quinta-feira, novembro 15, 2012

Mais 100 mil pessoas perderam o emprego desde o início do ano

Diz o Económico que "o número de desempregados em Portugal aumentou em 100 mil pessoas nos primeiros nove meses do ano. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística (INE), que estima uma taxa de desemprego de 15,8% no terceiro trimestre. Mais: os desempregados de longa duração explicam mais de 70% do aumento do desemprego entre Julho e Setembro. "O desemprego é um processo pelo qual o país tem de passar. Sabemos que o desemprego ainda vai aumentar antes de ver o seu declínio", disse ontem o primeiro-ministro, confrontado com os números do INE, à margem da cerimónia de inauguração de uma parte da fábrica da Sicasal. Passos Coelho garantiu que o objectivo actual do Governo é "encontrar respostas que possam atenuar os efeitos do desemprego", nomeadamente o de "longa duração". De acordo com o Inquérito ao Emprego do terceiro trimestre, publicado ontem, a taxa de desemprego atingiu os 15,8% da população activa no final de Setembro. Um aumento de oito décimas face ao segundo trimestre e de 3,4 pontos percentuais face ao trimestre homólogo. Contas feitas, no que vai do ano a população desempregada aumentou em 100 mil pessoas, face ao final do ano passado. O aumento no terceiro trimestre face ao segundo foi de 44 mil pessoas e, em termos homólogos, 181,3 mil. "O desemprego subiu mais do que esperávamos. Sabíamos que o desemprego iria voltar a aumentar, atingindo novamente o nível mais alto de que há memória, mas não tanto", afirma Filipe Garcia, economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, acrescentando que "a trajectória permanece clara e ainda sem sinais de inversão, com a economia incapaz de gerar emprego". O INE apenas publica dados do desemprego trimestralmente. Nesse sentido, recorde-se que, de acordo com o Eurostat, que publica dados mensais, o desemprego terá recuado de 15,8%em Agosto para 15,7% em Setembro, naquela que será a primeira descida em 15 meses. Ainda assim, o PS não acredita que seja possível inverter a subida do desemprego tão cedo. O deputado socialista Pedro Marques, que ontem acusou o Governo de "falhar em todos os objectivos", disse que a situação social "é muito complexa e, infelizmente, não se vê nenhuma razão para que a situação se altere". Ainda de acordo com os dados do INE, o aumento do desemprego de longa duração - que representa 55,8% do total de desempregados na economia - justifica 70,3% do aumento global do desemprego no terceiro trimestre.
Já foram destruídos 79 mil postos de trabalho em 2012
"É tão ou mais relevante analisar os números do emprego do que da taxa de desemprego", afirma Filipe Garcia, da IMF. É que este indicador mostra a dimensão da criação ou destruição de postos de trabalho na economia. E, de acordo com o INE, a taxa de emprego na economia portuguesa é neste momento de 51,7%, ou seja, pouco mais de metade da população está empregada. Os números mostram que um pouco menos de 4,7 milhões de pessoas estavam empregadas em Portugal no final do terceiro trimestre. Uma quebra de 4,1% em termos homólogos e de 0,7% em termos trimestrais. Mais: no que vai do ano, foram destruídos 79,1 mil postos de trabalho. Filipe Garcia considera que a quebra no emprego "é verdadeiramente preocupante" e recorda que "a criação de emprego é uma variável que sofre de desfasamento em relação ao ciclo económico". Ou seja, "é de esperar que a situação apenas mostre melhorias algum tempo após o produto crescer ou, pelo menos estabilizar". E "dado que os indicadores relativos ao PIB voltaram a deteriorar-se, a inversão da tendência no desemprego continua adiada", conclui.
Números do desemprego no terceiro trimestre do ano
67% sem subsídio de desemprego
No terceiro trimestre, o subsídio de desemprego chegava a 287 mil pessoas, o valor mais alto desde, pelo menos, 2011, revelam dados do INE. Isto significa que a prestação deixava de fora 53,1% dos inscritos nos centros de emprego à procura de novo posto de trabalho (dois dos requisitos necessários), o valor mais baixo desde o trimestre homólogo. No conjunto de desempregados (870,9 mil), 67% não recebia a prestação.
247 mil trabalham menos horas
Há 247,3 mil pessoas que trabalham menos horas do que desejariam (5,3% do total de empregados). Este valor representa uma subida de 17,6% face ao período homólogo e uma queda de 5,2% em comparação com o segundo trimestre do ano. Em causa estão pessoas que trabalham a tempo parcial, entre 15 e 74 anos, mas que declaram que gostariam de trabalhar mais horas do que as habituais
Desemprego recua no Algarve e Açores
Algarve e Açores foram as únicas regiões onde a taxa de desemprego recuou no terceiro trimestre, face aos três meses anteriores (-2,7% no primeiro caso e -0,2% no segundo). Em comparação homóloga, todas as regiões registaram subidas. Lisboa assume a taxa mais elevada (17,8%), seguindo-se Madeira (17,5%), Norte (16,4%), Alentejo (16,1%), Açores (15,4%), Algarve (14,7%) e Centro (12,5%).
Mais jovens sem emprego
A taxa de desemprego jovem subiu para 39% quando, há um ano atrás, ficava em 30%. O número de jovens sem emprego aumentou 17% face ao trimestre anterior, a subida mais significativa. Aliás, só se regista uma quebra (-0,6%) entre os maiores de 45 anos. São já 175,1 mil os jovens entre 15 e 24 anos sem emprego, mais 26,6% face ao período homólogo. Mas nesta comparação, a subida mais visível foi na faixa entre 25 e 34 anos (30,8%) e entre 35 e 44 anos (26,7%)"