terça-feira, dezembro 29, 2020

Nota: que se vire rapidamente esta página das nossas vidas










O Natal-2020 neste ano anormal de pandemia, passou, deixou de fazer parte do nosso presente para passar a incluir o rol das nossas recordações individuais e colectivas. Todos nos esforçamos para que fosse um Natal igual aos outros, aos anteriores. Mas sempre fomos nós, todos nós, os primeiro a saber que nada disso seria possível e real, que este Natal-2020 nunca poderia ser  igual aos demais já vividos. Estivemos separados uns dos outros, distantes fisicamente, próximos em pensamento, famílias impossibilitadas de estarem juntas no mesmo espaço, vivendo a "festa" à sua maneira, de acordo com as tradições e à volta da mesma mesa, partilhando momentos, alegrias, repastos, etc, tivemos famílias separadas até geograficamente porque muitos dos seus membros desistiram de se reencontrar nesta data simbólica e sempre tão especial para os madeirenses.





Digam o que disserem, mesmo na adversidade, o Natal na Madeira é uma festa diferente, muito nossa, única. Mas, com todos esses constrangimentos, limitações, impossibilidades e restrições sanitárias em nome do interesse colectivo, foi um Natal que se passou, mas que procuramos viver à nossa maneira, sem a mesma alegria, mas pensando uns nos outros distantes uns dos outros, rezando quiçá, mesmo os que nem acreditam nessas teorias, para que 2021 nos traga a vacina e a imunidade que precisamos, e com elas, a tranquilidade e o regresso à normalidade. Mesmo sabendo todos nós, e sabemos todos, que nada será como antes, que nada ficará como era no passado recente, que o nosso futuro dificilmente terá alguma coisa a ver com o que era o nosso passado, e que o nosso presente, hoje mais do que nunca, é um desafio de mudança e de consciencialização colectiva que não podemos ignorar. O que nós não queremos mais é um Natal-2020 no Funchal com a sensação de uma cidade vazia, triste, desmotivada, fechada à espera de uma crise social de dimensões inimagináveis, vivendo com medo, como é natural, defendendo-se mais do que nunca, preparando hoje a tranquilidade do futuro próximo. Uma cidade que não pode correr riscos, que pensou nos mais idosos, nos doentes, nos mais frágeis de saúde, que não devem expor-se a riscos desnecessários. O pior que pode acontecer a uma pessoa é ela ficar com um peso de culpa na consciência, com remorsos, com a sensação de culpa caso seja a causa seja do que for, do pior possível, aos mais próximos, aos seus, devido à irresponsabilidade dos seus actos. Eu tenho a certeza de que dificilmente perdoaria se isso me acontecesse, e por isso faço todos os dias um esforço grande de acatamento para que não tenha esse sentimento de culpa, se porventura for confrontado com o pior dos cenários, quer como vítima, quer como vítima, quer enquanto causador. Não me perdoaria e não perdoaria, nunca! Depois do Natal vem agora o fim-do-ano, tempo de desejarmos apenas e só um Bom Ano Novo a todos, aos nossos familiares, amigos e conhecidos, com muita esperança e saúde. Acho que nunca como este ano estas duas palavras tiveram um significado enorme na vida dos outros, na nossa vida, deixando de ser meros chavões ou banalidades próprias de uma data específica. Este ano, ao contrário dos outros que já deixamos para trás, esses votos fazem mais sentido do que nunca, os votos de um bom Ano Novo com muita saúde e renovados desejos de viver. Fazem mais sentido do que todos os fins-de-ano já passados. Precisamos de um ano novo de 2021 que nos devolva as nossas vidas, a nossa liberdade, a nossa forma de sermos e de estarmos. E nos dias que correm isso é um bem não tem valor, o desejar saúde a todos os que fazem parte do nosso círculo de familiares, amigos e conhecidos, e pugnar para que isso seja factual. Exigindo de todos - nestes dias diferentes e malditos, mas que são também um desafio, uma lição de vida e um apelo à resistência colectiva - os cuidados que estes tempos pandémicos exigem e esperam de cada um de nós. Nós não queremos mais um Funchal vazio em tempo de Natal, um Funchal sem alma, triste, despovoado, temeroso, sem animação, sem calor, sem vida própria, resguardado, sem alegria,  porque preferimos, e bem, defendermo-nos e defendermos as nossas vidas, a vida de todos nós, recusando e combatendo comportamentos irresponsáveis. Há que respeitar a memória dos 12 dos nossos que até hoje partiram, respeitar os que ainda estão infectados pelo vírus e todos aqueles que mesmo catalogados de "recuperados", correm ainda o risco de contrair sequelas futuras que podem limitar a sua saúde e a sua vida quotidiana. Um abraço a todos neste virar de página (LFM)

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