quinta-feira, dezembro 10, 2015

A lógica acertada de Albuquerque quanto à coligação PSD-CDS

Várias vezes tenho defendido a necessidade do PSD se libertar do CDS porque não faz sentido nenhum que os dois partidos continuem reféns um do outro numa situação de oposição. Não acredito que uma coligação negativa, que existirá para dizer mal de quem está no poder - ainda por cima nas circunstâncias em que tudo isso aconteceu - represente alguma mais-valia política ou eleitoral a prazo. Tanto mais que o calendário político com o qual sonham Passos e Portas parece cada vez mais uma miragem, já que que nem o próprio  Marcelo Rebelo de Sousa aceitará ser um "sopeiro" da coligação de direita e um gerador de instabilidade política sem que lhe sejam dadas razões suficientemente fortes para que tal aconteça. Ora enquanto a esquerda não pretender eleições antecipadas, ela vai manter a maioria parlamentar na Assembleia, o que retira espaço de manobra ao Presidente, seja ele quem for. Acresce que uma coisa é o PSD e o CDS alegadamente estarem interessados em eleições antecipadas em Outubro ou Novembro de 2015, outra coisa é Passos e Portas se manterem na liderança dos dois partidos, desgastando-os politicamente e desvalorizando-os eleitoralmente na justa proporção em que o governo socialista de Costa consiga cumprir em tempo 
útil algumas das promessas feitas. 
Continuo a pensar que Passos e Portas experimentam uma grande dificuldade de adaptação a uma realidade política e parlamentar que vai durar o tempo que PS, PC e Bloco entenderem, já que nunca darão motivos para que a dissolução da Assembleia da República se concretize, pelo simples facto de não quererem eleições antes de 2017, tempo suficiente para mostrarem aos eleitores o que valem e confirmarem se que era ou não possível afinal uma política e um caminho diferentes das opções do governo PSD-CDS.
Essa dificuldade de adaptação a uma nova realidade política e parlamentar, essa dificuldade em tomarem a iniciativa e introduzirem as mudanças que são necessárias para que PSD e CDS comecem a preparar-se para um cenário eleitoral que ninguém sabe quando acontecerá, o facto de PSD e CDS integrarem o Partido Popular Europeu - a direita europeia - impedindo-os de uma identidade própria, no caso do PSD, que nada tem a ver ideológica e programaticamente com a direita, pode constituir uma opção desastrosa.
É chegado o momento, em meu entender, do  Congresso de Abril do PSD debater e votar a questão da continuidade, sim ou não, desta coligação injustificável.  Basta a vergonha do acordo feito por Passos - pressionado pelo desespero - que cedeu a Portas um número exagerado de deputados que apenas colocam o PSD com mais 3 mandatos que o PS, para percebermos que é tempo de PSD e CDS, enquanto partidos na oposição, deverem seguir o seu caminho, sob pena de se confundirem e de se fundirem um no outro. 
Porque razão, e volto a utilizar essa imagem, dois indivíduos, sobreviventes de um naufrágio, perdidos num oceano de contradições e dislates, terão que ir ao fundo só porque um eles, e apenas um deles, sabe nadar?
Por isso, é com satisfação que ouvi o presidente do Governo Regional da Madeira defender o fim da coligação patética em  Lisboa por haver risco dos dois partidos se fundirem. Embora repetindo a ideia, que não partilho, de que que “neste momento não há alternativa a Passos Coelho” - uma coisa é não haver alternativas quando o problema não se colocou, outra coisa é suscitar essa questão no seio do PSD promovendo o debate sobre a utilidade e a lógica política da continuidade de Passos e os riscos associados a essa continuidade, debate que nunca foi feito nem eles querem promover - Albuquerque defende uma orientação política oposta à de Passos, que reclama que 
PSD e CDS devem separar os seus caminhos agora que estão na oposição. Para Albuquerque esta união não deve continuar na oposição durante muito tempo, já  que há o risco de os partidos “se fundirem”. Cada partido tem a sua identidade:“Penso que cada partido tende a seguir o seu caminho”. Albuquerque acha que o ex-primeiro-ministro é o “homem certo” para a liderança do partido - perspectiva que discordo totalmente sublinhando que Passos é “um político com credibilidade perante a opinião pública”, algo que os resultados eleitorais dispensam mais comentários. Uma credibilidade que tirou mais de 700 mil votos e 25 deputados à coligação de direita? Resta saber se por culpa de Passos, se por culpa de Portas. Não tenho resposta a esta questão nas confesso que gostaria muito de saber quem foi a ovelha negra da coligação direitista, se a política de austeridade a todo o custo e a colagem excessiva a este desiderato  - como reconheceu o ex-ministro Poiares Maduro - se algum dos líderes do PSD ou do  CDS e qual deles. 
Curioso que o presidente do Governo Regional tenha já encontro agendado com o primeiro-ministro, António Costa em meados de Janeiro, prometendo uma boa relação institucional entre Funchal e Lisboa (LFM)

1 comentário:

Unknown disse...

Foi em Maio:
«No caso do grupo do empresário madeirense José Avelino Farinha (componente hoteleira), as prioridades no caso do Funchal apontam para um chamado hotel de cidade com boas acessibilidades (proximidade) e com estruturas próprias de frente mar». Tudo isto pode ser resumido a uma palavra: Savoy.