Centenas de mísseis a voar nos céus a partir de silos e submarinos nucleares; cidades americanas em chamas e milhões de pessoas vaporizadas instantaneamente; outros milhões morrerão em breve em agonia devido a queimaduras e envenenamento por radiação. Este cenário apocalítico é descrito no mais recente livro “Nuclear War: A Scenario”, da jornalista de investigação indicada ao Pulitzer, Annie Jacobsen. Para a pesquisa da obra, foram realizadas diversas entrevistas exclusivas a oficiais militares de alto escalão, figuras políticas e especialistas, incluindo projetistas de armas nucleares.
Segundo aponta o tabloide britânico ‘Daily Mail’, demora cerca de 30 minutos para um ICBM (míssil balístico intercontinental) viajar de um lado do mundo – digamos Pequim, Moscovo ou Coreia do Norte – para o outro. Os Estados Unidos, sob a autoridade exclusiva de uma pessoa, o presidente, lançaria uma contraofensiva – assustadoramente, seriam necessários apenas 72 minutos para eliminar da face da Terra 5 mil milhões de pessoas se o pior acontecesse. De acordo com Jacobsen, “um ataque nuclear ao Pentágono é apenas o começo de um cenário cuja finalidade será o fim da civilização tal como a conhecemos”. “Esta é a realidade do mundo em que todos vivemos. O cenário de guerra nuclear proposto neste livro poderá acontecer amanhã. Ou até hoje…”
“Além do flash inicial de luz termonuclear, que é de 180 milhões de graus, que incendeia tudo num raio de 14 quilómetros; além do efeito devastador do vento e de todos os edifícios a cair; mais incêndios em cima da radiação, envenenando pessoas até à morte em minutos e horas e dias e semanas, se por acaso sobrevivessem; além de tudo isso, cada um desses incêndios cria um megaincêndio de 160 quilómetros quadrados ou mais e assim por diante”, refere a autora. A conclusão: se o mundo entrasse numa guerra nuclear, iria ser desejável “morrer instantaneamente” uma vez que deixará de “haver mais lei e ordem”.
De acordo com os especialistas, esta seria a ordem cronológica dos eventos, minuto a minuto:
15h03 – num campo nos arredores de Pyongyang, um ICBM norte-coreano Hwasong-17 conhecido como “o Monstro” é lançado a partir de um veículo de 22 rodas.
15h03, 6 segundos depois – os satélites do Departamento de Defesa permanecem “estacionados” sobre a Coreia do Norte – e as imagens são retransmitidas para o Centro de Comando Militar Nacional, por baixo do Pentágono.
15h03, 15 segundos após o lançamento – na Base da Força Espacial de Buckley, no Colorado, pilotos de caça correm em direção aos seus jatos que aguardam na pista; os sensores de satélite monitorizam a viagem do ICBM.
15h04 – na sede do Comando Estratégico dos EUA (STRATCOM), um complexo de 85.100 metros quadrados de bunkers e centros de comando, os líderes começam a discutir planos de lançamento – já que a política dos EUA é “lançar sob aviso”.
15h04 – na Base da Força Espacial Peterson, Colorado, a liderança inicia o processo de comunicação com o presidente americano
15h05 – dentro do Centro de Comando Militar Nacional no Pentágono, os líderes preparam a sua resposta e iniciam contactos com o presidente.
15h06 – o secretário da Defesa diz ao presidente: “A Coreia do Norte lançou um míssil contra os EUA. O ataque foi validado pelos comandantes do NORAD e do STRATCOM.”
15h10 – em Fort Greely, no Alasca, mísseis Interceptor são disparados para o espaço numa tentativa desesperada de impedir que o ICBM atinja o seu alvo: falham porque intercetar um ICBM é uma questão quase ‘de lotaria’ face à sua velocidade.
15h12 – na Clear Space Force Station, no Alasca, as estações de radar obtêm a primeira visão clara do míssil que se aproxima e confirmam que se trata de um ICBM direcionado a Washington.
15h13 – dentro da Casa Branca, o presidente recebe o assessor que contém os códigos necessários para autorizar um ataque retaliatório; p presidente vê um “Manual de Decisões”, com opções para ataques nucleares, e toma a decisão de ordenar que os bombardeiros descolem; os militares dos EUA entram em DEFCON-1, o alerta nuclear mais alto.
15h15 – Base Aérea de Andersen, Guam: Bombardeiros B-2, cada um armado com 16 armas nucleares, descolam.
15h17 – o presidente é transferido para um helicóptero Sikorsky por membros da Equipa de Contra-Assalto para mantê-lo protegido do ataque nuclear.
15h20 – um segundo míssil lançado por submarino é detetado – um KN-23, um míssil balístico norte-coreano de curto alcance, que voa em direção ao sul da Califórnia a seis vezes a velocidade do som.
