Avelino Farinha
Com uma empresa - a AFA - de
assinaláveis proporções, que emprega hoje cerca de 750 a 800 pessoas (já
teve muitas mais mas a crise também deixou marcas profundas na Madeira, nalguns
casos e sectores irreparáveis, o que não foi o caso desta empresa e deste
empresário), Avelino Farinha tudo tem feito nestes últimos anos, onde as
crise no sector da construção em Portugal é mais do que evidente, para seguir
em frente, dar um murro na mesa, diversificar mercados e marcar presença, com o
seu pessoal, em novas oportunidades de negócio que aparecem um pouco por todo o
lado, particularmente no Continente e em África.
Avelino Farinha merece esta escolha para a galeria das personagens
do ano que o Ultraperiferias elaborou, por tudo o que tem feito, pelo que
representa, pelos empregos que gera na Madeira, pelos riscos que corre, pela
discrição com que se movimenta no complexo mundo dos negócios, pela dignidade,
educação e trato que exibe.
A abertura este ano do excelente hotel Saccharum na Calheta foi o
primeiro sinal de que o turismo seria uma aposta reforçada de Avelino Farinha,
uma aposta de sucesso pois a qualidade daquela unidade hoteleira na marginal da
Calheta é por todos reconhecida e elogiada. Avelino ganhou a aposta e passou a
dispor de um 4 estrelas com 175 quartos, 6 suites e 62 apartamentos, pensado
para serviços de qualidade e luxo. Um investimento superior a 15 milhões de
euros.
O grupo AFA que lidera foi fundado em 1980 na Madeira, tendo-se
transformado ao longo dos anos e graças aos investimentos realizados num grupo
empresarial com uma dimensão internacional consolidada e com interesses em
diversas áreas de negócio, preservando contudo a construção civil e as obras
públicas como a sua actividade principal e na qual Avelino Farinha se sente
como peixe na água.
A sua aposta internacional levou o grupo ao continente africano onde em
2007, na Mauritânia e no Senegal, iniciou a sua expansão internacional mas Angola
é o seu principal mercado. Além da Madeira onde é claramente líder de mercado,
o grupo AFA está presente em Portugal Continental e nos Açores, mantendo
interesses em diversas áreas de negócio.
Como o próprio líder do grupo refere, "foi com trabalho árduo, dedicação, imaginação e muito rigor, técnico e
financeiro, que, ao longo dos últimos trinta anos, se foi construindo,
desenvolvendo e consolidando a actividade do Grupo AFA".
A cereja no topo do bolo, podemos assim chamar, foi conseguida neste
final de ano com uma espectacular operação de compra do SAVOY, uma estrutura
hoteleira demolida na Avenida do Infante e que se limita a ser hoje um pesadelo
em plena zona turística, transformado num buraco sem destino, devido ao facto
dos anteriores proprietários terem desistido do investimento previsto e
aprovado para aquele espaço. Durante dois anos, e num investimento global da ordem
dos 100 milhões que poderão chegar aos 180 ou 200 milhões com a construção da
nova unidade hoteleira,Avelino Farinha dará emprego a centenas de
pessoas, evitar ser forçado a ter que recorrer ao despedimento por falta de
obras - despedimentos que ele considera ser o pior pesadelo que o persegue e
atormenta - criando depois, quando o hotel estiver concluído mais de uma
centena de novos postos de trabalho no futuro Savoy.
