Tendo reforçando nos
últimos dias a crítica a sectores do PS-Madeira, sobretudo usando as redes
sociais, o deputado Carlos Pereira, antigo líder do PS madeirense - que foi
derrotado, em Julho de 2020 nas directas socialista, pela dupla Emanuel
Câmara - Paulo Cafofo, o primeiro hoje distanciado do protagonismo mediático e
político que teve no passado recente no PS regional, enquanto o segundo se
demitiu em Dezembro de 2021, depois do desastre eleitoral do PS nas eleições
autárquicas madeirenses - quer avançar com a candidatura mas tem percebido, segundo
me garantiram hoje, que não disporá de apoios necessários. O "problema
dele é que perdeu espaço, perdeu apoios e perdeu pessoas que podiam ajudar
nessa candidatura e que hoje estão, ou com outros nomes, ou afastaram-se da
política activa"
"Basicamente ele
(CP) percebeu, desde que foi para Lisboa, que perdeu espaço de manobra na
Madeira, que perdeu espaço, o pouco espaço que sempre teve no partido, e que
viu alguns apoiantes ou a se desligarem das disputas internas ou inclusivamente
a se submeterem à onda interna pró-Cafofo", acrescenta.
De acordo com a minha
fonte, muito próxima do PS-Madeira, a última reunião da Comissão Regional dos
socialistas, que marcou as datas das directas e do congresso regional, mostrou
que o PS-Madeira, depois da penosa derrota sofrida nas regionais de 24 de Setembro
- e que mesmo assim não teve a amplitude desastrosa que muitos vaticinaram
antes das eleições e as sondagens apontavam - parece estar dependente da
chegada de uma espécie de "salvador", teoria que CP tem contestado de
forma dura.
"No fundo, e consciente da sua posição difícil e de quase nula influência interna, CP vai apostar, de forma insistente, na valorização da derrota eleitoral do PS-Madeira e na necessidade de um debate interno, de mudanças de protagonistas e no apontar de culpados pela derrota", diz a minha fonte que recorda ainda, e critica, a ausência de CP da campanha eleitoral, salvo quando no dia em que Costa veio algumas horas a Machico foi preciso...aparecer nas fotografias!
Tudo indica, segundo a
minha fonte, que Carlos Pereira, apesar da sugestão surgida de um dois
polémicos deputados do PS em Lisboa, Ascenso Simões - que poderia ser negociado internamente no PS-Madeira depois da copiosa derrota nas regionais,
um acordo envolvendo todas as facções... - percebeu rapidamente que saiu
muito fragilizado, não só depois da polémica sobre o alegado perdão da Caixa
Geral de Depósitos no âmbito de um processo de execução a uma empresa da qual o
socialista era avalista (notícia que próprio desmentiu mas depois remeteu-se
ao silêncio quando foram divulgados documentos adicionais que alimentaram uma
notícia que me pareceu claramente "encomendada", não se percebe é por
quem e com que propósitos), quer mais recentemente pelo seu absurdo e ridículo
envolvimento num patético esquema montado por figuras do PS nacional e pela
francesa antiga CEO da TAP, com o propósito de combinarem perguntas e respostas
a serem feitas e dadas no quadro da comissão parlamentar de inquérito. Pereira
foi inclusivamente substituído nas funções e coordenador do PS e abandonou
aquela Comissão.
Carreira
política em risco?
O
problema de Carlos Pereira é que tem como alvo preferencial Paulo Cafofo e,
depois, Sérgio Gonçalves - a proximidade entre ambos é conhecida. Tem por isso,
diz-me a minha fonte, de tomar uma opção que pode não ser fácil: ou aumenta a
intensidade crítica dos ataques à tal "seita" que referiu esta
semana, assumindo-se como o rosto da oposição interna e correndo o risco de ver
a sua carreira política terminar com as próximas eleições legislativas
nacionais - dificilmente seria candidato proposto por Cafofo - ou atenuar esses
ataques "faz-se de morto num canto qualquer da sala, assiste a tudo sem se
envolver e reserva-se para o depois eleitoral, para a eventualidade de Cafofo
voltar a ser derrotado em regionais".
Calado
"aliado"?
A
minha fonte diz-me ainda não acreditar que CP aceite fazer-se de
"morto" num PS-Madeira liderado por Cafofo que provavelmente o
regresso de Cafofo à liderança do PS-Madeira tem a ver com a inevitabilidade,
assumida pelas elites socialistas urbanas, de que será Pedro Calado o próximo
candidato social-democrata à chefia do executivo regional.
