, às tantas se elas não forem muitos importantes e, muitas vezes não
são muitos importantes, as pessoas tendem a esquecê-las e tendem a unir-se em
torno de coisas mais positivas", alertou.
Na intervenção, que
contou com a presença dos deputados Eduardo Teixeira e Emília Cerqueira, do
ex-deputado Carlos Abreu Amorim, dos presidentes da Câmara de Ponte da Barca,
da concelhia e distrital do partido, Passos apelou ao "respeito e
elevação".
"Temos de saber
acomodar as nossas divergências e saber comportar-nos à altura daqueles que
estão a ouvir, que não estão nada interessados em saber das nossas zangas. Isso
não interessa para nada. As nossas zangas são connosco. Não temos de maçar as
pessoas com elas, a não ser que sejam coisas importantes. Se são importantes vamos
lá a debater. Uma vez que estão arrumadas, estão arrumadas. Andamos para a
frente. Não podemos andar sempre a bater na mesma tecla, senão não saímos do
sítio". Convidado pelo PSD de
Ponte da Barca para a tomada de posse da comissão política concelhia, Passos
Coelho afirmou que a "união" daqueles dois partidos é
"indispensável" perante a ausência, no presente, de "qualquer
ação reformista importante" que possa "prevenir problemas maiores no
futuro".
"Não se
vislumbra nenhum programa económico em que alguma reforma se esteja a fazer na
dimensão da produtividade e competitividade da economia", referiu,
apontando o envelhecimento, a sustentabilidade dos apoios sociais e a saúde,
"que está a rebentar pelas costuras", como os principais problemas do
país, a par do "descrédito da ação governativa".
"Era
indispensável que se começasse a intensificar esta forma de abordar os
problemas. Quem está hoje no Governo prima pela ausência de um quadro
reformista para um futuro melhor", reforçou. No final da
intervenção e questionado pelos jornalistas, Passos Coelho escusou-se a prestar
mais declarações. "Isto hoje foi uma excepção".
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