Organizações de defesa da liberdade de imprensa condenaram as penas de sete e seis anos de prisão aplicadas a duas jornalistas iranianas que cobriram o caso de Mahsa Amini, morta sob custódia. Masha Amini, jovem curda de 22 anos, morreu depois de ter sido detida pela polícia da moral iraniana por, alegadamente, violar o código de vestuário rigoroso imposto pela República Islâmica. Niloofar Hamedi, de 31 anos, trabalhava para o diário iraniano Shargh e foi ao hospital onde Mahsa Amini esteve em coma durante três dias após a sua detenção, antes de morrer, enquanto Elaheh Mohammadi, de 36 anos, repórter do diário Ham Mihan, foi à cidade natal da jovem, Saqqez, para fazer a cobertura do funeral. As duas jornalistas foram detidas pouco depois, em setembro de 2022, e permaneceram presas enquanto aguardavam o julgamento e a sentença. Elaheh Mohammadi foi condenada a seis anos de prisão e Niloufar Hamedi a sete anos de prisão por colaboração com os Estados Unidos, segundo o Mizan Online, uma página na Internet especializada em assuntos judiciais. Durante o julgamento, as duas jornalistas rejeitaram as acusações de colaboração com os Estados Unidos.
“O veredito é escandaloso. Um ano de prisão preventiva não satisfez a sede de vingança da República Islâmica, que acaba de punir severamente estas duas corajosos jornalistas”, declarou o responsável pela delegação dos Repórteres sem Fronteiras (RSF) no Médio Oriente, Jonathan Dagher.
Segundo o responsável dos Repórteres Sem Fronteiras, as duas jornalistas “estão a ser punidas por exercerem a sua profissão”. Ambas foram também condenadas a cinco anos de prisão por conspiração contra a segurança do Estado e a um ano de prisão por propaganda contra a República Islâmica, informou o sítio Mizan Online, pormenorizando que as penas serão cumpridas ao mesmo tempo.
“As condenações de Niloofar Hamedi e Elaheh Mohammadi são uma farsa e uma ilustração sombria da erosão da liberdade de expressão e das tentativas desesperadas do Governo iraniano para criminalizar o jornalismo”, afirmou o coordenador para o Médio Oriente e Norte de África do Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Sherif Mansour. O marido de Hamedi, Mohammad Hossein Ajorlo, escreveu na rede social X que a jornalista foi informada da sentença no dia do seu aniversário. De acordo com o CPJ, o Irão prendeu pelo menos 95 jornalistas durante a repressão do movimento de protesto que se seguiu à morte de Mahsa Amini (Executive Digest)
Sem comentários:
Enviar um comentário