quinta-feira, janeiro 30, 2025

Sondagem: PS só tem lugar para um, Vitorino e Seguro seguem empatados, Centeno faria melhor

Sondagem do ICS/Iscte sobre presidenciais mostra que os potenciais candidatos socialistas partem em terceiro lugar na luta pela segunda volta, sem que nenhum deles faça melhor resultado. Uma coisa parece certa: o PS só tem hipótese de disputar uma segunda volta das eleições presidenciais se contrariar a sua própria história e aparecer unido em torno de um só candidato. Esta é uma das conclusões da análise à sondagem do ICS/ISCTE, feita para o Expresso e a SIC, que se dividiu em duas versões: uma primeira com António José Seguro no lugar do candidato apoiado pelo PS e uma segunda com António Vitorino — os dois não foram testados em simultâneo, mas sim em separado. Os resultados, contudo, foram idênticos. Entre o ex-líder do PS e o ex-ministro de Guterres e antigo diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações venha Pedro Nuno Santos e escolha.

Nenhum dos dois assumiu ainda a candidatura, mas ambos têm dado sinais nesse sentido, com Seguro a desdobrar-se em entrevistas e a constituir uma associação-movimento que serve de rampa de lançamento e com Vitorino a ser apontado como o preferido pela direção do partido. Agora, um e outro aparecem em terceiro lugar nas intenções de voto, com uma diferença irrisória de 1 ponto percentual (Seguro com 15% e Vitorino com 14%), um pouco atrás de Ventura e ligeiramente acima de Marques Mendes — sempre dentro da margem de erro.

Certo é que a indicação de voto em Gouveia e Melo, André Ventura e Luís Marques Mendes não varia em função do candidato do PS, seja ele qual for entre os dois. O mesmo acontece quando olhamos para a natureza socioeconómica e demográfica ou para a simpatia partidária dos inquiridos: entre os que se dizem simpatizantes do PS e os que se dizem de “esquerda”, o comportamento eleitoral “mantém-se globalmente inalterado” perante Vitorino ou Seguro, segundo se lê no relatório que acompanha a sondagem. Num cenário de segunda volta, idem: os eleitores prefeririam sempre Gouveia e Melo (45%) face a Vitorino ou a Seguro, que, em ambos os cená­rios, obteriam apenas 16% dos votos.

Coisa diferente aconteceria se o candidato do PS fosse o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno. O trabalho de campo para a realização desta sondagem foi feito entre os dias 9 e 20 de janeiro, sendo que no dia 15, a meio da recolha de dados, Mário Centeno deu uma entrevista em que se pôs definitivamente fora da corrida. Daí que a opção ‘Centeno’ também apareça no estudo. E se Centeno fosse o candidato socialista estaria mais bem colocado para passar à segunda volta, ligeiramente acima de Ventura (17% contra 16%) e com uma distância mais confortável face a Marques Mendes (17% para 13%). Mais: Centeno aparece com melhor resultado frente ao almirante numa segunda volta, ainda que não o vencesse. Se, até aqui, Marques Mendes era o que tinha um gap mais estreito face ao almirante (23 pontos de diferença), Centeno tem com uma margem mais curta — apenas 17 pontos percentuais separam a sua candidatura da de Gouveia e Melo na segunda volta. Tanto Vitorino como Seguro ficariam a uma distância de 29 pontos percentuais do almirante no caso de irem com ele a uma segunda volta. Ainda assim, a um ano das presidenciais, há campo para o(s) candidato(s) socialista(s) recuperar(em) terreno — é que 15% dos eleitores não o(s) reconhece(m), mais do dobro de Gouveia e Melo (7%), Mendes (6%) e Ventura (apenas 1% não o sabem identificar).

Ficha técnica

Sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 9 e 20 de janeiro de 2025. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos de ambos os sexos com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (4 grupos), Instrução (3 grupos), Região (7 Regiões NUTS II) e Habitat/Dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de Região e Habitat, foram selecionados aleatoriamente 89 pontos de amostragem onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto em eleições legislativas recolhida através de simulação de voto em urna. Foram contactados 3039 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 805 entrevistas válidas (taxa de resposta de 26%, taxa de cooperação de 36%). O trabalho de campo foi realizado por 38 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes no Continente, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 11). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 805 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%. Todas as percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100% (Expresso, texto dos jornalistas Rita Dinis)

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