sábado, dezembro 05, 2020

Nota: vacinação e farmácias


 

Quando há dias me interroguei - e dei conta disso aqui - sobre o não envolvimento das farmácias no processo de vacinação anti-covid19 da população portuguesa, fi-lo na convicção de que, havendo queixas diárias de que os centros de saúde e as estruturas de saúde pública em geral se debatem com uma comprovada falta de recursos humanos, em termos regionais e nacionais, estar a desviar profissionais de enfermagem da actividade diária normal dos CS para a urgente (e célere) vacinação de 10 milhões de pessoas - que sejam 7 ou 8 milhões se quiserem, porque a vacinação não será estranhamente (estranho porque sabemos todos do que é capaz esta pandemia e este vírus em mutação quase constante) obrigatória - não me parecia (nem me parece) plausível. Lembro que no combate ao covid19,  uma das críticas feitas de forma generalizada e constante, relacionou-se com o alegado desvio hospitalar de recursos, humanos, equipamentos, financeiros e outros, para essa frente de batalha, prejudicando e em detrimento de outras frentes igualmente importantes na saúde pública.

O que é facto é que me deram uma explicação que partilho e é plausível embora reconheça que pode não ser consensual: sendo gratuita a vacinação anti-covid, nesta primeira fase, será algo de novo, um desafio com muitas incógnitas, e havendo exigências em termos de armazenagem em frio de algumas dessas vacinas, provavelmente caberá ao SN ou SR de Saúde darem o primeiro passo e assumirem as suas responsabilidades, antes de eventualmente as partilharem numa fase posterior. Acresce que muitas farmácias não estarão aptas a responder a essa exigência técnica de armazenagem da vacina (Pfeizer) - que nas compras portuguesas assume a maior dimensão, segundo creio. Sucede que depois desta primeira vaga de vacinação generalizada - aliás o mesmo se passa nos demais países europeus pelo que tenho lido - prevê-se que, tal como outras vacinas, para uma parte assinalável da população, essa vacinação implique não a gratuitidade mas a aquisição da vacina em causa - que ninguém sabe se garante de uma só vez a imunidade ou se, tal como a da gripe, devido a mutações do próprio vírus - será ministrada anualmente como acontece hoje. Acresce que depois dessa primeira vacinação, houve quem me tivesse admito que as farmácias poderão ser envolvidas "normalmente" no processo, não sendo demais lembrar que a administração de vacinas nas farmácias está a cargo de competentes profissionais de enfermagem que são contratados pelas farmácias para esse efeito, algo que subscrevo e não considero seja uma ilegalidade.

Portanto, Centros de Saúde, se tiverem capacidade de resposta, numa primeira fase do combate ao covid19, se for essa a opção, nada a dizer, desde que a resposta seja eficaz, célere e não coloque em causa a normalidade funcional das estruturas de saúde, algo que confesso tenho dificuldade em aceitar como garantido, devido à falta de profissionais. A partir daí acho que as farmácias - e nada tenho a ver com as farmácias, não me ligam interesses de qualquer espécie, não sou seu procurador nem porta-voz - podem fazer parte, se tiverem interesse e condições logísticas,  da resposta que uma sociedade dá no combate de maleitas sanitárias generalizadas. Isto independentemente do SRS na Madeira por exemplo, como admito possa acontecer, opte por soluções mistas ou concertadas, devidamente negociadas, que garantam a resposta eficaz e célere do sistema envolvendo as estruturas regionais de saúde pública com as privadas, nomeadamente as farmácias (foi delas que falei no meu post anterior que suscitou interessante debate e troca de ideias), desde que tenham condições para o fazer - refiro as vacinas mais exigentes em termos de armazenagem e que podem implicar investimento avultado que nesta conjuntura pode não ser convidativo. Enfim, deixemos o processo ser posto no terreno - falo do processo de vacinação, dos planos nacional e regional de vacinação anti-covid19, e depois logo vemos que acertos haverá que fazer. O essencial é que o sistema responda rapidamente, logo que tiver condições para o fazer - as vacinas nem chegaram ainda a Portugal!... E responda com celeridade, eficácia, de forma mobilizadora, sem colocar em causa nenhuma das outras frentes que nada têm a ver com o covid19. Uma nota final: esta é apenas a minha opinião que me vincula apenas o seu autor, como é óbvio e será desnecessário evidenciá-lo (LFM)

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