sexta-feira, janeiro 24, 2020

Nota: qual será o peso político do CDS-Madeira no CDS em travessia do deserto?

O CDS reúne-se este fim-de-semana em Congresso, em Aveiro. Confesso que não vou seguir atentamente o que se vai passar porque não creio que seja este o tempo, ainda, para que o CDS consiga recuperar do legado de Portas e do governo da troika que tanto mal fez aos cidadãos. Para além de João Almeida, que representa a continuidade, existem ainda 4 candidatos o que por si só revela a fragmentação e a degradação de um partido que nunca tendo sido importante, acabou por servir, em vários momentos, de bengala do poder, sobretudo do PSD.
Para mim, tanto o Congresso do CDS como o do PSD, no início de Fevereiro em Viana do Castelo, são uma espécie de Congressos da autocrítica interna, que deve ser feita sem constrangimentos ou limitações, congressos para prepararem o que eu classifico de inevitável a refundação de dois partidos que estão a fazer uma penosa travessia do deserto.
Mas este Congresso do CDS, para além do modelo diferente de eleição do líder - fora das directas que ao contrário do que se pensa e muitos dizem, não afastam nem eventuais campanhas de manipulação da votação, nem jogos de bastidores para a conquista de poder partidário - diferente comparativamente ao que se passa no PSD e no PS, fica marcado por um facto que não pode ser desvalorizado e que não sei se servirá de pretexto para o reforço da posição do CDS-Madeira na estrutura nacional.
O CDS-Madeira é a única estrutura do partido com responsabilidades de governação neste momento e apesar de ter sido derrotado e de se limitar a pouco mais de 8 mil votos nas regionais de Setembro do ano passado, conseguiu, dada a situação fragilizada do PSD-M (política e eleitoral), quer a presidência da Assembleia Legislativa da Madeira, principal órgão de governo próprio da Região, mais duas secretarias regionais no Governo da Madeira a que se juntam a Direcção Clínica - num esquema inédito, julgo que único, lamentável e desnecessário de partidarização desnecessária de uma função pública demasiado importante para ser envolvida nesses jogos partidários - e a liderança de algumas estruturas públicas regionais.
Duvido, apesar disso, que o CDS-Madeira esteja politicamente com a força suficiente para reforçar a sua posição política no seio do partido nacional, embora admita que algumas das principais figuras regionais do CDS que vão ao Congresso de Aveiro, podem ser incluídas nas listas dos vários (5)candidatos num jogo de troca de favores assumido pelos diferentes candidatos, realidade que é comum e normal em todos os partidos.
Repito, tanto no caso do PSD como agora do caso do CDS, estes congressos não trarão nada de novo, nem reforçarão os partidos do centro-direita junto dos eleitores. A fragilidade é muita, a falta de uma liderança unificadora e carismática é indesmentível e a herança deixada pelo governo PSD-CDS da troika continua bem viva. Por isso classifico estes congressos de momentos de autocrítica, de mudanças e de refundação numa altura em que parecem estar a fazer uma penosa travessia do deserto, na esperança de que as autárquicas de 2021 possam ser o primeiro sinal de eventual recuperação.
Tanto o CDS como o PSD continuam a sofrer com os aspectos mais negativos do legado governativo de Portas e Passos que criaram as condições necessárias para que a esquerda de unisse em 2015 num inédito acordo parlamentar que acabou por abrir portas a uma vitória eleitoral do PS, em 2019. E se PSD e CDS não mudarem as linhas essenciais do seu discurso, se não mudarem pessoas e modelos de funcionamento ultrapassados, se não apostarem numa nova mensagem, em novas prioridades e numa nova política de comunicação com o eleitorado, então temo que esta travessia do deserto por parte do centro- direita, vai-se prolongar muito mais do que seria de prever (LFM)

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