sexta-feira, abril 29, 2011

O resgaste da Grécia e da Irlanda

"Grécia já recebeu 49% da ajuda
Quando a Grécia precisou de assistência financeira, a Zona Euro não estava institucionalmente preparada para o fazer. É por isso que a parcela de 80 mil milhões de euros, dos 110 aprovados para ajudar Atenas, correspondem a empréstimos bilaterais dos restantes Dezasseis do euro. Desde que foi aprovada a assistência financeira à Grécia, a 2 de Maio do ano passado, FMI e os estados do euro, incluindo Portugal, já concretizaram a transferência de cinco tranches do empréstimo, no montante equivalente a 48,9 mil milhões de euros, ou 44,5% do total. Mas o plano de austeridade que acompanhou o envelope financeiro está a deixar o País em apuros. Um ano depois, a economia entrou numa depressão profunda (recua 5%) e a taxa de desemprego oficial disparou para os 15%. Os mercados também não se mostraram satisfeitos com o pacote, e continuam a castigar o preço da dívida. Perante a insustentabilidade da situação, agências de "rating" e diversos economistas internacionais já dão como provável uma reestruturação da dívida. Na frente política, jogam-se novamente delicadas batalhas. A Alemanha veio dizer que, caso as contas públicas do país continuem a derrapar, em Julho terá de haver algum tipo de renegociação da dívida. Mas para Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, o que é preciso é menos austeridade: "O grande problema é que não se está a dar tempo a estes países. A dívida da Grécia é sustentável se a Grécia tiver tempo para a reduzir". O fracasso do plano de ajuda externa tem levado o FMI a pressionar Bruxelas para que seja mais branda com Portugal quanto ao período de ajustamento e quanto às medidas.
Irlanda, o primeiro a ser apoiado pelo FEEF
A 21 de Novembro de 2010, a Irlanda foi segundo país do Euro a sucumbir à pressão da escalada dos juros da dívida pública. E foi o primeiro a estrear o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), o mecanismo de apoio desenhado por Bruxelas após o drama grego. Confrontada com um sector financeiro periclitante, a Irlanda tem prometido um envelope financeiro de 85 mil milhões de euros, 35 mil milhões dos quais para a banca e 50 mil milhões para o Estado. A Europa (45 mil milhões) e o FMI (22,5 mil milhões de euros) são responsáveis pelo grosso do financiamento. Além de ter estreado o FEEF, os irlandeses têm ainda a particularidade de receberem dinheiro do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, um instrumento que existe há vários anos e que depende exclusivamente da gestão da Comissão Europeia. Apesar de terem beneficiado de condições iniciais mais favoráveis do que os gregos (a Irlanda só precisa de ter os défice abaixo dos 3% em 2015 e tem um prazo de reembolso do empréstimo muito dilatado, de 7,5 anos), os irlandeses estão a pagar mais caro pelo empréstimo. A taxa de juro exigida mantém-se nos 5,8%, quando os gregos já conseguiram baixar os seus encargos iniciais para os 4,5%. Em causa está um braço-de-ferro com Bruxelas que, para renegociar os juros, exige dos irlandeses uma subida da taxa do IRC, que não encontra paralelo na Zona Euro. Na frente económica, o país fechou 2010 a recuar 1%, tendo as más perspectivas económicas e orçamentais para 2011 levado a uma descida do seu "rating" para apenas um nível acima de "lixo". Mais medidas de austeridade e uma renegociação da dívida começam já a ser faladas”.
(fonte: Jornal de Negócios)

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