AVIÃO
CARGUEIRO – Tudo indica que a vinda de um avião cargueiro para a linha da
Madeira, destacada pelo Governo Regional, logo após a tomada de posse, ainda
não se concretizou e provavelmente não se concretizará nos moldes pensados.
Desconfio que a ideia da iniciativa privada era que ela se viabilizasse com
apoios financeiros públicos. No recente debate do orçamento para 2016 o tema
foi usado pela oposição, tentando colar o GRM ao avião, quando sempre foi
afirmado, e a verdade na política é importante, que seria uma iniciativa
privada vista com agrado pelo poder. Aliás viu-se nesse debate que vários
secretários se demarcaram deste tema. Eduardo Jesus, secretário regional da
Economia, Turismo e Cultura até garantiu que esse não era um dossier da sua
tutela e Humberto Vasconcelos garantiu que essa era uma aposta de um privado
reclamando contudo um apoio nacional para a carga aérea, no que diz respeito a
produções regionais, ideia e proposta que também está a ser defendido pelos
Açores.
CASAMENTO
– uma das boas notícias neste final de ano, sobretudo em termos pessoais e das
posições que sempre assumi quanto a este pacto idiota entre PSD e CDS, foi o
facto de Passos ter esclarecido que o acordo de coligação com, o CDS
extinguiu-se a partir do momento em que o governo caiu. Questionado pelos
jornalistas acrescentou não ser preciso nenhum ato formal para acabar com a
coligação, mas sublinhando que os dois partidos continuam a ser interlocutores
privilegiados. O PSD e Passos Coelho parece que ainda não perceberam que foram
prejudicados e penalizados durante 4 anos pelas diatribes do CDS e de Portas e que
nas legislativas de 4 de Outubro a postura de Portas foi claramente
penalizadora para a coligação. Vergonhosamente o PSD, influenciado pelo desespero
de uma coligação que não serviu de nada, ainda deu ao CDS uma representação
parlamentar que em termos reais – caso CDS concorresse sozinho às eleições –
nas representaria sequer um terço dos deputados que agora tem. Mas se o PSD e
Passos não querem entender isto, problema deles. Estou-me borrifando para isso
SUCESSO
– Quando ouvimos os anteriores governantes da coligação PSD-CDS falarem
orgulhosos no alegado “sucesso” da governação deles e somos confrontados com
casos vergonhosos como a falência do BANIF e a realidade da pobreza, entre
outros que o tempo se encarregará de desvendar, sentimos alguma raiva. Ficamos
agora a saber que um em cada cinco portugueses é pobre, que mais de 2,2 milhões
de pessoas vivem atualmente em risco de pobreza em Portugal. Mais. Diz o INE
que em 2014 a taxa de privação material dos residentes em Portugal é de 21,6% e
que a taxa de privação material severa se situa nos 9,6%. Constata o INE que em
2015, 51,3% das pessoas vivem em agregados sem capacidade para pagar uma semana
de férias por ano fora de casa, 40,7% das pessoas vivem em agregados sem
capacidade para assegurar o pagamento imediato, sem recorrer a empréstimo, de
uma despesa inesperada próxima do valor mensal da linha de pobreza. 23,8% das
pessoas que vivem em agregados sem capacidade para manter a casa adequadamente
aquecida. Há ainda 10,1% que vivem em agregados sem capacidade para pagar
atempadamente rendas, encargos ou despesas correntes. Diz o INE que a proporção
da população em risco de pobreza ou exclusão social -- pessoas em risco de
pobreza ou vivendo em agregados com intensidade laboral 'per capita' muito
reduzida ou em situação de privação material severa -- foi de 26,7%. A
proporção da população com menos de 60 anos que vivia em agregados familiares
com intensidade laboral 'per capita' muito reduzida foi de 10,9% em 2014 -
consideram-se em intensidade laboral muito reduzida todas as pessoas com menos
de 60 anos que, no período de referência do rendimento, viviam em agregados
familiares em que a população adulta entre 18 e 59 anos (excluindo estudantes)
trabalhou em média menos de 20% do tempo de trabalho possível.
