domingo, janeiro 12, 2025

Sondagem: Almirante vence todos, Passos derrota socialistas, Centeno melhor que Mendes

É impossível prever, quando falta um ano para as eleições, quais serão os candidatos com capacidade para passar a uma eventual segunda volta das presidenciais. Ainda assim, o barómetro da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN testou 11 cenários. E concluiu que o almirante Gouveia e Melo venceria os cinco potenciais adversários com que foi emparelhado; que Passos Coelho faria melhor que os três socialistas escolhidos nesta fase; que Marques Mendes seria capaz de derrotar António Vitorino e António José Seguro; e que a única vitória socialista seria a de Mário Centeno sobre Mendes. Confirmando outros dados do barómetro, o ex-chefe do Estado-maior da Armada e ex-líder da “task force” da vacinação contra a covid, mostra nesta altura uma força eleitoral bastante superior a qualquer adversário, esteja ele à Direita ou à Esquerda. Não só recolhe a maioria dos votos nos cinco cenários em que foi avaliado, como supera, em todos eles, a margem de erro da sondagem (mais ou menos 5%). Nos duelos virtuais com os candidatos da área social-democrata, o que mais se aproxima do almirante é Pedro Passos Coelho (e ainda assim ficaria 18 pontos percentuais mais abaixo). Contra os candidatos socialistas, é Centeno que obtém o melhor resultado (mas com menos 19 pontos). Mas vejamos, em pormenor, os resultados para cada um dos 11 cenários.

Socialistas preferem o almirante a Vitorino

É numa eventual segunda volta com António Vitorino, um dos possíveis candidatos da área socialista, que Henrique Gouveia e Melo consegue, nesta altura, o melhor resultado: 55% contra os 27% do ex-ministro e ex-comissário europeu, ou seja, 28 pontos de diferença, bem para lá da margem de erro desta sondagem, que usa uma amostra de 400 inquéritos. O almirante vence em todos os segmentos relevantes (alguns segmentos de voto partidário, concretamente no BE, CDU, Livre, PAN e IL não têm dimensão suficiente para uma leitura fiável e não são por isso considerados), incluindo entre os eleitores socialistas. Vitorino consegue um resultado um pouco melhor que a média entre os homens e os que têm rendimentos mais elevados.

Seguro não faz melhor com Gouveia e Melo

Num duelo com António José Seguro, a vantagem do almirante continua a ser de 28 pontos, mas o resultado é de 54%, contra os 26% do ex-secretário-geral socialista. O militar agora na reserva, e que não deverá tardar a anunciar oficialmente a candidatura a Belém, venceria de novo em todos os segmentos relevantes, e até com melhores resultados entre os eleitores socialistas. Seguro conseguiria um resultado um pouco acima da média entre os mais jovens e os residentes em Lisboa.

Mendes também perde nos eleitores da AD

Gouveia e Melo foi também testado contra Luís Marques Mendes, o ex-presidente do PSD e ex-ministro, que é nesta altura o mais provável candidato da área social-democrata, quer porque já sinalizou essa vontade, quer porque Luís Montenegro não esconde que corresponde ao perfil que pretende. O almirante leva uma vantagem de 21 pontos: 51% face a 30%. Apesar de sair vitorioso entre os eleitores da AD (por nove pontos), perde para Mendes nos escalão etário dos mais novos (18/34 anos). É a única (e fraca) consolação do comentador da SIC.

Só Centeno convence os votantes socialistas

Mário Centeno é o candidato socialista que mais se aproxima de Gouveia e Melo num cenário de segunda volta (repita-se, quando estamos a um ano das eleições e não há candidatos designados), mas fica, ainda assim, a 19 pontos: 51% face a 32%. No que diz respeito aos vários segmentos da amostra, a única exceção ao domínio quase total do almirante são os eleitores do PS, que dariam a vitória ao governador do Banco de Portugal por onze pontos. Algo que, é importante notar, Seguro e Vitorino não conseguem.

Passos segura os sociais-democratas e os jovens

Quase ao mesmo nível de Centeno, mas ligeiramente melhor no confronto com o militar agora na reserva, está Pedro Passos Coelho: fica a uma distância de 18 pontos: 50% contra 32%. O ex-líder do PSD venceria entre os eleitores da AD, mas também entre os mais jovens (18/34 anos). Revela no entanto uma evidente fragilidade no grupo dos mais velhos (55 ou mais anos), que é aliás o mais numeroso. Um sinal de que ainda não foi ultrapassado o trauma do corte de pensões nos tempos da bancarrota e da intervenção da troika?

