segunda-feira, novembro 12, 2012

Historiador inglês acusa: Governo alemão está a forçar medidas de austeridade

Segundo o DN de Lisboa, num texto do jornalista Luís Manuel Cabral, “o historiador britânico John Rees, um dos signatários de uma carta aberta a Angela Merkel, que na segunda-feira visita Portugal, considera que a Alemanha está a forçar medidas de austeridade e que os protestos deveriam preocupar a chanceler.Rees explicou à agência Lusa que subscreveu a missiva "porque o governo alemão está no centro das políticas de austeridade e dos cortes que continuam a ser aplicados no sul da Europa", justificou este ativista, fundador do movimento pacifista Stop The War Coalition e da organização Counterfire, a propósito do apoio à carta. Cerca de três mil cidadãos portugueses e estrangeiros subscreveram uma carta aberta a Angela Merkel dizendo que a chanceler alemã e a sua comitiva não são bem-vindos a Portugal e que vêm "observar as ruínas em que a sua política" deixou a economia portuguesa. Na carta é feita uma referência à greve geral marcada para 14 de novembro, que será contra a austeridade e "contra governos que traíram e traem a confiança". Mas, garantem, será também uma manifestação contra Angela Merkel, "contra a austeridade imposta pela 'troika' e por todos aqueles que a pretendem transformar em regime autoritário". Na opinião de Rees, os protestos esperados em Lisboa refletem a noção das pessoas de que "a Alemanha é atualmente o país mais poderoso da Europa" e que está a usar essa condição para forçar as medidas de austeridade sobre os países da periferia. Porém, a greve geral marcada para 14 de novembro em Portugal, Espanha e noutros países europeus mostra que se está "a chegar a um ponto de viragem" no nível da contestação popular, o que, segundo Rees, deveria preocupar Angela Merkel e os outros dirigentes europeus. Autor de vários livros sobre movimentos revolucionários históricos e testemunha ativa no derrube de Hosni Mubarak no Egito, John Rees admite ser possível fazer uma "comparação preocupante" entre a situação atual e a crise dos anos 30. "Naquela altura havia um grande poder da classe trabalhadora, mas também se assistiu a uma ascensão dos movimentos de extrema-direita, como se vê agora com o Alvorada Dourada na Grécia", recordou Rees, advertindo que "se os trabalhadores não resolverem isto por eles mesmos, outras forças mais negras poderão impor-se". Apesar de os sindicatos britânicos não terem convocado greves para o dia 14, estão previstas algumas ações de protesto e apoio aos trabalhadores portugueses, espanhóis e gregos que envolverão expatriados daqueles países. Já no sábado, o grupo PIIGS United in London, que junta portugueses, irlandeses, italianos, gregos e espanhóis residentes em Londres, organiza um debate com o escritor alemão Alexander Gallas, o economista Juljan Krause e o corretor de bolsa Sebastian Döring sobre a visita de Angela Merkel a Lisboa. Na segunda-feira, em conjunto com o Occupy London e outras organizações, protagonizam um protesto junto ao salão Guildhall onde à noite se realizará o tradicional banquete do Lord Mayor da City of London que reunirá os principais financeiros de Londres para escutar um discurso do primeiro-ministro, David Cameron.  Na próxima quarta-feira, dia da greve geral ibérica, terá lugar uma manifestação em frente à delegação da União Europeia na capital britânica organizada pela Coalition of Resistance, uma coligação de movimentos opositores à austeridade”.