quarta-feira, abril 27, 2011

BCP - Aumento de capital não chega para novo fôlego

Segundo o Jornal de Negócios, num texto do jornalista Hugo Paula, "austeridade e possibilidade de novo reforço de capital pode manter investidores à margem. O sucesso do aumento de capital do BCP não permite que se ponha de lado, para já, a eventual necessidade de uma nova operação. Além desta, existem outras incertezas no sector, que deverão manter os investidores da banca afastados. O aumento de capital aprovado na semana passada pode servir para aumentar os capitais elegíveis para o "core tier 1" em até 1,37 mil milhões de euros. No final, o rácio de capital deverá rondar os 9%, ficando confortavelmente acima dos 8% exigidos pelo Banco de Portugal até ao final do ano. No final da semana soube-se que quatro bancos de investimento internacionais se comprometeram a tomar firme a operação. As novas exigências visam preparar o banco para os testes de "stress" que se avizinham. Os resultados serão conhecidos no final de Junho. Mas, mesmo antes de se saber a nota, o assunto promete provocar alguma volatilidade nos títulos. Uma das fragilidades do banco é a exposição à dívida grega que, em Junho do ano passado, totalizava 718 milhões de euros. Se é verdade que a proposta de troca de títulos perpétuos por novas acções do BCP, no âmbito do aumento de capital, deverá ser atraente para aqueles que já financiam o banco, o mesmo não se aplica aos que aguardam ventos mais favoráveis para adquirir uma exposição ao sector. São muitas as incertezas que hoje ensombram as perspectivas de rendibilidade para o accionista. Por um lado, a ajuda externa a Portugal vai trazer novas medidas de austeridade, penalizando a economia. O aumento do desemprego vai colocar pressão sobre o crédito malparado, o que pode obrigar os bancos a aumentarem o nível de provisões, castigando os resultados líquidos.

Por outro lado, a presença do FMI e a necessidade de conferir maior solidez ao sector financeiro, podem levar o Banco de Portugal a subir, ainda mais, os rácios de capital da banca, de forma a melhorar o acesso a finaciamento nos mercados internacionais. O nível de solvabilidade adequado poderá ser revisto para 10%. Esta hipótese foi admitida pelo próprio presidente do BCP, que na assembleia-geral realizada no início da semana passada afirmou que "será discutível se [o aumento de capital aprovado] chega para os tempos que aí vêm". Mas não é só o aumento de capital a ameaçar a rendibilidade das acções do BCP. O banco continua a ter de reduzir a dependência "do financiamento barato do BCE", refere o analista Mariano Colmenar, do Santander. Ainda que o momento não seja o mais favorável, há aspectos que podem justificar uma aposta no banco. Uma, é o facto de estar a negociar com um elevado desconto face aos ao valor dos activos, mesmo quando comparado com o sector. Outro trunfo do BCP é a exposição a mercados emergentes com potencial de crescimento, como Angola, Polónia e Moçambique. A actividade internacional representou 17,3% dos lucros conseguidos pelo banco em 2010. E a tendência é para esta proporção crescer.

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