domingo, novembro 18, 2012

Alertam directores editoriais: "Profunda" queda de publicidade inviabiliza vários média em Portugal

Segundo o Correio da Manhã, a "profunda" queda de receitas de publicidade está a inviabilizar vários meios de comunicação social em Portugal, alertaram esta sexta-feira directores editoriais de três grupos de média.A Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, acolhe desde quinta-feira o ‘Congresso Internacional: Jornalismo e Dispositivos Móveis’. O evento reuniu hoje José Alberto Carvalho, director de informação da televisão TVI, Henrique Monteiro, director de novas plataformas do grupo Impresa, e Pedro Tadeu, director da agência Global Imagens do grupo Controlinveste. A redução de receitas de publicidade na imprensa em Portugal foi apelidada pelo vários responsáveis presentes como "profunda", acrescentando Henrique Monteiro que o recuo desde 2011 é comparável a uma queda "num poço sem fundo". Segundo referiu, a publicidade na imprensa caiu 27% em 2011, já tombou 29% em 2012 e para 2013 está prevista nova queda de "10 a 15%".  "Isto leva a que os jornais se estejam a tornar insustentáveis", referiu, considerando que "só o ‘Expresso',' Jornal de Notícias' e ‘Correio da Manhã' serão sustentáveis", excepto, eventualmente, jornais regionais com "modelos simples". No congresso que analisa a evolução do mercado móvel, Henrique Monteiro referiu que o aumento de dispositivos digitais ainda não compensa a queda de receitas no papel, porque "a crise não ajuda a comprar objectos com 500 a 600 euros". Pedro Tadeu partilhou das preocupações e acrescentou que, nos meios digitais, nada se faz "sem talento, nem pessoas, mas hoje os jornais estão com dificuldades em contratá-las", optando por rentabilizar os recursos que já têm. Por outro lado, este responsável da Controlinveste lamentou que empresas como o Google, Facebook e operadores de telecomunicações arrecadem a maioria das receitas na Internet, cabendo a menor fatia aos produtores de conteúdos. "A publicidade e algumas coisas pagas" nos formatos digitais representam "pouco" para tornar os meios sustentáveis, referiu, considerando que "a estrutura de capitais tem que mudar". José Alberto Carvalho alertou para a previsão de que, no final deste ano, "a dimensão financeira do mercado publicitário [na televisão em Portugal] seja equivalente ao que existia em 1997". "Cada um que imagine como se vivia em 97, com tudo o que não tinha sido inventado", referiu, alertando que na indústria dos média "não pode haver um mercado de 1997 e uma empresa de 2010". Por ouro lado, da parte dos consumidores, considerou que o mercado de versões digitais pagas é reduzido, questionando se só poucos pagam "quais é que são as condições de sobrevivência", como é que é possível "manter uma empresa profissional" ou "pagar minimamente salários competitivos".