segunda-feira, julho 15, 2024

Sondagem: PS à frente num país ancorado à Direita. Chega já recuperou do trauma europeu

Os socialistas (29,5%) ficariam à frente da Aliança Democrática (27,6%), se o país fosse de novo para eleições, ainda que os portugueses tenham mais confiança em Luís Montenegro (37%) do que em Pedro Nuno Santos (28%) quando está em causa o cargo de primeiro-ministro. A sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF aponta também para a possibilidade de o Chega ter ultrapassado o “trauma” das europeias, voltando ao patamar das últimas legislativas (17,5%). Os liberais ficariam a meio caminho relativamente aos dois últimos atos eleitorais (7,1%). Fecham a tabela o BE (4,6%), o Livre (4,1%), a CDU (3,5%) e o PAN (2,5%). É um país ancorado à Direita aquele que o barómetro reflete neste início de verão (o trabalho de campo decorreu entre 3 e 8 de julho). Os quatro partidos desse lado do espectro político (PSD, CDS, Chega e IL) somam mais oito pontos do que os cinco mais à Esquerda (PS, BE, Livre, CDU e PAN). Mas o retrato do país político não é necessariamente igual nas suas diferentes partes. Em nenhum caso é mais evidente essa diferença do que no género.

Mulheres à Esquerda

Se dependesse apenas das mulheres, e num cenário de eleições legislativas, seria a Esquerda a conseguir uma maioria no Parlamento (somaria 54 pontos percentuais). Essa implantação no feminino é particularmente acentuada no PS, no BE e no PAN. Ao contrário, se fossem apenas os homens a votar, a vitória à Direita seria esmagadora (somaria 61 pontos), com destaque para a testosterona do Chega (eles mais do que duplicam o voto delas) e, numa proporção bem menos acentuada, da AD.

Detetam-se diferenças igualmente significativas quando o ângulo de análise é a idade dos eleitores. Nos dois primeiros escalões etários da amostra (18/34 e 35/49 anos), a vantagem da Direita é de 19 pontos percentuais. Entre os que têm 50 a 64 anos, essa vantagem cai para apenas três pontos. Mas, entre os portugueses mais velhos (65 ou mais anos), o cenário inverte-se, com a Esquerda a somar mais cinco pontos do que a Direita.

No que diz respeito à luta pelo primeiro lugar, são de novo os socialistas que levam ligeira vantagem sobre a coligação de Direita. Se, na legislativas de março, a AD conseguiu uma vantagem de oito décimas (e mais dois deputados), nas europeias de junho, foi o PS que conseguiu mais um ponto (e mais um eurodeputado). Um mês depois, e se houvesse eleições para a Assembleia da República, a sondagem aponta para um empate técnico (tendo em conta a margem de erro de 3,5%), com vantagem para os socialistas, que somam mais dois pontos que PSD/CDS.

Nesta disputa também se percebe que há várias fronteiras a dividir as duas maiores forças políticas: as geográficas, desde logo, com a AD à frente no Norte, Porto e Centro, enquanto o PS lidera em Lisboa e no Sul; no género, uma vez que os homens dariam a vitória a Luís Montenegro, enquanto as mulheres apostariam a em Pedro Nuno Santos; e nas faixas etárias, com a coligação de Direita a levar a melhor nos eleitores até aos 49 anos, e os socialistas em vantagem dos 50 anos em diante.

Jovens com o Chega

Numa sondagem em que se percebe que as oscilações da maioria das forças políticas são relativamente reduzidas face aos dois últimos atos eleitorais, há um partido que se destaca: o Chega. Depois da queda abrupta nas europeias (caiu para quase metade, em termos percentuais), regressa ao patamar que tinha conseguido nas legislativas de março. E ficaria até em primeiro lugar entre os eleitores com 18 a 34 anos, ainda que apenas meio ponto percentual acima da Aliança Democrática.

Esta capacidade do partido de André Ventura de atrair os mais jovens não é inédita em sondagens. Mas há, desta vez, um outro segmento em que revela um poderio bastante acima da média: entre os homens ficaria em segundo lugar, quase um ponto percentual à frente dos socialistas (24,3%). Uma força que revela também uma debilidade, uma vez que o apelo dos radicais de Direita junto das mulheres é substancialmente menor (10,4%), ou seja, fica a 14 pontos da AD e a 25 pontos do PS.

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Bloco Central

Quanto mais velho o eleitor, melhor o resultado do PS. A AD não tem um percurso tão linear ao longo da pirâmide, mas é também entre os que têm 65 ou mais anos que consegue a percentagem mais elevada.

Jovens à Direita

Chega e a IL registam um percurso etário inverso ao dos socialistas. Quanto mais novo o eleitor, maior a percentagem. No caso dos liberais, até duplicam o resultado global entre nos 18/34 anos.

PAN no feminino

Se o Chega é um partido com um peso desproporcional de eleitores masculinos, o PAN é o que mais depende das mulheres. Nesta sondagem, elas são sete vezes mais numerosas do que eles.

Liberais a Norte

É no Norte e no Porto que a IL tem os seus bastiões. O BE destaca-se no Centro, o Livre no Porto, a CDU no Sul e o PAN no Norte e em Lisboa. Todos longe do Chega, cujo melhor resultado é no Norte e no Centro.

Montenegro à frente

Na confiança para primeiro-ministro, os melhores resultados de Luís Montenegro são no Norte (42%) e no Porto (41%), entre os mais velhos (47%) e entre os que votam na AD (84%).

Apoio da geringonça

No jogo da confiança, Pedro Nuno Santos só vence no Sul e nos 50/64 anos (e por apenas um ponto). No voto partidário, tem o apoio dos socialistas (69%), bloquistas e comunistas. 

PCP envelhecido

Os comunistas completam o trio de forças políticas (as outras são a AD e o PS) em que o segmento etário mais importante é o dos mais velhos (65 anos ou mais). Mas também é verdade que se superam no patamar dos 35/49 anos (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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