HOSPITAL
– Uma boa notícia foi dada durante o recente debate do orçamento regional para
2016, quando Faria Nunes garantiu que Bruxelas manifestou abertura para apoiara
construção do novo hospital com fundos comunitários. De facto Faria Nunes
garanti que o novo hospital da Madeira entrará em fase de projecto no próximo
ano, estando em curso "o cálculo do dimensionamento do futuro
hospital" para iniciar a revisão do programa funcional. Ou seja a proposta
inicial será alterada, provavelmente reduzida, dado que a RAM dificilmente
garantirá os recursos financeiros previstos na versão inicial desta infraestrutura
de saúde. Só depois de cumpridos estes procedimentos o governo avançará para a
questão do financiamento. É um facto que a construção do novo hospital –
iniciativa do anterior governo regional que foi depois posta de lado quando
Lisboa não a considerou um projecto de interesse estratégico nacional, excluindo-o
assim de qualquer financiamento com fundos europeus – mais do que uma bandeira
eleitoral, com muito oportunismo e saloiada à mistura, deve passar rapidamente
para a decisão concreta: ou há hospital ou não há hospital. E, havendo, quem tem
que gerir esse processo é o Governo Regional e não o PS e muito menos os
partidos da oposição sobretudo quando parece haver entre eles a teoria de que
quem mais alto berrar mais méritos tem direito depois a reclamar. Não brinquem
com coisas sérias, por favor. E tomem decisões.
FMI –
Diz o FMI, depois de todos estes anos, que afinal cortar rápido no défice
prejudica a dívida. Foi preciso esperar que Portugal e outros países tenham
avançado para uma rápida consolidação orçamental no quadro do programa de
ajustamento, para que o FMI reconheça agora que isso pode ter sido prejudicial
para a dívida pública. De acordo com o FMI – que deu emprego ao maior
responsável pelas patifarias e aldrabices promovidas em Portugal sob a capa da
austeridade e do programa da troika, o execrável Vitor Gaspar - admite que no
caso de Portugal o ajustamento foi demasiado rápido, reconhecendo que alguns
países, como Portugal, “implementaram grandes consolidações orçamentais
experimentaram declínios significativos na actividade” mas isso teve um impacto
negativo na economia, muito superior ao que a ‘troika’ previa, daqui resultando
que “apesar do ajustamento orçamental, os rácios da dívida face ao PIB tenham
aumentado mais do que o previsto durante o período do programa”. O FMI vai mais
longe. Apesar de Portugal figurar entre os países onde as reformas estruturais
previstas no programa proporcionaram maiores ganhos no PIB potencial, o FMI
admite que, apesar de toda a literatura económica apontar para que os ganhos
das reformas surjam mais a médio/longo prazo e que no curto prazo o impacto é
neutro ou mesmo negativo, “em vários programas estava implícito que os
dividendos no crescimento começavam logo no segundo ano do programa”. O FMI
continua a defender – sublinha a notícia - que os países que levam a cabo
desvalorizações internas - no caso de Portugal, a ideia era concretizá-la
através da famosa redução da Taxa Social Única (TSU) - obtêm melhores
resultados em termos de crescimento. Mas o objectivo de perseguir uma
desvalorização interna “sustentável” é melhor conseguido “em períodos mais
longos do que o período típico de um programa”. O problema do FMI, pelos
vistos, é que em vez de ter a honestidade institucional de apontar factos no
momento adequado e de criticar quem andou a enganar os povos em nome da troika,
o faça anos depois do mal feito e da patética “saída limpa” e sem que daí
resulte nada de útil e concreto seja para quem for. O mal está feito. E com que
amplitude e impacto social negativo. No nosso caso...
72
MIL MILHÕES - Portugal ainda deve 72 mil milhões de euros aos credores. Ou
seja, Portugal terá de contar durante longos anos com as visitas da troika
todos os semestres para analisar a capacidade de reembolso dos empréstimos
feitos ao país. Segundo o IGCP, organismo que gere a dívida pública do Estado,
estão ainda por pagar cerca de 72 mil milhões de euros dos 78 mil milhões que o
país recebeu entre 2011 e 2014, ao abrigo do programa de assistência. Só quando
a maior parte desta verba for paga deixará de haver missões regulares. No caso
de Bruxelas, os empréstimos foram feitos através de dois fundos de resgate: o
Fundo Europeu de Estabilização Financeira e o Mecanismo Europeu de
Estabilização Financeira. Em conjunto, os dois instrumentos têm a haver
perto de 52 mil milhões de euros. Mas os reembolsos ainda não começaram e as
visitas só acabam quando 75% das verbas forem pagas - o que só deverá acontecer
em 2035. No caso do FMI, Portugal deve ainda 20,75 milhões de euros pelo que
ficaremos debaixo de olho até que a dívida por pagar seja inferior a 200% da
quota de participação no FMI - Portugal tem uma quota de 1,15 mil milhões de
euros no Fundo, pelo que será alvo de visitas até ter uma dívida de 2,3 mil
milhões de euros - o que deverá acontecer em 2021. Digamos que esta realidade
condiciona muita coisa, representa a pesada herança dos governos anteriores e
questiona a eficácia de quatro anos de austeridade que apenas reduziram a dívida
numa insignificante parcela. Para um país que fazia a uma festa do caraças por
alegadamente ter cofres cheios e que repetiu vezes sem conta a treta da
almofada, a realidade financeira é contudo bem mais negra do que parece.
