quinta-feira, dezembro 10, 2015

O pedido de demissão de Pacheco visa pressionar os militantes a pensar no Congresso de Abril

Li algures que um deputado - melhor dizendo, um dos membros da côrte política de Passos Coelho, clique essa que tomou de assalto o poder partidário no PSD e tudo faz para lá se manter - terá reclamado a demissão de Pacheco Pereira, claramente um crítico, contundente, das opções da liderança do actual PSD e de muitas das opções governativas do anterior executivo que acabaram por estar na origem dos mais de 700 mil votos perdidos e dos 25 mandatos também perdidos.
Aceito quer as posições de Pacheco incomodam - tal como de muitos outros - mas a visibilidade mediática que ele tem na comunicação social, particularmente na televisão, faz dele uma espécie de bandeira da oposição a Passos, sendo mais do que certo que as suas posições são subscritas por muitos militantes que não concebem um PSD refém de um CDS que eleitoral e politicamente não vale a dimensão parlamentar que lhe foi dada por causa do desespero de Passos.
Sou um defensor,  reafirmo-o as vezes que forem precisas, de mudanças na liderança no PSD porque Passos vai chegar ao próximo congresso sem oferecer nada aos militantes. Nem as presidenciais lhe vão correr bem e mesmo que o candidato do PSD ganhe - e isso tem que acontecer numa primeira volta aproveitando a dispersão de candidatos à esquerda - MRS dificilmente aceitará ser um sopeiro de Passos. Além disso MRS não se esquece de algumas cacetadas de Passos...
Sou um defensor da imediata demissão de Montenegro da liderança do Grupo Parlamentar do PSD em São Bento porque se trata de uma personagem desacreditada pela evolução política entretanto registada, que neste momento satura as pessoas e que não dá um voto que seja ao partido. O PSD precisa de caras novas, de novas ideias, de novos protagonistas. Montenegro é mais do mesmo, a continuidade de um ciclo quer terminou, gostem ou não, a face de uma conjuntura que foi derrotada nas urnas porque a coligação de direita perdeu a maioria absoluta para uma nova e esquisita coligação de esquerda negociada à pressa e aos solavancos pelo PS e por um Costa sedento de poder porque desejoso de sobreviver. E para isso, só por esta via, estando no poder, mesmo que pressionando por PC e Bloco, numa coligação que provavelmente vai aguentar-se no poder - a esquerda não quer eleições antecipadas e por isso não dará oportunidade a que isso aconteça.
Se neste PSD de Passos a ideia é utilizar umas "vuvuzelas" tontas para pressionarem críticos, tentando condicionar o livre pensamento e impedir que o Congresso de Abril seja também, como deve ser, um momento para ajustar contas e questionar tudo, então seria bom que Passos tivesse ao menos a dignidade e a honradez de ser ele a dar a cara e começar por nos explicar:
- o que é que ganha o PSD com a manutenção de uma coligação com o CDS, estando os dois partidos na...oposição? Lá porque um tipo não sabe nada isso significa que o que sabe tem que ir ao fundo, mesmo sabendo nada?
- onde é que já se viram coligações políticas e parlamentares entre partidos sem responsabilidades de governação? Passos quer tomar os militantes por tontos? Quer passar-lhes um atestado de menoridade?
- como é que Passos explica o tal "mandato claro dado pelos portugueses" em eleições nas quais cerca de 50% dos eleitores não votaram, repito, 50% dos eleitores não votaram, e nas quais a coligação de direita perdeu "só" 700 mil votos e 25 deputados comparativamente a 2011?
- como é que Passos aceita que o discurso político do PSD - já nem falo no CDS porque me estou nas tintas - no novo quadro parlamentar seja entregue a antigos membros do governo anterior, que perderam eleições, que não ganharam a maior absoluta apesar de terem tido mais votos? É por isso via que o PSD vai recuperar o espaço perdido, mantendo os mesmos protagonistas à derrota moral em 4 de Outubro?
- se o candidato apoiado por PSD e CDS - ou seja, o candidato da direita - perder as eleições, provavelmente numa segunda volta que constitui o grande objectivo da esquerda, Passos manterá a suprema lata de chegar ao Congresso de Abril reclamando condições para manter-se no poleiro, na liderança do PSD?
- o que é que o PSD, neste momento, ganha com a manutenção da actual liderança, com os personagens derrotados que se limitaram a transitar do governo para o parlamento, apesar de terem legitimidade, porque foram obrigatoriamente impostos pelo próprio Passos e pela corte a corja que o sustenta em lugares de elegibilidade garantida?
- será que Passos vai dar uma explicação aos militantes, tal como é seu dever, clarificando qual foi o acordo feito com o CDS, qual a distribuição de lugares acordada com  Portas nos diferentes distritos em termos de sequência dos candidatos a deputados? Como é que um partido que fala dos resultados eleitorais nos termos em que fala tem 89 deputados, apenas mais 3 mandatos que os 86 deputados do PS?
- não seria recomendável que Passos e alguma das suas "vuvuzelas" que andam por aí à solta numa deriva vingantiva que vai ser a desgraça política e eleitoral do PSD, caso mantenham essa orientação, explicassem aos militantes e simpatizantes do PSD como é que se mantém uma certa arrogância - independentemente da razão que assiste - quando a coligação de direita perde mais de 700 mil votos e 25 deputados na Assembleia da República (só nas regiões autónomas perderam 3 deputados!)? (LFM)

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