quarta-feira, janeiro 29, 2025

Nem os sustos os travam?!...



Uns dirão que a Madeira é uma terra de "oportunidades", uma espécie de América dos labregos, do chico-espertismo e das ratazanas. Outros dirão que a Madeira é um El Dourado para os patos-bravos que desembarcam na terra, eventualmente com intenções de se apoderarem dela e condicionarem a liberdade, racionalidade er legalidade dos seus processos de decisão pública, que rapidamente parecem abandonar o interesse público para tratarem das vidinhas, cada um à sua maneira, e enquanto as "tetas" derem leite... Nos últimos anos isso ainda ficou mais patente, bem mais patente. Os sustos (?) em 2024 - cujo epílogo provavelmente ficaremos a conhecer este ano - poderiam travar esses jagunços, mas pelos vistos eles continuam as impor as suas vontades e a manietarem facilmente quem, na causa pública, deveria ter por dever e obrigação zelar por uma cidade, por uma região e pelo seu povo. Mas nada disso acontece.

Bastou ter ido uns dias a Lisboa e no regresso ainda cheguei a pensar que me tinha enganado no apartamento. Afinal não, os abusos dos tais espertalhões patos-bravos forasteiros, que se instalaram na Madeira - vá lá saber-se porque motivo, dizem que depois de situações públicas ocorridas numa região nortenha que eu até conheço bem... - são a demonstração de que as entidades competentes, que já começaram a trabalhar no assunto, têm o dever de levar este processo até às ultimas consequências, custe o que custar, doa a quem doer - falo do processo de licenciamento em todas as suas diferentes fases.

Em Viana do Castelo, o prédio Coutinho, na marginal da cidade, inaugurado em meados da década de 70, demorou anos mas veio abaixo. A demolição custou cerca de 1,5 milhões de euros, a que se juntaram os 17 milhões de euros de indemnizações pagos aos proprietários, sem contar com custas judiciais. Lembro que tudo isto aconteceu cerca de 20 anos depois de José Sócrates, então ministro do Ambiente do Governo de António Guterres, ter declarado aquele prédio “um aborto arquitetónico” e defendido a sua demolição. Há "sócrates" que deviam existir noutras paragens...

O problema deste registo fotográfico é que, para além da excessiva dimensão dada ao empreendimento em causa, aumentando a pressão naquela zona da cidade, sem que a CMF e demais entidades públicas, que se saiba, tenham investido atempadamente em sectores essenciais, para prepará-la para um aumento de consumidores a todos os níveis, desde a água, ao lixo, passando pelos esgotos, pela circulação automóvel, pelos acessos, pelas comunicações, etc.

O que me pareceu, à primeira vista, e suscitou dúvidas, foi se não estaríamos perante uma aldrabice promovida pelo chicoespertismo do costume, que não me surpreende, pois a CMF para além de ter autorizado, misteriosamente, esta excessiva dimensão da construção em causa - por isso, espero que as entidades públicas competentes, a seu tempo clarifiquem tudo isso, porque aconteceu e como aconteceu e por decisão de quem... - não consegue perceber que, para além do facto destes prédios terem uma dimensão (número de pisos) superior aos demais edifícios já existentes no local - uma bandalheira que cheira a tanta coisa... - permite que apareçam "pisos" adicionais, presumo que para colocação de chaminés, caixas de elevadores, ventilações, etc. Não reduziram os 8 ou 9 pisos para ficarem com espaço para essas habilidades. Nada disso, mantiveram os pisos aprovados e, sem se perceber como, ainda lhe juntam um outro. A patifaria  pelos  vistos é descarada e conta com uma imensa impunidade cúmplice. Nem os sustos de 2024 a travaram!

Aproveito para contrastar esta aberração com a um empreendimento construído a pouca distância deste, o Savoy Residence Monumentalis, que me parece perfeitamente enquadrado no local, e com a qualidade que o Dubai não tem (LFM)

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