"Se
o PS-Madeira, com dificuldade em gerir a derrota, falou num desgaste de Albuquerque do PSD só porque voltaram a perder a maioria absoluta, o que dizer,
no caso de CP, se um Pedro Calado, a fazer paulatinamente o seu caminho, surgir
apostado numa corrida eleitoral regional com a imagem e a força política que
aparenta ter?", ressalva o meu informador. Segundo ele, CP deve equacionar
muito seriamente, se não conseguir ser a alternativa que deseja e sonha, em não
marcar presença no Congresso, porque dificilmente ficará calado, caso decida ir
à reunião magna, e esse momento pode não correr nada bem para ele,
politicamente falando.
Críticas
De
facto, como ficamos a saber, Carlos Pereira exige reflexão dentro do PS-Madeira
e continua reticente relativamente ao anúncio de Paulo Cafofo em voltar à
liderança do partido, dois anos depois de o ter abandonado.
“Não
deve haver histeria ou agitação inconsequente com proclamações mais ou menos
primárias. Não é tempo de propaganda pessoal, mas de diálogo com o partido. Por
isso, a tranquilidade neste momento é crucial assim como a serenidade que
permita dar passos para que a Madeira tenha uma alternativa válida. Qual a
pressa para condicionar o partido num momento indispensável de reflexão e
preparação dos enormes desafios futuros?”, questiona o madeirense, em jeito de
reparo.
Cafofo é de novo candidato à liderança do PS-M
Depois
da pesada derrota nas ‘Regionais’, Sérgio Gonçalves não se demitiu da direcção
socialista, mas recusou ser recandidato, abrindo assim caminho ao ainda
Secretário de Estado das Comunidades. Carlos Pereira afirma que o PS-Madeira
não cumpriu os objectivos mínimos a que se tinha proposto nestas eleições
regionais e a avaliação da situação ocorrida exige tempo e envolvimento dos
órgãos dos partidos.
Na
linha do que referiu o seu colega e deputado Ascenso Simões - o que deixa no ar especulações sobre eventuais pressões externas... - Pereira acha decisiva essa
reflexão interna "para mobilizar o partido e juntar diferentes facções e
divisões que foram sendo acumuladas"!
"É
uma reflexão dos últimos quatro anos em que o PS-M teve dois presidentes: Paulo Cafofo e Sérgio Gonçalves. Uma avaliação das decisões políticas tomadas nesse
período, do projecto apresentado, das personalidades e de uma discussão genuína
sobre o que não correu bem para o eleitorado não ter validado a mensagem do
PS-Madeira. Não é uma coisa menor. É decisivo para mobilizar o partido e juntar
diferentes facções e divisões que foram sendo acumuladas", sublinha numa
das suas notas no Facebook. Deixando um aviso: "(...) o processo eleitoral
será conduzido sem condicionamentos e sobretudo com serenidade".
Subir
a parada?
Já
no dia da realização no Funchal da reunião da Comissão Regional, Carlos Pereira
subiu claramente a parada crítica, ao atirar-se a uma “seita” cujos membros não
foram identificados mas que são facilmente identificáveis.
Escreve a jornalista Carla Sousa no Jornal da Madeira que, "foi em
modo de desabafo que o deputado socialista se dirigiu à sua página de Facebook
para criticar a estrutura ao nível regional do partido, que, no mesmo dia em
que o primeiro-ministro estava no debate quinzenal na Assembleia da República,
"e quase na mesma hora, e a meio da semana, a atual direção do PS-M
decidiu convocar a primeira Comissão Regional depois das eleições
regionais".
Reforçando que "um partido não é uma seita e não se deve reunir em
modo de seita para enterrar resultados que não cumprem os mínimos
prometidos", refere mesmo que "não é em modo de clique que se decide
o futuro da Madeira e muito menos se apressa atabalhoadamente o fim da
discussão sobre as soluções preconizadas e os erros do partido que deve ser
alternativa". E, acrescenta, "tudo isto sem decoro e sem vergonha,
num claro atropelo democrático, contrastando com as proclamações democráticas
que alguns propalam".
Carlos Pereira diz mesmo que "perante a incompleta capacidade do PSD
em responder aos problemas da Madeira, o PS-M responde fechando o debate,
fugindo à discussão interna e matando as divergências através de um calendário
cobarde e inaceitável". O deputado socialista reforça, no seu desabafo,
que "não estarei na Comissão Regional, mas que fique claro que fazer tudo
isto assim não é adequado, não é responsável e é perigosamente
tendencioso". Os dados estão lançados, resta saber se o desfecho
previsível desta história no PS-Madeira, longe de ser uma espécie de luta de
David contra Golias, serás o que todos antecipam... (LFM)
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