O confronto mais renhido: Passos e Centeno

Quando confrontado com os três eventuais candidatos socialistas escolhidos para este barómetro da Pitagórica, Passos Coelho consegue sempre maior intenção de voto. Mas, no caso de o adversário ser Mário Centeno, a vantagem do social-democrata é de apenas dois pontos percentuais, o que significa que estamos perante um empate técnico (recorde-se que a margem de erro da sondagem é de mais ou menos 5%): 44% contra 42%. É o cenário mais equilibrado do total de 11 que foram testados. Note-se que são os homens que dão vantagem ao ex-primeiro-ministro (há um empate entre o eleitorado feminino) e que volta a repetir-se o padrão de fragilidade entre os que têm 55 ou mais anos, que dariam uma vitória folgada ao atual governador do Banco de Portugal.

Confronto entre dois jotas, vantagem à Direita

Num eventual duelo entre Passos Coelho e António José Seguro (foram ambos líderes das respetivas juventudes partidárias), o social-democrata consegue uma vantagem de dez pontos, ou seja, no limite da margem de erro da sondagem: 46% contra 36%. O ex-primeiro-ministro vence na maioria dos segmentos relevantes, mas há duas notáveis exceções, que se inclinam para o socialista: os residentes da Região de Lisboa e, de novo, os portugueses com 55 ou mais anos.

Vitória folgada de Passos contra Vitorino

A vitória mais folgada de Passos seria, nesta altura, contra António Vitorino, com 15 pontos percentuais de vantagem: 49% contra 34% do ex-comissário europeu, a quem já só sobram dois segmentos relevantes, o dos eleitores socialistas e o dos portugueses mais velhos. Destaque para o resultado volumoso do social-democrata entre os mais jovens, para além dos eleitores da AD e do Chega.

A única vitória socialista: Centeno bate Mendes

Dos 11 cenários testados neste barómetro, há um único caso de uma vitória socialista: se os candidatos de uma segunda volta fossem Mário Centeno (42%) e Luís Marques Mendes (36%). Vale a pena notar, no entanto, que fica dentro da margem de erro da sondagem, o que significa que estamos perante o chamado empate técnico. A capacidade de mobilizar o eleitorado feminino deste ex-líder social-democrata confirma-se, embora de forma mais esbatida (apenas mais dois pontos que o socialista), mas o governador do Banco de Portugal vence na grande maioria dos segmentos relevantes, incluindo os que têm 55 ou mais anos, revelando que as dificuldades junto dos mais velhos não são um exclusivo de Pasos Coelho, mas comuns aos candidatos oriundos do PSD.

Marques Mendes também sabe vencer socialistas

Marques Mendes consegue duas vitórias (e outras tantas derrotas) neste cenários hipotéticos de uma segunda volta das presidenciais. A mais folgada é contra António Vitorino (43% contra 32%): são 11 pontos de vantagem, ou seja, supera a margem de erro da sondagem. Para além dos eleitores do PS (o que não é surpreendente), só fogem ao social-democrata os residentes de Lisboa e, de novo, o grupo dos eleitores mais velhos.

As mulheres de Mendes e os homens de Seguro

Se o duelo numa segunda volta das presidenciais fosse entre Luís Marques Mendes e José António Seguro, o mais bem posicionado seria o social-democrata (40% contra 34%). Mas a diferença reduz-se para seis pontos, dentro da margem de erro. Empate técnico, portanto. O fosso entre voto feminino e masculino acentua-se para Marques Mendes (tem mais 15 pontos percentuais entre elas do que entre eles). Ao contrário, é o cenário com maior peso do voto masculino para Seguro. Quanto aos eleitores mais velhos, a tendência repete-se, é Seguro que vence. Um sinal de alarme, seja qual for o candidato social-democrata que prevaleça nos próximos meses.

Ficha técnica

Sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF, JN e O Jogo, com o objetivo de avaliar a opinião dos Portugueses sobre temas relacionados com as eleições presidenciais e com a atualidade do país. O trabalho de campo decorreu entre os dias 28 de dezembro de 2024 e 05 de janeiro de 2025, foram recolhidas 400 entrevistas telefónicas a que corresponde uma margem de erro máxima de +/- 5,00% para um nível de confiança de 95,5%. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores portugueses recenseados e foi devidamente estratificada por género, idade e região. A Taxa de resposta foi de 65,36% e a direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa e gráficos de Inês Moura Pinto)

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