CMF –
A edilidade funchalense, conforme foi noticiado, recusou baixar ordenado dos
seus funcionários, só o fazendo se os 791 funcionários municipais virem os
tribunais recusarem as providências cautelares intentadas pelos sindicatos.
Segundo a vereadora Madalena Nunes, a CMF no anterior mandato (de Miguel
Albuquerque) decidiu subir os escalões remuneratórios dos funcionários, tal
como a generalidade das Câmaras da Madeira, mas tal decisão esbarrou na decisão
do Tribunal de Contas de considerar que tal decisão “não foi correcta”
obrigando por isso à correção da situação, com reposicionamento em escalões remuneratórios
mais baixos. A CMF ignorou esta decisão do Tribunal de Contas, pelo menos até
que haja uma decisão e uma ordem judicial de sentido contrário.
AVELINO
FARINHA – Uma vez mais tenho que colocar em destaque a coragem e audácia deste
empresário madeirense, tantas vezes criticado, mas que continua a ser dos
poucos investidores na RAM, em plena crise, e um dos poucos a gerar emprego,
apesar da brutal redução do investimento público, regional ou autárquico, para
valores que nada têm a ver com o passado e que explicam porque razão a Madeira
nunca, repito, nunca conseguirá reduzir o desemprego para valores considerados
admissíveis e normais numa região insular. Penso que muitas das críticas feitas
a Avelino, por alguns sectores políticos mais radicais e ocos da oposição
política regional, têm muito a ver com a constatação da importância deste
empresário para a Madeira e com a necessidade de impedir que o empresário
continue na senda do investimento e do sucesso, porque isso não se identifica
com a teoria da terra queimada desses sectores oposicionistas. Acresce a isto
algo que nesta terra se banalizou, as diatribes quem não é capaz de esconder
invejas e ciúmes mal curados, etc, de quem nunca aceitou o sucesso de Avelino
Faria e das suas empresas. O facto do empresário ter fechado o negócio de
aquisição pelo Grupo AFA da totalidade das acções representativas da Siet
Savoy, permite que passem para a sua tutela unidades hoteleiras emblemáticas,
casos do Royal Savoy e do Savoy Gardens, a que se junta a conclusão do projecto
de construção do Hotel Savoy, parado desde 2011 por falta de financiamento,
resolvendo-se assim um dos principais problemas da cidade que dava à zona
hoteleira uma imagem degradante.
Para
além das dificuldades que José Avelino Farinha teve que ultrapassar nas
negociações com os anteriores proprietários da empresa agora adquirida – e que
não tinham condições financeiras nem interesse em concluir o Savoy que haviam
demolido – fui informado que alguns dos mentecaptos do costume que continuam a
ter inveja do sucesso de Avelino Farinha tentaram convencer a CMF a alterar o
projecto devidamente aprovado em 2010, na expectativa de que o empresário
desistisse e tudo continuasse na mesma, no fundo o desejo desses mentecaptos
que conspurcam a sociedade e o quotidiano da RAM num tempo cada vez mais
exigente e onde todos os desafios devem ser enfrentados e vencidos. Depois da
inauguração este ano do sensacional Saccharum Hotel na Calheta, teria sido
muito mais fácil a Avelino Farinha fazer despedimentos, por falta de obras ou
investir noutras paragens com rentabilidade garantida. Não fez uma coisa nem
outra. Investiu na Madeira e já publicou anúncio de contratação de 150 pessoas
para trabalharem nas obras de construção do novo hotel, previstas para se
desenvolverem por um prazo de 2,5 a 3 anos.
Recordo
que a construção do novo Hotel Savoy, projectado por Horácio Roque e Joe
Berardo, apontava para um investimento de 170 milhões de euros, devendo o hotel
ficar concluído em finais de 2012. Nada disso aconteceu. O Savoy fechou a 11 de
Maio de 2009 e começou a ser demolido a 4 de Janeiro de 2010, empreitada que
demorou seis meses e custou perto de 30 milhões de euros. O empreendimento terá
16 pisos, na área de edificação com 65 mil metros quadrados. José Avelino Farinha
tem por isso o direito e todo o mérito de figurar neste barómetro e em local de
destaque.
Sem comentários:
Enviar um comentário