15h22 – na Central Diablo, Nevada, a ogiva nuclear do KN-23 detona no seu alvo, criando uma vasta bola de fogo e uma nuvem em forma de cogumelo, provocando o colapso do núcleo nuclear.
15h24 – na Casa Branca, o presidente ordena um contra-ataque nuclear com 50 ICBM Minuteman III e oito armas lançadas por submarinos Trident, totalizando 82 ogivas destinadas à Coreia do Norte, visando a sua liderança, instalações de guerra e locais de lançamento nuclear.
15h27 – a partir de instalações de mísseis enterradas no solo do Wyoming, 50 mísseis nucleares Minuteman são disparados dos silos, visando a Coreia do Norte.
15h36 – o míssil nuclear norte-coreano atinge o Pentágono, lançando uma bola de fogo a cinco quilómetros de altura e matando mais de um milhão de pessoas instantaneamente.
15h37 – no controlo do satélite Serpukhov-15 no Oblast de Kaluga, na Rússia, os lançamentos de ICBM americanos são detetados e retransmitidos ao comando militar; os ICBM americanos têm de sobrevoar o território russo para atingir a Coreia do Norte.
15h39 – no Nebraska, o comandante do STRATCOM deixa as instalações para embarcar no ‘Doomsday Plane’ – oficialmente conhecido como E-4B Nightwatch, um Boeing 747 militar com instalações de comando a bordo; isso permitirá que os comandantes dos EUA continuem a emitir ordens mesmo que muitas bases e cidades sejam destruídas.
15h40 – o ‘USS Nebraska’ – um submarino nuclear capaz de desencadear 20 vezes mais destruição do que todas as bombas da II Guerra Mundial, lança os seus mísseis contra a Coreia do Norte.
15h41 – os militares dos EUA perdem o contacto com o presidente depois de este ter sido forçado a saltar de paraquedas do seu helicóptero depois de este ter sido atingido pelo pulso eletromagnético de uma bomba nuclear próxima; o secretário de Defesa pousa no posto de comando nuclear do Complexo Raven Rock Mountain, na Pensilvânia, para assumir o comando.
15h42 – na sede da NATO, os líderes da aliança militar reúnem-se para discutir a sua resposta aos ataques aos Estados Unidos.
15h42 – na sala de guerra do Centro de Gestão da Defesa Nacional, em Moscovo, o pessoal observa a resposta da NATO nas bases aéreas de toda a Europa.
15h43 – oito mísseis Trident voam acima do oceano Pacífico a 34,7 mil quilómetros por hora, visando a capital norte-coreana, Pyongyang.
15h46 – o presidente da Federação Russa está num centro de comando e controlo nuclear, vários andares abaixo do solo, num bunker concebido para resistir a uma guerra nuclear; acredita que os mísseis americanos se destinam à Rússia e seleciona a opção de lançamento mais extrema do “Livro Negro” nuclear da Rússia, o Cheget; a partir de bunkers e submarinos, os mísseis preparam-se para atacar o território continental dos Estados Unidos e da Europa.
15h48 – a mais de 8 mil quilómetros de Washington, no complexo ICBM Dombarovsky, no sudoeste da Sibéria, as tampas dos silos abrem-se enquanto os ICBM russos se preparam para o lançamento.
15h48 – satélites no espaço veem centenas de ICBM russos a serem lançados de silos e lançadores móveis e enviam um alerta para a Instalação de Dados Aeroespaciais no Colorado.
15h51 – três submarinos russos emergem no Mar Ártico para lançar ICBM em direção aos Estados Unidos.
15h53 – o comandante do STRATCOM transmite informações de lançamento para ordenar um contra-ataque nuclear massivo e total contra a Rússia em resposta ao ataque russo.
15h54 – nas bases aéreas da NATO na Alemanha, Países Baixos, Itália e Turquia, os pilotos sobem para aviões armados com “bombas gravitacionais” nucleares para cumprir a sua missão contra a Rússia.
15h54 – 32 ogivas nucleares lançadas por submarinos atingem Pyongyang e a destruição é total, com quase todos os três milhões de residentes incinerados instantaneamente.
16h00 – a sede do Comando Estratégico dos EUA, juntamente com a Base Aérea de Offutt, no Nebraska, são atingidas por uma barragem devastadora de armas nucleares russas. Um fluxo de ogivas de 100 quilotons atinge alvos militares em todos os Estados Unidos.
16h00 – mísseis russos lançados por submarinos atingiram alvos e bases da NATO em toda a Europa.
16h14 – mais de 1.000 ogivas nucleares russas atingem alvos americanos e europeus numa barragem de 20 minutos que reduz centenas de cidades a cinzas e centenas de milhões de mortos em toda a Europa; os submarinos americanos são sinalizados para continuarem a atacar alvos russos, mesmo após a morte da sua terra natal (Executive Digest, texto do jornalista Francisco Laranjeira)
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