segunda-feira, outubro 09, 2023

Iniciativa Liberal: posição face ao PSD divide liberais

Se em maio o almoço entre Rui Rocha e Luís Montenegro animou as hostes liberais, o partido divide-se agora quanto à atitude face ao PSD após as eleições na Madeira. “Subjugação”, “excessiva colagem”, “ato de desespero” são algumas das críticas apontadas por conselheiros nacionais, que se vão reunir no próximo dia 15, em Coimbra, para analisar os resultados na Madeira e fazer um balanço da prestação de Rui Rocha.

Mais de 250 dias à frente da IL, o presidente será avaliado após o primeiro teste eleitoral na Madeira — onde o partido alcançou o objetivo mínimo: eleger um deputado. “Foi um resultado medíocre. A estratégia terá que ser delineada com as europeias à porta”, ouve o Expresso de um conselheiro nacional, que admite, porém, que o acordo alcançado na Madeira com o PAN causa mais “desconforto” ao PSD. As eleições na Madeira “tinham tudo para correr pelo melhor” e não foram como o esperado, com o partido a investir 60 mil euros na campanha e a falhar a meta de conquistar um grupo parlamentar, frisa, por sua vez, o conselheiro Rui Malheiro, que se mostra ainda mais preocupado face à relação com o PSD.

“Não é vista com bons olhos a subjugação ao PSD”, nota, acrescentando que Rocha deveria ter sido mais claro desde logo na noite eleitoral, quando disse que não seria pela IL que a Madeira não teria uma solução de estabilidade governativa para os próximos quatro anos. “Soou a ato de desespero. Garantiu-se total disponibilidade para entendimento e depois acabámos humilhados, preteridos por um pequeno partido de centro-esquerda”, ironiza. Para o crítico de Rocha houve uma “excessiva colagem” ao PSD, ainda que o presidente dos liberais tenha tentado corrigir isso um dia depois, durante a entrevista na CNN, apontando “falta de sintonia” entre o PSD a nível regional e nacional.

A gota de água foi, contudo, o elogio feito esta segunda-feira à proposta do PSD sobre a recuperação do tempo do serviço dos professores. “À partida, não pode ser considerada uma boa solução quando temos uma visão distinta para o sector”, vinca outro conselheiro.

Ao Expresso, fonte oficial do partido desvalorizou, no entanto, a declaração feita pelo líder, sublinhando que disse apenas não ter “nenhuma oposição de princípio” à proposta do PSD. E reafirmou que a IL tenciona apresentar uma Lei de Bases da Educação.

Entre os conselheiros há quem manifeste mais inquietação face à incapacidade de a IL disparar nas sondagens, apesar de a liderança de Montenegro “continuar por se afirmar”: “Se é assim agora, como será com Carlos Moedas ou Pedro Passos Coelho?”, questiona Rafael Corte-Real.

No dia 15 estará também em cima da mesa a polémica revisão estatutária que será aprovada na VIII Convenção da IL, agendada para o primeiro fim de semana de dezembro. Nessa altura será também discutido o novo programa político do partido, a cerca de seis meses das Europeias. “Já estamos focados nesse ato eleitoral. Cotrim, cabeça de lista, é o segredo mais mal guardado, a dúvida reside no número dois da lista”, atira um liberal. Mas o Expresso sabe que há dois nomes mais falados para o lugar: Ana Martins, vice-presidente da IL, e Mariana Leitão, chefe de gabinete no Parlamento e deputada municipal em Oeiras (Expresso, texto da jornalista Liliana Coelho)

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