terça-feira, novembro 13, 2012

El País avança com despedimento de um terço dos trabalhadores!

Li no Publico que "nem a greve de três dias nem os protestos dos jornalistas do El País conseguiram travar o processo de regulação de emprego imposto pela administração do diário espanhol, que começou na segunda-feira a comunicar a 129 trabalhadores que fazem parte da lista dos despedimentos. O presidente da comissão de trabalhadores, Manuel González, confirmou à AFP que o despedimento de 129 pessoas vai mesmo avançar. Na segunda-feira, 52 jornalistas de Madrid foram informados de que seriam despedidos. Durante terça-feira serão contactados os outros, que estão fora da capital espanhola, explicou González. A esses, somam-se outras duas dezenas de trabalhadores com mais de 58 anos, que serão obrigados pela empresa a reformar-se antecipadamente. Ao todo, são 149 trabalhadores, que representam praticamente um terço do total, 466. No Twitter, vários jornalistas criticam a forma como o processo está a ser conduzido. Contestam os critérios para o seu despedimento – na maior parte dos casos é-lhes dito que haverá uma redução do número de páginas do jornal e que não têm um “perfil digital” – e também o facto de estarem a ser informados por e-mail de que serão despedidos . “Acabo de ser despedido com 12 meses [de salário] de indemnização depois de 30 anos no El País, onde fui correspondente em quatro continentes e director adjunto”, escreve no Twitter o jornalista e escritor Javier Valenzuela. Não é o único caso do género. “A empresa divulga a lista dos 129 despedidos. Estou nela. O meu perfil digital e a minha trajectória são insuficientes”, escreveu Ramón Lobo, que esteve como repórter de guerra em vários países. Também as indemnizações – um salário por cada ano de trabalho com um limite máximo de 12 – estão longe de ser as desejadas pelos trabalhadores. Nas primeiras reuniões com a administração, a comissão de trabalhadores tinha pedido 39 dias por cada ano, com um limite de 42. Vários colaboradores do jornal, como os escritores espanhóis Antonio Muñoz Molina e Javier Marías, o peruano Mario Vargas Llosa e o chileno Jorge Edwards escreveram uma carta à comissão de trabalhadores em que manifestavam a sua “inquietude e mal-estar” com todo o processo, inserido num plano de redução de custos. “Acreditamos que estes episódios são mais um passo na deterioração dos valores que estiveram na origem de um diário crucial para as liberdade e a democracia espanhola, que é hoje mais necessário do que nunca, perante a profunda crise económica, política e institucional que vivem Espanha e a Europa”, lê-se ainda no mesmo texto. Ainda antes de estar confirmado o número de pessoas que seriam abrangidas pelo processo de regulação de emprego (que inclui despedimentos e reformas forçadas para os jornalistas mais velhos), já o director do jornal, Javier Moreno, tinha reconhecido que não seria possível fazer o mesmo jornal depois dos despedimentos. Disse, porém, acreditar que os trabalhadores seriam “capazes de dar o melhor de si para que o El País continue a ser o órgão de referência em espanhol em todo o mundo”. No editorial do último domingo, a direcção do diário espanhol voltou a explicar que o “doloroso ajuste da redacção se deve à crise e às radicais mudanças no sector”, cada vez mais voltado para o online, enquanto a circulação e a publicidade não param de cair. Também a administração do jornal já tinha dito que estes despedimentos são necessários para garantir a viabilidade do jornal, tendo em conta a grave crise que o país e a imprensa atravessam. Nos últimos cinco anos, a tiragem dos jornais diminuiu 18% em Espanha. As receitas com publicidade caíram 53%. No mês passado, a Prisa, grupo detentor do El País, anunciou que fechou o terceiro trimestre com uma quebra de 88% dos lucros".