Não é fácil ter-se sucesso numa terra como a Madeira. Uma terra onde as
invejas, a má-lingua, as acusações infundadas, os ciúmes pelo sucesso dos amigos,
dos vizinhos e até dos familiares etc, são características que imperem no dia-a-dia
e tentam moldar a nossa sociedade. Há gente que ataca outros por razões que têm
apenas a ver com política e com amizades ou inimizades com terceiros. Avelino Farinha tem sido criticado e acusado de estar próximo do regime, porque
essa é a via mais fácil, ignorando os seus críticos da trampa a capacidade de iniciativa e de realização do
empresário, os riscos, as apostas feitas e ganhas quando a concorrência estava
toda sentada de sofá em casa, despedindo trabalhadores, não lutando por obras,
justificando a inércia e a passividade pela crise, pura e simplesmente não fazendo
nada. José Avelino Farinha ainda hoje é criticado, embora a uma escala muito
mais reduzida, por razões puramente políticas, por crápulas que pretendem desestabilizar
a sua empresa a impedir que ele faça o que faz. José Avelino Farinha foi
criticado muitas vezes por alegadamente ser próximo ou amigo de Alberto João Jardim.
Ora isso é razão suficiente para o denegrir, derrubar, perseguir, enxovalhar na
praça pública. Mesmo que as centenas de pessoas que emprega fossem para o
desemprego. Para esses crápulas era (ainda
é) mais fácil criticar por criticar o empresário na expectativa – que perceberam
logo constituir um logro – de que ganhariam votos. Ganham votos, se ganham, dos
ressabiados, dos invejosos, dos que nada fazem, dos que encomendam a políticos
e partidos críticas ou a denúncia de situações falsas, fugindo depois a coresponsabilidades
deixando isso para aqueles a quem recorreram e usaram na cruzada contra
terceiros, tudo por causa da inveja e do ciúme.
Miguel Albuquerque
Miguel Albuquerque é indiscutivelmente a
personalidade política do ano e é fácil perceber porquê. Tudo o que se passou no
PSD-Madeira, quando Alberto João Jardim anunciou que não se recandidatava à
liderança do partido, passou por Albuquerque, para quem o caminho ficou claramente
facilitado até porque o ex-Presidente da CMF tinha sido candidato nas
anteriores “directas” e reunia não só uma estrutura de apoio que tinha todas as
condições para trabalhar pela vitória da candidatura, mas porque conseguiu ao
longo dos anos, concordem ou não com o que digo, cultivado a ideia, que se foi
consolidando com o tempo, de que seria uma espécie de candidato natural à liderança
do PSD-Madeira e potencialmente o que mais condições teria para vencer essa corrida
num partido claramente apostado num contexto de mudança.
De facto MA ganhou as “directas” no PSD-Madeira,
quer a primeira volta, quer depois a segunda volta, enfrentando nomes conhecidos
do partido que acabaram por render-se à evidencia dos resultados.
Recordo que Com 7164 inscritos participaram no acto
eleitoral 5644 militantes, a maior afluência de sempre, uma abstenção de 21,2%.
Nas directas de 2012, participaram 3473 militantes, de um universo total de
3859, tendo Alberto João Jardim obtido 51% da votação contra 49% de Miguel
Albuquerque 49%, graças a uma diferença de 142 votos. Digamos que nessa altura
foi dado um sinal claro quer a João Jardim, quer a Miguel Albuquerque, neste
caso claramente a abrir caminho a uma nova tentativa de eleição e de conquista
da liderança do PSD-Madeira.
Depois de conhecidos os resultados o
eleito afirmou que «esta vitória é concludente porque tivemos uma percentagem
de 47,5%, com seis candidatos". Miguel Albuquerque foi o candidato mais
votado à liderança do PSD-Madeira, com 47,71% dos votos expressos, seguido do
ex-Secretário Regional da Agricultura e Recursos Naturais, Manuel António
Correia que não foi além dos (27,81%). O ex-Vice-Presidente do Governo
Regional, João Cunha e Silva (15,97%) ficou em 3º seguido do ex-deputado
europeu Sérgio Marques (5,3%), do vice-presidente da Assembleia Legislativa
regional, Miguel de Sousa (2,3%) e do líder parlamentar e secretário-geral do
PSM-Madeira, Jaime Ramos (0,72%). Albuquerque ficou a escassos 180 votos da
maioria absoluta.
