quinta-feira, novembro 08, 2012

Merkel diz que Portugal não tem dinheiro para criar emprego...

Li no Económico que “Portugal não tem dinheiro para responder de forma adequada ao drama do desemprego. Foi a própria chanceler Angela Merkel que o reconheceu ontem no Parlamento Europeu em Bruxelas, cinco dias antes da visita planeada para Portugal. No meio de muitos elogios à execução e alguns resultados do programa português de ajustamento, a chanceler disse que Portugal e Espanha têm ambos um problema com a falta de formação profissional e precisam de usar fundos comunitários. Mas "não lhes posso pedir" para o fazerem, porque "não têm financiamento" para comparticipar, reconheceu. O tema da formação profissional será um dos pratos fortes na sua visita a Lisboa. Muito atacada por deputados da esquerda, Merkel reconheceu que "50% de desemprego jovem como existe em alguns países da UE não é apenas terrível, não é digno da Europa". Mas deu o exemplo das reformas feitas pelo seu antecessor na chanceleria que foram criticadas à esquerda e que agora permitem à Alemanha estar numa situação "confortável" no mercado de trabalho. E citou o ajustamento bem sucedido dos países bálticos como outro exemplo. A chanceler foi recebida por um protesto de alguns deputados e assistentes à entrada do hemiciclo com ‘posters' que diziam "austeridade mata", em alusão à mensagem dos maços de tabaco. Merkel disse compreender o sofrimento das pessoas, mas também vê boas notícias nestes países sob pressão. "A Irlanda, Portugal e Espanha, mas também a Grécia, estão a reduzir o défice da balança das transacções correntes, bem como os custos unitários de trabalho o que é bom para recuperar a sua competitividade", explicou.
Bruxelas pressiona PS a escolher entre Irlanda ou Grécia
Sempre que pôde, Merkel fez a diferença entre o caso grego e o dos outros periféricos lembrando que os seus problemas de financiamento começaram antes da austeridade e antes da ‘troika' e com um défice de 15%. Num dia em que em Atenas voltaram os confrontos por causa da adopção de um pacote de austeridade no Parlamento, Merkel disse que "não está certo fazer uma greve por cada privatização", nem ter um sistema de caminhos-de-ferro "em que os preços das viagens não cobrem os salários" dos trabalhadores, nem um sistema em que "não se pagam os impostos devidos". Também o comissário do euro, Olli Rehn, fez ontem claramente essa distinção entre Grécia e os outros atirando, de forma velada, para a oposição portuguesa a responsabilidade de escolher o caminho a seguir: ou Portugal segue o caminho do consenso, que é chave do sucesso do programa irlandês e da Letónia, ou escolhe o caminho de apoio frágil ao memorando, como ocorreu na Grécia. "A experiência de Portugal e de outros como Irlanda e Letónia é de que um amplo consenso nacional é um factor muito importante para o êxito do programa", explicou. Por isso, numa altura em que Portugal se divide entre que defende refundação ou a renegociação do programa, Rehn responde que "é muito importante que se concentrem na implementação do programa, com o maior consenso possível".
Portugueses vão ter aumentos reais
Os salários reais dos portugueses vão voltar a aumentar em 2013, depois de uma forte queda este ano. Segundo as previsões económicas da Comissão Europeia, os salários reais sobem 0,6% em 2013, depois de uma queda de 5,1% este ano. Um aumento que está em linha com o aumento da produtividade esperada para 2013, mas que é o dobro do registado na zona euro (0,3% em 2013 e 2014), um facto que aparentemente contraditório com a percepção de crise e que não é explicado pelo relatório de Bruxelas. De qualquer forma, será sol de pouca dura porque em 2014, os salários reais voltarão a cair 0,9%”