domingo, novembro 18, 2012

«Austeridade e recessão não funcionam sozinhas»...

Segundo a Agência Financeira a “reestruturação e compra de dívida pelo BCE podem ajudar Portugal a sair da crise, defende professora de Harvard. «A crise financeira ajuda, muitas vezes, a resolver os problemas e impedir os países de arrastarem a sua dívida. Mas, para os resolver, não basta aplicar medidas de austeridade». A opinião é de Carmen M. Reinhart, da Universidade de Harvard, EUA, que, numa videoconferência promovida pelo Banco de Portugal, explicou que, para sair da crise, os países não podem apenas recorrer às reformas estruturais e recessão. «Em muitos casos, a crise financeira exige austeridade, reformas estruturais e recessão. Mas, muitas vezes, estas medidas não são suficientes, sozinhas não funcionam. A reestruturação da dívida e a sua conversão são muito importantes», disse a professora de sistemas financeiros internacionais em Harvard, afirmando que a forma como o fazer «é uma questão que deve ser decidida por cada país». Os europeus podem ser ajudados pelo Banco Central Europeu (BCE), através do seu programa de compra de títulos do Tesouro. Esta medida poderia ser positiva para Portugal, por exemplo, mas Reinhart adverte: «Isolados, os países não vão conseguir superar esta crise». O perdão de dívida - que no caso da Grécia, Reinhart assume que pode ser maior - e «no limite a falência» são hipóteses que a professora de Harvard não tira de cima da mesa. Certo é que, para a economista, os países da Zona Euro «têm de atuar juntos», já que as ondas da crise ainda não terminaram. Primeiro a Grécia, depois Portugal e Irlanda, agora Espanha e Itália. «E a França está com um nível de dívida muito preocupante», alerta Carmen Reinhart, depois da revista «The Economist» ter classificado este país como «a bomba-relógio dentro da Europa», ameaçando ser a próxima vítima da crise que começou em 2008. «As regras do jogo mudaram. Não são as mesmas das vividas antes crise. Os eventos de crédito e as crises vão ser mais frequentes», entende Reinhart, na Sexta Conferência do Banco de Portugal, que decorreu em Lisboa. E quando surgem estes tipos de problema «a saída nunca é fácil». «Os credores tem um grande papel. E quem são esses credores? Os principais são bancos alemães e britânicos. Tudo dependerá, então, de como evoluir as suas economias», explicou Reinhart, assumindo que as decisões que restam aos países em crise não são «escolha fácil». «A decisão deve ser entre ir agora ao fundo e enfrentar o futuro vindo do pior cenário ou começar já a tentar subir para um nível intermédio e arrastar os problemas indefinidamente. Não é uma escolha fácil e deve ser tomada por cada país».