O CEO da companhia aérea irlandesa defende que futuro
aeroporto Luís de Camões deve coexistir com a Portela. Ryanair voaria para
ambos. A Ryanair enviou ao Governo, há cerca de um mês, um plano para duplicar
os passageiros transportados em Portugal para 27 milhões, mas exige um aumento
do número de faixas horárias em Lisboa e incentivos do Estado para a redução
das taxas aeroportuárias, revelou esta terça-feira o CEO do grupo, num encontro
com jornalistas. Michael O’Leary afirmou também que gostaria que o aeroporto da
Portela se mantivesse em operação, mesmo depois da abertura da infraestrutura
no Campo de Tiro de Alcochete.
Michael O’Leary não teve ainda oportunidade de reunir
com o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, mas já fez chegar ao
Governo um plano para aumentar de forma significativa o peso da companhia aérea
em Portugal até 2030. O plano prevê a duplicação do número de rotas para mais
de 320, juntar mais 16 novos aviões (um investimento de 1,6 mil milhões de
dólares) à operação, reabrir a base de Ponta Delgada, reduzir a sazonalidade em
Faro, Ponta Delgada e Funchal e criar 500 postos de trabalho. Segundo as contas
da transportadora, o número de passageiros passaria de 13,5 milhões para 27
milhões.
Em troca, a Ryanair pretende ter mais faixas horárias em Lisboa e taxas aeroportuárias mais baixas, sugerindo a criação de apoios para “um esquema de incentivo ao crescimento”. Michael O’Leary pediu ainda “o fim do monopólio da ANA”, como lhe chamou e culpou mesmo as taxas cobradas pela concessionária pelo facto de a operação da companhia low cost irlandesa não ter crescido em Portugal este ano.
“Os sistemas aeroportuários devem estar alinhados com
as opções políticas do Governo e elas normalmente são aumentar a conectividade
e atrair mais companhias aéreas. Em Portugal essa ligação não existe porque foi
dada uma concessão a uma empresa francesa que quer maximizar os seus lucros. A
única forma de atrair companhias aéreas é com incentivos para aumentar a
capacidade”, disse Eddie Wilson, o presidente executivo da transportadora
irlandesa.
Venda da TAP fará subir preços
A Ryanair viu os lucros entre abril e junho caírem 46% para 360 milhões de euros, devido à “descida imprevista” no preço dos bilhetes este verão. “Os consumidores europeus estão sob pressão” devido à inflação e subida das taxas de juro, justificou Michael O’Leary. O preço das passagens vai ser 5% mais baixo nos próximos meses, adiantou. Já a privatização da companhia aérea de bandeira portuguesa terá o impacto inverso. “A venda da TAP irá levar a preços mais elevados, porque os compradores quererão aumentá-los”, disse o CEO do grupo, reiterando que considera a britânica IAG como o melhor comprador, afastando um cenário de perda de tráfego para Madrid. A privatização “devia acontecer assim que possível”, defendeu.
Michael O’Leary elogiou a intenção do Governo de
avançar com o aumento de capacidade do aeroporto da Portela para chegar aos 45
milhões, dizendo que 2034, ano em que está prevista a conclusão do Luís de
Camões, é “demasiado tempo”. Defendeu também que “os dois aeroportos devem
coexistir, pelo menos durante alguns anos”, garantindo que a Ryanair voaria
para ambos, como faz noutros destinos europeus. “As economias de cidade mais
bem-sucedidas” são as que têm dois aeroportos, argumentou.
O responsável queixou-se do impacto negativo provocado pelos constrangimentos no controlo de tráfego aéreo em toda a Europa, dizendo que está a operar “com menos trabalhadores do que o necessário, em particular no período da manhã”. Questionado sobre se notava melhorias no Humberto Delgado, onde a NAV instalou um novo sistema (Top Sky), respondeu negativamente. Michael O’Leary voltou ainda a acusar a Easyjet de não usar durante o inverno as faixas horárias no Humberto Delgado que recebeu da TAP. A companhia fez mesmo uma queixa junto de Bruxelas (ECO online, texto do jornalista André Veríssimo)
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