Uma nova sondagem da Pitagórica para o Jornal de Notícias, TSF e TVI/CNN Portugal, divulgada a duas semanas das eleições legislativas, revela que Luís Montenegro é, entre os líderes partidários, o único com saldo positivo na avaliação dos portugueses. Ainda assim, o primeiro-ministro regista uma quebra significativa no apoio de um dos grupos que anteriormente mais o apoiavam: os pensionistas. Já Pedro Nuno Santos melhora ligeiramente a sua imagem, embora continue com saldo negativo. André Ventura, por seu lado, permanece com uma avaliação altamente negativa, sobretudo entre as mulheres e os mais velhos.
Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática (AD) e atual primeiro-ministro, obtém 51% de avaliações positivas contra 44% de negativas, o que lhe garante um saldo positivo de sete pontos — valor que o aproxima do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que tem um saldo de nove pontos. No entanto, os dados revelam uma inversão preocupante no apoio dos pensionistas: há um mês, este era o grupo mais favorável a Montenegro; agora, o saldo entre os maiores de 65 anos desce para negativo, ainda que por apenas um ponto. O primeiro-ministro continua, contudo, a beneficiar de maior aprovação entre os homens (saldo de +10 pontos), mantendo uma tendência já registada em sondagens anteriores. Em termos de simpatia partidária, Montenegro é avaliado positivamente apenas pelos eleitores da AD (+73 pontos) e da Iniciativa Liberal (+36). Entre os eleitores dos restantes partidos, o saldo é amplamente negativo — sendo os comunistas os mais críticos, com um saldo de -77 pontos.
Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, melhora ligeiramente a sua posição em relação à última sondagem, mas continua em terreno negativo, com um saldo de -32 pontos. Apenas 32% dos inquiridos fazem uma avaliação positiva do socialista, contra 64% que o avaliam negativamente.
A recuperação mais visível ocorre entre os pensionistas: o saldo sobe de -20 para -7 pontos. No entanto, mesmo este grupo continua a avaliá-lo negativamente. A nível de género, o socialista tem um desempenho ligeiramente melhor entre as mulheres, com um saldo negativo de -26 pontos, contrastando com os -39 entre os homens.
Pedro Nuno Santos só obtém avaliação positiva entre os eleitores do PS (+47 pontos), mas mesmo neste núcleo um em cada quatro dá-lhe nota negativa. Entre os eleitores da AD e da Iniciativa Liberal, a rejeição é acentuada, com saldos negativos de -74 e -73 pontos, respetivamente.
André Ventura, líder do Chega, mantém-se no fundo do barómetro com um saldo negativo de -62 pontos — resultado de 80% de avaliações negativas e apenas 18% de positivas. Tal como em sondagens anteriores, a rejeição é particularmente forte entre as mulheres (saldo de -70 pontos) e os pensionistas (saldo de -77 pontos), sendo que nove em cada dez inquiridos com 65 ou mais anos atribuem-lhe uma nota negativa.
O único grupo onde Ventura consegue ultrapassar a linha de água é o dos eleitores do próprio Chega, com um saldo positivo de +52 pontos. Ainda assim, quase um em cada quatro simpatizantes do partido (24%) atribuem-lhe uma avaliação negativa.
Marcelo ainda é o mais popular, mas perde terreno entre os homens
Apesar de uma ligeira quebra, Marcelo Rebelo de Sousa continua a ser o político com melhor avaliação global. Segundo os dados da Pitagórica, o presidente da República regista um saldo positivo de +9 pontos, com 53% de avaliações positivas e 44% de negativas. Em janeiro, o saldo era de +10 pontos e chegou a subir nos meses seguintes com o anúncio da crise política, mas desce agora para níveis semelhantes aos registados no início do ano.
A descida deve-se sobretudo ao recuo na avaliação dos homens, entre os quais Marcelo volta a registar saldo negativo. São, portanto, as mulheres que mantêm o presidente acima da linha de água, com um saldo de +19 pontos.
Entre os mais velhos, Marcelo mantém uma popularidade sólida: no grupo dos 65 anos ou mais, o saldo positivo é de +21 pontos. No entanto, há variações relevantes noutros escalões. Os portugueses com idades entre os 55 e os 64 anos, que em março avaliavam o presidente positivamente, agora passam para terreno negativo. Já entre os mais jovens adultos (25 a 44 anos), observa-se uma melhoria, com Marcelo a regressar ao campo positivo.
Em termos de rendimento, a avaliação tende a ser mais favorável nas classes sociais mais baixas. Geograficamente, o presidente continua a ter melhor desempenho no Sul e nas Ilhas (+28 pontos), embora registe uma queda acentuada no Centro, onde o saldo positivo desce de +21 para +7 pontos.
Quando analisado segundo a intenção de voto, Marcelo tem avaliação positiva entre os eleitores da AD (+29 pontos), PS (+9) e Livre (+2). Nas restantes famílias políticas, o saldo é negativo, sendo novamente os comunistas os mais críticos, com -26 pontos.
A sondagem mediu ainda o nível de confiança dos portugueses nas figuras políticas em destaque. Marcelo Rebelo de Sousa lidera, com 36% dos inquiridos a afirmarem confiar mais no presidente da República. Luís Montenegro surge em segundo, com 21%, o que traduz uma vantagem de 15 pontos para o chefe de Estado.
A confiança em Marcelo é especialmente elevada entre os mais velhos, os lisboetas e os eleitores socialistas. Já Montenegro recolhe mais confiança entre os homens e os indivíduos com idades entre os 55 e os 64 anos. Contudo, a resposta mais frequente entre os inquiridos foi a de “igual confiança” entre Marcelo e Montenegro (37%), particularmente entre mulheres, cidadãos dos 35 aos 44 anos e eleitores da AD — possivelmente refletindo a filiação social-democrata de ambos (Executive Digest)
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