A maioria dos portugueses considera “insuficientes” as medidas tomadas pelo Governo para limitar o contágio por covid-19, mostra a sondagem feita pelo ISCTE e ICS para o Expresso e SIC. São 45% os inquiridos que respondem assim, nove pontos acima do que aqueles que consideram “no ponto certo” o quadro de medidas em vigor — com apenas 13% a classificá-las como “excessivas”. De 15 em 15 dias, nas sucessivas renovações do estado de emergência, o primeiro-ministro tem vincado a mensagem de que é preciso manter um equilíbrio difícil: aplicar medidas restritivas para travar a expansão do vírus, mas manter a economia a funcionar, tanto quanto possível, para evitar uma crise económica e social ainda maior.
DIREITA MAIS CÉTICA
A avaliar pelas respostas ao inquérito, são sobretudo os eleitores que se posicionam “à direita” no espaço político que julgam ser necessário puxar o travão de mão: é nesse espaço político que se encontra a maioria das respostas, 54% face a 40% dos eleitores mais à esquerda. A diferença é ainda mais notória nos simpatizantes do PSD: 58% contra 35% apenas de “insuficientes” vindos de apoiantes do PS. Recorde-se que o partido de Rui Rio, o único que mantém voto favorável ao estado de emergência, pediu ao Governo “coragem” para aumentar as restrições à circulação no Ano Novo.
Em qualquer uma das duas perguntas — sobre suficiência de medidas quer
para travar a pandemia quer para reforçar a resposta do SNS, a perspetiva de
que as medidas tomadas são insuficientes é mais notória entre os eleitores mais
novos. Os eleitores acima de 65 anos são os que menos consideram curtas as
medidas restritivas (37%) e também os que menos se queixam de apoio reduzido ao
SNS (48%).
DGS JÁ COM NOTA NEGATIVA
Apesar de tudo isto, António Costa mantém — nove meses depois do eclodir
da pandemia — nota positiva dos portugueses relativamente à forma como tem
respondido à pandemia: de outubro para dezembro, o grau de confiança no
primeiro-ministro cai ligeiramente, de 55% para 51%, mostrando uma subida das
respostas negativas, de 44% para 47% (quando eram de 71% em maio, em pleno
confinamento). A margem de confiança está, agora, apenas ligeiramente acima da
margem de erro — é de 4 pontos percentuais.
Ao contrário, os portugueses mostram-se mais confiantes na resposta do
Presidente da República: Marcelo recupera dos 61% para os 66% — dois terços dos
portugueses. Fica, assim, dez pontos acima de António Costa, ainda que longe
dos 74% que merecia durante a primeira vaga da pandemia (Expresso)
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