Na segunda volta, Miguel Albuquerque
venceu em 10 dos 11 concelhos, Albuquerque - Manuel António ganhou apenas na
Ponta do Sol - e em 42 freguesias contra 12 para o outro candidato. Albuquerque
venceu com 64,06% dos votos contra 35,94% de Manuel António Correia, secretário
do Ambiente e Recursos Naturais. No discurso da vitória, o ex-presidente da
Câmara Municipal do Funchal afirmou que “quem disse que o PSD/Madeira ia sair
enfraquecido destas eleições, enganou-se redondamente“.
Estava dado um primeiro passo para a
mudança no maior partido que seria confirmada em Janeiro de 2015 no Congresso do PSD onde foi
claramente definida a aposta prioritária: maioria absoluta nas regionais que
seria suscitadas imediatamente conforme posição assumida pelo novo líder e
vitória nas eleições legislativas nacionais.Depois da vitória nas regionais de 2015, obtida por apenas um mandato – mas sem que não devam ser excluídos diversos factores que de uma forma ou de outra condicionaram o PSD, a campanha eleitoral e a mensagem levada até aos eleitores – seguiu-se uma vitória nas legislativas nacionais, que nem a perda de um mandato ofusca. O PSD-Madeira foi vítima, tal como o CDS, dos efeitos da austeridade, do impacto negativo da postura arrogante de Passos Coelho e do CDS. Não era possível ao PSD travar essa onda de descontentamento e de contestação que se revelou nas urnas. Uma das posturas de MA, que ele assumiu devido à amizade pessoal com Passos que não deve ser confundida com outras coisas muito mais importantes que isso, foi uma proximidade ao ex-primeiro-ministro, mesmo quando sabíamos todos que as eleições de 4 de Outubro provavelmente provocariam um choque e que colocariam ao PSD-Madeira dificuldades tremendas para continuar no exercício da governação. O que aconteceu. Não acredito, ao ao contrário de outros analistas políticos regionais mas não rejeito liminarmente, a tese de que algum do eleitorado mais urbano, contestador da austeridade que os madeirenses sentiram de forma superior à dos continentais, não tenham gostado dessa proximidade de MA a Passos e que o PSD-Madeira tenha em certa medida recebido um aviso disso. Continuo a pensar que foi uma conjugação de vários factores, desde Passos à austeridade, do PAEF a uma desilusão popular com a política – que levou a abstenção para valores recorde que são preocupantes e que nem mesmo as tentativas de desvalorização de uma realidade, sem sustentabilidade técnica e científica, assente na veiculação de tretas sobre a dimensão na RAM do chamado eleitorado flutuante.
Com vários desafios pela frente, ao nível da governação, com a necessidade de continuar a ter o partido na mão, mobilizado, a pensar já nas autárquicas de 2017 que MA já disse que pretende ganhar, incluindo recuperar as Câmaras Municipais perdidas em 2013, é possível que o PSD-Madeira possa sofrer algum impacto negativo decorrente de factos novos que possam surgir na política nacional – o primeiro dos quais foi o vergonhoso processo do Banif e a forma criminosa como foi tratado pelo anterior governo, a que se juntam as patifarias, mentiras e os embustes sobre a devolução da sobretaxa do IRS – mas MA parece funcionar como uma garantia de que os estragos que isso possa causar serão controlados. MA tem claramente – o facto de ser um partido de poder ajuda muito – o PSD-M com ele e continua a beneficiar do estado de graça que estas mudanças políticas nos partidos geram. Não creio que até este momento nem MA nem o Governo Regional tenham desiludido os madeirenses, apesar dos esforço da oposição para dar a ideia de que no PSD-M é “mais do mesmo” quando basta olhar para a oposição e perceber com rigor onde é que isso se verifica, de facto. Perfeitamente óbvia e justificada esta escolha deste blogue para personalidade política do ano na Madeira.
Sem comentários:
Enviar um comentário