Escreve o jornalista do Publico, Rosa Soares, que o “plano de ajuda financeira a Portugal representa 7520 euros por cidadão e é o valor mais baixo dos resgates concedidos. O valor da Irlanda sobe para 19.000 euros. Um pacote de ajuda financeira a Portugal, no montante estimado de 80 mil milhões de euros, representa "um empréstimo" de 7520 euros por "cada cidadão" nacional, o valor mais baixo entre os países que já solicitaram ajuda. O plano de apoio à Grécia implica um pouco mais, de 9730 euros por cada cidadão, e à Irlanda dispara para os 19.000 euros. O valor mais elevado da Irlanda face a Portugal e à Grécia explica-se pelo facto de o país ter uma população substancialmente menor (4,4 milhões de habitantes), comparativamente aos restantes países. O plano de resgate financeiro da Irlanda, concedido no final do ano passado, totaliza 85 mil milhões de euros. A Grécia, que tem uma população de 11,3 milhões de habitantes, receberá um total de 110 mil milhões de euros.
Estes dados perdem alguma relevância quando se olha para outros indicadores, a começar pelas fracas perspectivas de crescimento da economia portuguesa. Em 2012, e de acordo com as previsões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), Portugal será o único país da zona euro em recessão, devendo recuar 0,5 por cento. As perspectivas para o corrente ano são ainda piores, já que apontam para uma contracção do PIB de 1,5 por cento. Chamada a resolver um problema grave no sistema financeiro, a Irlanda atravessou um período de recessão em 2010, com uma contracção de 1,1 por cento do PIB. Mas a senda do crescimento deverá ser retomada já este ano, com um crescimento modesto de 0,5 por cento mas que deverá aproximar-se dos dois por cento em 2012. A Grécia, que chega à situação de crise pelo elevado défice público e elevado endividamento externo, deverá retomar a via do crescimento em 2012, depois da queda de 4,5 por cento em 2010 e da queda estimada para o corrente ano de três por cento. Outro indicador em que Portugal compara mal com os outros países mais afectados pelo crise da dívida e dos défices excessivos prende-se com a dívida externa bruta, que ultrapassa os 396,5 mil milhões de euros, representando 229,4 por cento do PIB nacional. Não só o Estado, mas também as empresas e famílias apresentam um endividamento elevado, um factor que se torna ainda mais preocupante quando as perspectivas económicas são "muito cinzentas" e há necessidade de mais medidas de austeridade".
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