segunda-feira, outubro 30, 2023

Sondagem: Popularidade de Marcelo em queda, Costa no vermelho

Marcelo Rebelo de Sousa volta a ser o político mais popular, mas sofre uma queda acentuada na avaliação dos portugueses, de acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Continua, ainda assim, em terreno positivo (10 pontos), ao contrário de António Costa, que perde três pontos face à última avaliação e mantém, por isso, um saldo negativo (22 pontos), em nada beneficiando da apresentação do Orçamento do Estado para 2024 e de medidas populares como o alívio no IRS.

O presidente da República regressa, neste mês de outubro, à trajetória descendente que registou entre abril de 2022 (tinha então 46 pontos de saldo positivo) e o mesmo mês do ano passado (saldo de apenas sete pontos). Em julho passado, e no auge da confrontação com o primeiro-ministro, na sequência do “deplorável episódio” que envolveu o ministro João Galamba, recuperou parte do terreno perdido e chegou aos 26 pontos de saldo positivo (diferença entre avaliações positivas e negativas). Três meses depois, a centralidade política de Marcelo Rebelo de Sousa já não parece ser a mesma e a sua avaliação volta a cair: é certo que consegue um saldo positivo de dez pontos, mas isso corresponde ao segundo pior resultado desde o início desta série de barómetros, em julho de 2020.

O “jogo” da confiança

Outro resultado que aponta, desta vez, para uma degradação da popularidade do inquilino de Belém é o “jogo” da confiança com o primeiro-ministro. Quando se pergunta aos portugueses em quem mais confiam, Marcelo (46%) continua muito acima de Costa (18%), mas com a diferença a reduzir-se de 35 para 28 pontos.

Por outro lado, e ao analisar os diferentes segmentos da amostra, o presidente já acusa saldo negativo entre os que vivem na Área Metropolitana do Porto e entre os que têm melhores rendimentos. E se o ângulo de análise for o voto, percebe-se que o resultado positivo de Marcelo depende cada vez mais dos eleitores socialistas. Sofreu um forte abalo entre os sociais-democratas e, daí para a Direita e para a Esquerda, o saldo é negativo.

A situação do primeiro-ministro é diferente da do presidente, para pior. António Costa entrou em terreno negativo em julho do ano passado e não parece ser capaz de alterar a perceção dos portugueses. Nem o Orçamento do Estado, com a sua aposta nas “contas certas” e, simultaneamente, uma folga no IRS, mudou a opinião dos portugueses. Como mostrou a sondagem publicada ontem, o alívio no IRS é positivo (50%), mas os contribuintes querem mais, concretamente que o excedente deste e do próximo ano seja usado para dar volume ao alívio fiscal (52%). E há, por outro lado, uma óbvia insatisfação com o fim do IVA zero (63% acham que devia manter-se), com os valores para o aumento das pensões (insuficientes para 63%) e até com os aumentos salariais na Função Pública (insuficientes para 52%).

A perda dos mais velhos

A avaliação só não é pior para Costa porque, da análise aos vários segmentos da amostra, resulta que os eleitores socialistas estão muito satisfeitos (saldo positivo de 74 pontos), ao contrário dos eleitores mais à Direita, em que se aprofunda o descontentamento.

Os que têm 65 anos ou mais, grupo etário que costumava alavancar o primeiro-ministro, continuam distantes. Costa perdeu o seu favor aquando da polémica com o “congelamento” de pensões, no final do ano passado, recuperou algum terreno quando emendou a mão, com o aumento intercalar das pensões em julho passado, mas não o suficiente (saldo negativo de 11 pontos).

Ventura lidera Oposição em maré baixa

O conjunto da Oposição regista, por norma, uma avaliação bastante negativa. Mas, neste barómetro, bate todos os recordes, com um saldo negativo de 37 pontos, o pior desde que se iniciou esta série de barómetros, em julho de 2020. Um resultado que coincide com o facto de André Ventura (39%), presidente do Chega, ampliar a sua vantagem sobre Luís Montenegro (24%), do PSD, quando se pergunta quem é a principal figura da Oposição. O líder do partido da Direita radical vence em todos os segmentos geográficos etários e sociais. Quando a análise incide no voto partidário, Montenegro lidera entre sociais-democratas e socialistas. Nota para a quebra de Mariana Mortágua (8%), que ainda assim se mantém em terceiro lugar.

À lupa

56%

A percentagem de avaliações negativas ao Governo voltou a subir, contribuindo para um saldo negativo de 29 pontos. Como sempre acontece nestes barómetros, a avaliação ao Governo fica uns furos abaixo da do primeiro-ministro.

76%

Desde janeiro deste ano que se mantém em máximos a percentagem dos que pedem maior exigência do presidente da República sobre o Governo. O único segmento que discorda dessa exigência é o dos eleitores socialistas (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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