A taxa de pobreza em Portugal mantém-se em máximos, a desigualdade na distribuição de rendimentos recuou ligeiramente, mas a pobreza continua a alastrar entre a população empregada, mostra o INE relativamente a 2014. Cerca de 9,9% dos trabalhadores eram pobres em 2011; em 2014, essa proporção subiu para 11% (era 10,7% em 2013). “O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EUSILC), realizado anualmente junto das famílias residentes em Portugal, indica que 19,5% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2014, igual ao valor estimado para 2013”, diz o Instituto Nacional de Estatística. Em 2011, ano do início do ajustamento, a pobreza afetava 17,9% da população portuguesa. “De acordo com este inquérito, a taxa de risco de pobreza correspondia à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos anuais por adulto equivalente inferiores a 5059 euros em 2014 (cerca de 422 euros por mês). Este limiar, ou linha de pobreza relativa, corresponde a 60% da mediana da distribuição dos rendimentos monetários líquidos equivalentes”, refere o INE. Para se ter uma ideia da dimensão deste fenómeno da pobreza entre trabalhadores, e considerando apenas empregados por conta de outrem (final de 2014), significa que os 11% apurados pelo INE equivalem a mais de 402 mil pessoas na pobreza, apesar de trabalharem. Desemprego piora tudo, claro Se quem trabalha está cada vez mais sujeito à miséria, quem está desempregado encontra-se ainda em pior situação. E esta tem vindo mesmo a degradar-se de ano para ano, uma tendência que é facilmente explicada com a depressão do mercado de trabalho e com a redução de direitos em matéria de subsídio de desemprego e no regime de indemnizações. Em 2014, cerca de 42% dos desempregados eram pobres, proporção que tem vindo a aumentar paulatinamente nos últimos anos. Em 2011, era afetada 38,3% da população sem trabalho. E os reformados também estão a sofrer mais, destaca o INE. “Em 2014, foi sobretudo a população reformada aquela que viu aumentar o risco de pobreza, com uma taxa de 14,5% face a 12,9% no ano anterior.” Sem o apoio do Estado e da Previdência, a situação social portuguesa seria ainda mais sombria. Isto é, sem as transferências sociais (todos as prestações, incluindo pensões) a pobreza atingiria quase metade da população. “Considerando apenas os rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, 47,8% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2014.” Analisando apenas o efeito das pensões no combate à pobreza, o INE refere que “os rendimentos provenientes de pensões de reforma e sobrevivência contribuíram em 2014 para um decréscimo de 21,4 pontos percentuais do risco de pobreza, resultando assim numa taxa de risco de pobreza após pensões e antes de transferências sociais de 26,4%”. Igualmente pobres, mas um pouco menos desiguais Segundo o INE, “em 2014, reduziu-se a assimetria na distribuição dos rendimentos entre os grupos da população com maiores e menores recursos”. “A distância entre o rendimento monetário líquido equivalente dos 10% da população com maiores recursos e o rendimento dos 10% da população com mais baixos recursos, foi de 10,6 (11,1 no ano anterior)”. Adicionalmente, o Coeficiente de Gini também desceu um pouco. Este índice “tem em conta toda a distribuição dos rendimentos, refletindo as diferenças de rendimentos entre todos os grupos populacionais, e não apenas os de menores e maiores recursos”. “Em 2014, este indicador registou um valor de 34,0%, reduzindo-se em meio ponto percentual face ao ano anterior (34,5%)”. O INE explica em nota metodológica que “em 2015, o inquérito dirigiu-se a 10323 famílias, das quais 8740 com resposta completa (com recolha de dados sobre 21965 pessoas; 18702 com 16 e mais anos). A operação de recolha decorre normalmente entre abril e maio de cada ano” (Dinheiro Vivo)
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