Diz a última edição do Expresso que "ao longo destes seis anos, Portugal cairá quatro posições a nível internacional no ranking dos países com maior PIB per capita. Uma tabela que em 2016, de acordo com o FMI, será liderada pelo Qatar e onde os portugueses terão já 20 países da União Europeia à sua frente. Os problemas nos países da periferia da Europa não impedem, contudo, que o conjunto da zona euro esteja a crescer. Este ano, deverá avançar 1,6% e no próximo 1,8%. A nível global, a economia deverá avançar 4,4%, menos 0,4 pontos do que no ano passado. Entre as locomotivas destacam-se a China, com um crescimento superior a 9% nestes dois anos, a Índia (8%) e o Brasil (acima de 4%). Significa isto que a crise está definitivamente ultrapassada? Claramente que não. E foi isso que disseram vários responsáveis do FMI nas intervenções que foram fazendo ao longo da semana durante as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial. Em primeiro lugar, porque os problemas com a dívida pública na zona euro são uma segunda fase da crise. Foi isso mesmo que sublinhou o diretor do FMI, Dominique Strauss-Khan, que pediu cautelas nas medidas de controlo orçamental para não comprometer a retoma e alertou para outros riscos que existem no horizonte: o sobreaquecimento em algumas economias emergentes, a subida do preço do petróleo e das matérias-primas e, acima de tudo, a dificuldade em criar empregos. “Empregos, empregos, empregos”, apontou o francês como sendo a grande prioridade neste momento. Strauss-Khan pediu mesmo que haja complacência nesta matéria já que, até agora, crescimento não tem sido sinónimo de criação de emprego. Já a questão do sobreaquecimento trouxe uma novidade na posição do FMI. Quer o diretor da instituição quer Tharman Shanmugaratnam, que preside ao Comité Financeiro e Monetário Internacional, admitiram a utilização de restrições aos movimentos de capitais para lidar com este problema. Algo que durante anos foi diabolizado pelo FMI, por ser um entrave ao funcionamento dos mercados e poder criar distorções graves, mas que agora é encarado de forma pragmática quando todas as outras medidas não funcionam. Na fábula de La Fontaine, a tartaruga é lenta, mais lenta do que a lebre, mas no final ganha a corrida. Só que a economia real não é uma fábula, nem os países são animais. Portugal é a tartaruga a nível mundial, mas uma tartaruga que, pelo menos nos próximos cinco anos, não vai ganhar a corrida a ninguém. A economia portuguesa será a única em recessão em 2012, segundo as previsões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas na semana passada, mas o cenário é ainda mais negro quando se olha mais para a frente no tempo. Normalmente, apenas as projeções para os anos mais próximos são seguidas com atenção. Mas o FMI tem previsões até 2016 que colocam Portugal como o país com o crescimento mais lento do mundo nos próximos anos. O Expresso fez as contas e Portugal deverá crescer, em média, 0,4% ao ano entre 2011 e 2016. É o ritmo mais baixo entre 183 países. O segundo mais baixo é Tuvalu, um arquipélago na Polinésia com cerca de 12 mil habitantes, que deverá registar um ritmo anual de 1,1% ao ano neste período. Ou seja, quase o triplo do português. Surgem depois a Grécia e a Irlanda com uma taxa de 1,3%. Para este mau desempenho que se espera da economia nacional contribuem, em particular, dois anos de recessão. O FMI espera que o produto interno bruto (PIB) recue 1,5% este ano e volte a cair 0,5% no próximo. Só a partir de 2013, espera a instituição sedeada em Washington, é que Portugal poderá voltar a crescer. O pior é que estas estimativas não têm ainda em conta o pacote de austeridade que o Governo português terá que colocar em prática no âmbito do pedido de resgate financeiro que dirigiu à União Europeia e ao FMI. Mesmo com medidas estruturais que possam estimular o crescimento a médio prazo, no imediato as medidas de consolidação orçamental vão agravar ainda mais a situação. A Grécia, por exemplo, está a viver em 2011 o seu terceiro ano consecutivo de queda no PIB. Desde 2009, tem já uma queda acumulada na ordem dos 10%. Mas pode voltar a crescer já em 2012 acima de 1%. Não está, ainda assim, isenta de riscos. Os rumores de uma reestruturação de dívida, perante a dificuldade em controlar as contas públicas (o défice este ano será superior a 7%), continuam a penalizar o país e fizeram disparar as taxas de juro. O Governo de Atenas admitiu mesmo que o objetivo de voltar a colocar dívida no mercado no próximo ano pode estar comprometido.
Crise global persiste
A travagem brusca na economia nacional vai afastar ainda mais o nível de vida dos portugueses dos seus parceiros europeus. O PIB per capita nacional em paridade de poderes de compra (corrigindo o nível de preços) será apenas 65,6% da média dos países do euro em 2016 e 69,4% da União Europeia. Em 1999, o ano de arranque do euro, representava, respetivamente, 73,9% e 83,7%”.
Crise global persiste
A travagem brusca na economia nacional vai afastar ainda mais o nível de vida dos portugueses dos seus parceiros europeus. O PIB per capita nacional em paridade de poderes de compra (corrigindo o nível de preços) será apenas 65,6% da média dos países do euro em 2016 e 69,4% da União Europeia. Em 1999, o ano de arranque do euro, representava, respetivamente, 73,9% e 83,7%”.
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