quarta-feira, dezembro 02, 2015

Mania de escrever: Uma moção obrigatória

Foi hoje noticiado que PSD e CDS apresentaram uma moção de censura ao governo de Costa a ser votada no final do debate do programa de governo. Não percebi bem se as moção é conjunta ou se se trata de uma iniciativa do PSD à qual adere o CDS. Aliás, continuo a pensar que vai sendo tempo do PSD iniciar uma nova viragem para o entro da política portuguesa, onde sempre esteve e de onde nunca deveria ter saído. Sá Carneiro foi o primeiro a negociar e acordar com o CDS no quadro da ex-AD mas o PSD nunca perdeu a sua matriz social-democrata e de partido de centro, o partido charneira do sistema. Nunca um PSD que por querer o poder, e tudo estar disposto a fazer para lá se manter, descaracterizou-se, em nome de um liberalismo idiota e graças ao poder de manipulação de uma corja de indivíduos que tomaram o  PSD de assalto porque essa era a parte determinante de um projecto social, político, económico e financeiro que nada tem a ver com partidos, com a política, como PSD me concreto.
Acho que se o PSD não tivesse esta iniciativa isso é que seria desastroso e, por isso, seria notícia.  Neste caso, ao contrário do que se especula, não há notícia. Há apenas a atitude, a única atitude, que o PSD, com 89 deputados - o maior grupo parlamentar na Assembleia da República - tinha que tomar independentemente do que sobre isto o seu aliado de direita radical, o CDS, pensasse.
Não deixa de ser curioso, e ao mesmo tempo estranho - ou talvez não - que um jornal tenha noticiado, sobre este item, que a "moção de rejeição ao Governo dividiu PSD e CDS". Diz a jornalista do Público, Sofia Rodrigues, que "o PSD vai apresentar uma moção de rejeição ao Programa do Governo do PS em coordenação com o CDS-PP. Mas a questão dividiu internamente os dois partidos, com vozes discordantes em ambos sobre os prós e os contra da iniciativa. Acabou por ganhar a tese de que a moção de rejeição era inevitável  para manter a coerência do discurso em torno do Governo "politicamente ilegitimo". Mas tanto no PSD como no CDS havia quem tivesse dúvidas sobre a iniciativa por poder dar uma imagem da esquerda unida  e por representar mais uma "humilhação" para os dois partidos. As duas bancadas somam apenas 107 votos, que não chegam para superar os dos deputados do PS, BE, PCP e PEV, os quais, por seu lado, já se comprometeram com o voto contra.
A Comissão Permanente do PSD — órgão mais restrito de direcção deste partido, composto pelo presidente, Pedro Passos Coelho, pelos vice-presidentes, pelo líder parlamentar e pelo secretário-geral — esteve reunida na manhã desta terça-feira. O debate na Assembleia da República do Programa do XXI Governo Constitucional, chefiado por António Costa, está marcado para quarta e quinta-feira. As moções de rejeição são votadas após o encerramento do debate. O novo Governo do PS, que tomou posse na quinta-feira passada, é suportado por três acordos bilaterais entre os socialistas e o Bloco de Esquerda, o PCP e o PEV — que, juntos, somam 122 dos 230 deputados — assinados quando o anterior executivo PSD/CDS-PP ainda estava em funções. Nesses acordos, o PS e os partidos à sua esquerda estabelecem que "rejeitarão qualquer solução que proponha um Governo PSD/CDS-PP" e "derrotarão qualquer iniciativa que vise impedir a solução governativa alternativa".
Ou seja, tal como PSD e CDS sabiam que o governo por eles constituído não passou de uma encenação patética porque desde o primeiro momento destinada ao fracasso humilhante - porque PS e seus parceiros da esquerda já tinham dito que o chumbariam - também de pouco importa que a moção de censura que o  PSD apresente seja rejeitada. Politicamente marca uma posição e obriga a esquerda toda, incluindo o PCP que estranhamente - mas sobre isso escreverei um dia destes - parece estar a usar vários dos seus tentáculos, um dos quais a Intersindical, para exercer pressão sobre o governo de Costa (LFM)

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