Noticia o Publico, num texto do jornalista João d"Espiney, que "os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) deviam quase 600 milhões de euros só às empresas de dispositivos médicos no final de 2010. Os dados mais recentes da associação que representa as principais empresas do sector - a Apormed - indicam que o prazo médio de pagamento ultrapassa os 300 dias. Estes números estão, ainda assim, muito aquém dos apresentados pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma). No final de Dezembro, os hospitais deviam 965,4 milhões de euros aos laboratórios farmacêuticos e o prazo médio de recebimento estava nos 375 dias - ou seja, somando apenas os dados das empresas farmacêuticas e de dispositivos médicos, a dívida do SNS ultrapassava os 1500 milhões de euros no final do ano passado. "O nosso inquérito relativo ao primeiro trimestre está em curso e, por isso, ainda é cedo para ter uma indicação sobre a evolução desde 31 de Dezembro de 2010. Nessa data o prazo médio de recebimento da nossa amostra era de 334 dias. A extrapolação da dívida do sector com base neste índice conduz-nos a um valor estimado da dívida, do SNS ao conjunto das empresas do sector, na ordem dos 570 milhões de euros", afirmou ao PÚBLICO fonte oficial da Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos. Apesar de o Ministério da Saúde ter reforçado os orçamentos dos hospitais em mais de 300 milhões de euros no final de 2010 para pagar as dívidas aos fornecedores, os dados relativos ao primeiro trimestre revelam que estas unidades não estão a conseguir estancar as dívidas, nem reduzir os prazos de pagamento. Muito pelo contrário. O último estudo mensal divulgado pela principal associação de empresas farmacêuticas indica que, no final de Fevereiro, o valor da dívida voltava a ultrapassar o patamar dos mil milhões de euros, fixando-se nos 1014 milhões e os hospitais já pagavam, em média, a 377 dias. Assim, em apenas um ano, as dívidas dos hospitais aos laboratórios derrapou em 272,9 milhões de euros e prazo médio de pagamento 78 dias. Do total das dívidas registadas em Fevereiro deste ano, mais de 730 milhões correspondiam a dívidas com mais de três meses de atraso - o valor máximo estipulado no Programa Pagar a Tempo e Horas -, o que traduz um agravamento de 58,6 por cento face ao ano anterior. Os dados da Apifarma revelam que as facturas com mais de três meses dos hospitais com Estatuto Público Empresarial (EPE), a grande maioria do SNS, totalizavam 665,5 milhões de euros no final de Fevereiro deste ano - mais 79,7 por cento do que em Março de 2010 -, ultrapassando o anterior máximo de 664,5 milhões registado em Novembro de 2010, mês em que a dívida global de todos os hospitais atingiu o número histórico de 1059,7 milhões. O prazo médio de pagamento das unidades EPE situava-se nos 385 dias, contra 277 dias um ano antes, enquanto o dos hospitais do Sector Público Administrativo - com uma dívida global de 87,6 milhões - está em 366 dias”.
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