quinta-feira, novembro 15, 2012

Medina Carreira: "Agora como já nada chega, deixámos de ter soluções"

Li no Dinheiro Vivo que "Henrique Medina Carreira acredita que Portugal apenas já só tem uma oportunidade para recuperar as contas: reduzir a despesa pública. Como referiu hoje num Seminário que debate o Orçamento do Estado para 2013, organizado pela AIP, "restam-nos as despesas para arrumar a casa". Como explicou, "ao longo de 30 anos o país foi sujeito a políticas irresponsáveis e isto levou-nos primeiro a aumentar os impostos, depois o agravamento dos impostos já não chegava e começámos a endividarmo-nos. Agora como já nada chega, deixámos de ter soluções", diz. "Dos anos 80 para 2010 a economia cresceu em média 2% ao ano e as despesas sociais a 4,3%. Tínhamos nas contas públicas uma bomba-relógio". "Não temos maneira de resolver as contas públicas sem ser a mexer no pessoal e despesas sociais", explicou o economista afirmando que as despesas sociais já têm vindo a cair enquanto que as prestações sociais ainda não pararam de aumentar. "Temos de mexer no social e digo-o sem medo porque tenho-o defendido há muito tempo. Tem de se agir agora", reforçou. Na década de 2000 a 2010 as prestações sociais e pensões cresceram a um ritmo muito superior à da década anterior, explicou. "Não há economia que aguente um aumento destes". "Tudo aquilo que nós pagamos dirige-se a prestações sociais e pensões. É insustentável. Dois terços do que pagamos vão para despesas sociais". Medina Carreira admite que "somos testemunhas do maior agravamento fiscal de que há memória, mas o Orçamento mostra um crescimento de apenas 1,8 mil milhões. Isto mostra um falhanço", diz. "As despesas sociais foram as principais responsáveis pelo aumento da despesa pública. Na Dinamarca também é assim mas as receitas fiscais são 45%", enquanto que em Portugal são de cerca de 30, refere. "O Estado Social não é viável sem uma economia industrial", explicou Medina Carreira. "Sem economia, sem demografia, sem industria não se consegue".