1 - A Venezuela
vai domingo para eleições presidenciais, uma vez mais num processo eleitoral de
duvidosa liberdade democrática e marcado agora pela chantagem e pela ameaça de
"banho de sangue" por parte dos chavistas (?), caso Maduro perca nas
urnas, como todas as sondagens apontam. Até Lula da Silva se mostrou preocupado
com esta postura do ditador venezuelano que mostra a todos, se dúvidas
existissem, que não está disposto a largar o poder pela via democrática. Pelo
contrário, o "colombiano" da Venezuela provavelmente só será
derrubado, bem como a máfia que o rodeia, o suporta e que se apoderou do poder
e das milionárias riquezas da Venezuela, por via de um golpe de estado, bem ao
estilo da América Latina. Algo impensável nos tempos mais próximos porque
Maduro e a sua côrte fascista, tomaram a primeira e mais importante medida:
compraram as hierarquias militares corruptas, sem excepção.
A sensação com
que eu fico é a de que, apesar de alguns ténues sinais de abertura do regime,
sobretudo quando Caracas e Maduro, a reboque do conflito na Ucrânia, tentaram
junto dos EUA e da Europa reocupar um lugar que já foi do país no passado
anterior aos extremismos revolucionários que caracterizam aquele regime
totalitário, agora tudo parece querer voltar ao "normal", a "normalidade" própria das ditaduras
e da intolerância, sobretudo quando estamos a falar de pessoas agarradas ao
poder.
Não acredito que
seja ainda desta vez que a Venezuela vai reencontrar os caminhos da democracia,
da liberdade, da tolerância, da justiça social e do desenvolvimento, porque os
níveis de corrupção, política, económica, financeira e empresarial, são tão
grandes e com tantos tentáculos, que não são umas meras eleições presidenciais
que resolverão os problemas. Longe disso.
2 – Dizem, e
concordo, que não devemos misturar questões pessoais com a política, que
misturar matérias do foro familiar com a actividade política é impróprio, etc.
Nem sempre é assim, nem sempre pode ser assim. De facto, há que separar política
da vida privada dos seus protagonistas, mas há momentos dolorosos que exigem
respostas adequadas e a coragem de assumir erros, por muito incómodos que sejam,
como é o caso. Os políticos têm responsabilidades públicas acrescidas, têm mais
visibilidade e espaço mediático, estão sujeitos ao escrutínio dos cidadãos
mesmo quando não existem eleições. Não precisamos de ter políticos
"santos", porque todos eles são humanos como nós, mas precisamos de
ter, isso sim, políticos sérios e que pugnem pelo exemplo, desde logo a começar
pelo seu próprio espaço pessoal e familiar. O que se passa com o actual, líder
da JSD nacional, eleito há pouco tempo para o cargo, é exemplo disso mesmo, da
fragilidade a que são votados os políticos quando deixam de ser exemplo e
perdem, pela ocorrência de situações que os envolvam, a legitimidade, a
respeitabilidade e a credibilidade para falarem, seja do que for e muito menos
para se dirigirem aos jovens a quem tantas vezes tantos lhes pedem exemplos de
vida, de virtude e de atitude cívica.
O que foi noticiado, e não desmentido, pelo contrário, é de tal modo intolerável dramático e impactante, em termos sociais e mediáticos, que o jovem líder nacional da JSD, por mais que negue ter conhecimento do que se passava com o seu avô e com um seu tio, ninguém acredita nele, ninguém pode acreditar nele. O seu vice já se demitiu e reclama novas eleições e uma espécie de "depuração" ética e cívica da organização, que me parece não ter mais condições - até ao cabal esclarecimento de tudo e à tomada das decisões que devem ser tomadas e não adiadas ou atiradas para debaixo do tapete - para consolidar o seu prestígio e a sua enorme importância na vida política nacional (LFM, texto publicado no Tribuna da Madeira de 26.7.2024)
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