Se houver uma crise que precipite eleições, Pedro Nuno Santos e o PS serão os mais beneficiados (40%). Seguem-se André Ventura e o Chega (27%) e só depois Luís Montenegro e a AD (15%). A maioria dos portugueses está insatisfeita (56%) com o estado do país político, de acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. As eleições de março passado conduziram a um cenário fragmentado e instável no Parlamento e deram origem a um Governo minoritário. E 53% dos inquiridos não acreditam, por isso, que o Governo se aguente em funções até ao final da legislatura, em 2028.
Luís Montenegro enfrenta esta quarta-feira, no Parlamento, o seu primeiro debate do estado da nação. Um primeiro-ministro que, depois de três meses em funções, é, indiscutivelmente, o político mais popular do país (59% dão-lhe nota positiva, de acordo com o barómetro mais recente). Mas, por outro lado, um líder partidário que se arriscaria a perder eleições legislativas, se as houvesse (o PS regista uma vantagem de dois pontos sobre a AD nas intenções de voto, de acordo com a sondagem publicada domingo passado).
Estaríamos, na verdade, perante um empate técnico. Com um país ancorado à Direita, graças ao Chega, o parceiro que a AD rejeita. E uma ala Esquerda que, mesmo com um PS na frente, não seria capaz de conquistar uma maioria. O mesmo cenário, afinal, que resultou das últimas legislativas: fragmentação e instabilidade. Um cenário que 56% dos portugueses consideram negativo (um terço acha que é positivo). Um sentimento maioritário, note-se, em todos os segmentos da amostra (geografia, género, idade, classe social e voto partidário). Também os eleitores da AD estão insatisfeitos (49%).
Teste no Orçamento
Daí a concluir que o Governo não vai conseguir manter-se até ao final da legislatura parece um pequeno passo. E é isso que diz também uma maioria dos inquiridos (53%), ainda que, nesta matéria, se destaque a dissidência dos eleitores do PSD e CDS: 56% apontam para um Governo em funções até 2028. Acresce que a crença na capacidade de resistência de Luís Montenegro vai crescendo: em abril passado, e perante a mesma pergunta, eram apenas 21% os que acreditavam que fosse capaz de aguentar os quatro anos. Agora são 34%.
O primeiro grande teste a essa capacidade de resistência não será o debate do estado da nação, um momento de balanço que cairá rapidamente no esquecimento. O teste do algodão está marcado para setembro e outubro, com a discussão do Orçamento do Estado para 2025. Entre a maioria que adivinha um final precoce do Governo, essa é a principal barreira: 43% dizem que será o momento mais provável para nova crise política (28% apontam para o próximo ano e 22% para 2026).
Vantagem socialista
No caso de o Governo cair antes do tempo, quem teria mais a ganhar com nova dissolução da Assembleia da República e eleições antecipadas? As respostas a esta pergunta não apontam para maiorias, mas há uns mais favoritos do que outros: 40% dos inquiridos apontam para Pedro Nuno Santos e o PS (com destaque para os que têm 65 ou mais anos, com 52%); e 27% para André Ventura e o Chega (com destaque para os que têm 18 a 34 anos, com 38%).
O atual primeiro-ministro e o PSD (ou a AD, se a coligação com o CDS se mantiver em futuros atos eleitorais) só recolhem 15% de favoritismo. Que é uma outra forma de dizer que são quem tem mais a perder com uma eventual crise política. Até os eleitores da Aliança Democrática adivinham que a situação será mais vantajosa para Pedro Nuno Santos (38%), ainda que a diferença seja de apenas um ponto para Luís Montenegro (37%).
Pormenores
65% Os portugueses com 65 ou mais anos são os mais insatisfeitos com o estado político do país (65%) entre os diferentes segmentos sociodemográficos. Por voto partidário, são os eleitores à Esquerda (CDU, Livre e PS, por esta ordem).
44% São os eleitores do Chega os mais cómodos com a situação de fragmentação, instabilidade e um Governo minoritário: 44% dizem que é positivo. Os homens também estão bastante mais satisfeitos (38%) do que as mulheres (27%).
68% Os mais convencidos de que o Governo não vai durar os quatro anos da Legislatura são os que residem na Região Norte (68%). E de novo os que votam à Esquerda, embora desta vez com os eleitores liberais a juntarem-se (67%).
56% A maioria dos eleitores da AD acredita que Luís Montenegro vai governar por quatro anos. Mas é caso único. Nos restantes segmentos da amostra, ainda que em minoria, só se destacam os que têm 18 a 34 anos (43%).
65% Quando se pergunta que líder e partido beneficiariam mais com a queda do Governo, há alguma coincidência com o alinhamento eleitoral. Os socialistas apontam a Pedro Nuno (65%), os que votam Chega apontam a Ventura (70%).
37% Os eleitores da AD não estão tão otimistas quanto os principais rivais: apenas 37% respondem que Montenegro seria favorecido em caso de crise política (38% apontam para o líder socialista; 18% para o presidente do Chega) (Jornal de Negócios, texto do jornalista Rafael Barbosa)
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