segunda-feira, novembro 19, 2012

Opinião pessoal: "A farsa (1)"

"A discussão do orçamento de estado para 2013 transformou-se numa tremenda farsa, tanto mais repugnante quanto á conhecida a situação em que o país e os portugueses se encontram. É demasiado nojento que a volta de um assunto demasiado sério se faça propaganda miserável e se ande a aldrabar os portugueses, repetidamente, todos os dias. É disso se trata. De um embuste, de uma monumental farsa, de uma aldrabice montada para enganar as pessoas e iludir os cidadãos e contornar a sua crescente revolta. E nem vamos falar do que custará, para as famílias, as empresas e os cidadãos em geral, a tal "refundação" do memorando de entendimento que na realidade não passa de uma pretendida redução de despesas no domínio do chamado "estado social" de "pelo menos" 4 mil milhões de euros até 2014, mas que na realidade podem ultrapassar, segundo especialistas os 5,5 mil milhões de euros. Quanto implicará para as pessoas o corte das despesas do Estado? Quanto vão os portugueses pagar mais pela saúde e pela educação? Qual o futuro dos reformados e dos pensionistas? Que apoios sociais estará o estado disposto e disponível a conceder aos pobres, aos desempregados, aos mais carenciados da nossa sociedade?
Este orçamento de estado para 2013 é um instrumento que, por si só, deveria constituir razão mais do que suficiente para a demissão deste governo. Não por causa da austeridade, que tem que haver depois do estado de falência total em que os socialistas deixaram o país, legado que tentam negar, como se tudo o que hoje se passa no nosso país não tivesse nada a ver com eles. Mesmo que o memorando de entendimento na sua versão original pouco ou nada tenha a ver hoje com a sua execução e com as alterações sucessivamente introduzidas pelas várias revisões feitas pela "troika" a verdade é que essa herança o PS não pode negar. Tal como não pode tentar passar entre os pingos da chuva. Razão mais do que suficiente para a demissão deste governo, não por causa da necessidade de debatermos a sustentabilidade - há que fazê-lo - do Estado em determinados domínios que exigem maiores esforços financeiros e que acabam por ser financiados à custa do aumento dos impostos dos cidadãos. Mas essencialmente por causa da dimensão da austeridade, da cegueira e da teimosia das políticas deste governo de coligação abjeto e do impacto social e económico altamente negativo e depressivo que esta austeridade tem provocado, ainda por cima sem resultados plausíveis que justifiquem o esforço imposto.
O que é insultuoso para os cidadãos é que no meio de uma crise com esta dimensão andem o primeiro-ministro e o ministro das finanças hipocritamente mergulhados num mundo de fantasia, quando na realidade vivemos num poço de miséria e disso eles se vangloriam. Ora são as importações, ora é o saldo comercial, ora é o saldo primário, ora são os mercados, ora é a credibilidade, ora é o euro, ora é a Grécia com a qual não nos queremos comparar mas que provavelmente em 2013 para lá caminharemos, etc. As baboseiras que já irritam. E o povo? E os desempregados? E as empresas falidas? E os pobres que rebentam com todos os indicadores toleráveis e se disseminam todos os dias? E os pensionistas? E os reformados? E os cidadãos que nem dinheiro têm para comer? E os portugueses que já nem condições têm para comprar medicamentos? E o futuro da saúde? E o futuro da educação? E do ensino superior? E a falência de hospitais?
É execrável esta forma de fazer política. Não há rigor, não há valores, não há ética nem princípios. É a política do vale tudo, da sobrevivência no poder, da submissão cega face a interesses estrangeiros pouco claros. E tudo para quê? Para que ministros e primeiros-ministros cuidem da sua imagem? Para que ministros cuidem dos seus lugares e eventuais tachos futuros? Para que ministros se andem a pavonear, na sua insignificância idiota e ridícula, em reuniões ministeriais europeias como se fossem competentes, quando na realidade falharam todas as previsões e empobrecem o país? Estamos a ser governados por uma cambada de incompetentes e oportunistas. E o povo devia revoltar-se contra isto, doa a quem doer, gostem ou não do que acabo de afirmar.
Por que razão digo que este orçamento é uma farsa? Vamos a alguns exemplos. Para já, e como nota preliminar, trata-se de um orçamento com uma brutal carga fiscal que vai afetar famílias e empresas. Temo sinceramente pelo que nos vai acontecer a todos em 2013, temo pela estabilidade do país, temo pelo futuro das famílias, temo pelos jovens sem emprego e obrigados a emigrar pelo discurso do governo de coligação bandalho que temos no poder, temo por tudo o que era suposto fossem os pilares essenciais da estrutura e do funcionamento da nossa sociedade.
Porque, de repente, aparece no quotidiano dos portugueses uma cambada de energúmenos armados em "salvadores" da pátria, sem que ninguém lhes tenha passado procuração para coisa nenhuma, mas que na realidade se limitam a cumprir ordens e se comportam como servos submissos de desígnios europeus mais altos e poderosos, incapazes de defenderem o país e os cidadãos com lhes competia, e que nos arrastam para um pantanal, onde lutar pela sobrevivência passou a ser o principal desafio (!). E que ficam satisfeitos à medida que nos afundamos nas areias movediças que eles próprios foram espalhando no nosso caminho mas que de todos esconderam.
Estamos a falar de pessoas impreparadas, incompetentes, sem experiência, da vida e do mundo empresarial, sem rigor e sem valores, que assumem o poder graças a um embuste assente na manipulação, na viciação de dados, na mentira, na ameaça, na chantagem, na demagogia e na sistemática aldrabice, aliás à imagem do que depois fomos percebendo à medida que as notícias eram difundidas. Desde os cursos superiores tirados a martelo em privadas, graças a conhecimentos pessoais ou tráfico de influências, às empresas (entretanto falidas) envolvidas em negociatas graças a "lobbies" políticos que não conhecem partidos nem ideologias. Começou-se aos poucos a perceber a dimensão do perigo que nos ameaça e que, por isso, deve ser rapidamente aniquilado, esmagado se quiserem, antes que seja tarde demais" (JM)